sexta-feira, 29/03/2024
Banner animado
InícioGeralOpiniãoA matéria-prima do futebol

A matéria-prima do futebol

Banner animado

               A eliminação na Copa América pelo Paraguai pode ter salvo a Seleção Brasileira de um vexame maior, se considerarmos que o nosso algoz – Paraguai – foi batido por 6 x 0 pelos argentinos, nossos tradicionais rivais esportivos do continente. Depois do insucesso, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) prepara a montagem de um conselho com a participação dos ex-técnicos da Seleção, para buscar novos parâmetros. A idéia não é má, porém não deve ser a única inovação se o objetivo for, realmente, reerguer o futebol brasileiro ao merecido lugar de pentacampeão mundial.

            Desde que o futebol deixou de ser paixão e transformou-se em negócio, vemos a CBF e os atravessadores cada dia mais ricos – a ponto de alguns irem até parar na cadeia – enquanto o futebol regional e os clubes os então celeiros de craques, vivem na miséria absoluta, atropelados pelo mercado inflacionado das grandes transações que os poucos privilegiados trazem ao meio, e descapitalizados pela falta de estrutura e de interesse do público pelos campeonatos regionais. O dinheiro alto circula junto a meia-dúzia de agremiações e aos penduricalhos que se atrelaram ao futebol, e o esporte arte e paixão é algo cada dia mais perdido no passado. As agremiações vivem todas de chapéu na mão, pedindo ajuda e buscando a renegociação de impostos que devem mas não podem pagar. A chamada Seleção Brasileira é majoritariamente constituída por jogadores que atuam no exterior e, mais do que o Brasil, representam os interesses daqueles que negociaram seus passes.

            Os clubes – com raras exceções – tornaram-se empresas deficitárias exploradas por empresários que nelas investem e lucram. Passaram a ter donos. Em vez de simplemente buscar formas de arrumar a seleção, a CBF faria melhor se alavancasse os campeonatos estaduais e regionais e, através deles, os clubes espalhados por todo o país, dando-lhes condições para voltarem a ser o celeiro de craques de outrora. A crise de valores esportivos que hoje se vive no topo nada mais é do que reflexo do descaso com a base. Melhor seria que, além dos times e campeonatos regionais, também se encontrasse fórmulas de apoiar até os campeonatos varzeanos que, durante muito tempo, foram a porta de entrada para os times profissionais das cidades interioranas.

            Temos de compreender que a crise do futebol brasileiro não está necessariamente dentro do campo. O que falta é matéria-prima. Craques que possam surgir nos times locais ou regionais, nos grotões, e chegar ao topo, como um dia fizeram Pelé, Garrincha, Zito, Sócrates e outros Os bons dirigentes serão aqueles que um dia vierem a compatibilizar os interesses do futebol rico e inflacionado (padrão Fifa), sem se esquecer da base, sem a qual jamais voltaremos a ser competitivos e fortes. Em tempo: esses dirigentes não podem se esquecer de fazer sentarem à mesma mesa, não como adversários, mas como parceiros, as emissoras de TV, Rádio e as empresas patrocinadoras do esporte, conscientizando-os de que além do próprio lucro, também precisam garantir a sobrevida do esporte.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

ARTIGOS RELACIONADOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!
- Anúncio -
Banner animado

MAIS LIDAS

Comentários Recentes