terça-feira, 16/04/2024
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HISTÓRIA PRA BOI DORMIR: O celular

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Imagem ilustrativa / web

                    Semana passada; não me recordo o dia, mas foi a semana passada, isso eu sei, fui ao Shopping Iguatemi comprar um celular, meu primeiro celular. Depois de muitas tentativas e desistências cheguei a “meia ponto zero” sem ter essa bendita invenção dos infernos. 

                  Meu filho me ensinou a mexer, pelo menos tentou, porque velho pra aprender a fuçar nessas coisas é uma M…Você já reparou que o velho demora um ano pra tirar carteira de motorista, depois de um ano tira o carro da garagem mais um ano pra dar volta no quarteirão sozinho, quando consegue fazer a primeira ultrapassagem sofre um infarto e morre? Pois é, o celular é mais ou menos assim não entra na cabeça, pra que serve aquele botão e aquela luzinha? E o dedão cheio de calos que aperta de três a quatro teclas de uma vez, mas aprendi. Do meu jeito, mas aprendi.

Sexta feira, depois de um banho tomado, vesti meu bermudão florido, camiseta baby look, tênis Nike do camelô, boné de marca pra esconder a mixaria de cabelo que restou, correntona com crucifixo, como se eu fosse religioso, pulseira banhada e lá vou eu com meu Monza tubarão dar um role no shopping, no outro shopping.

Deixei meu carrão na avenida pra não pagar estacionamento e entrei balançando a chave cheio de panca como se fosse um tchutchuco rico, um paquitão {como costuma dizer meu filho Adriano}. Fui à praça de alimentação pedi um king potato e um suco de laranja  e fiquei ali mordiscando e bebericando, de vez em quando pegava o celular discava um numero qualquer e ficava falando com um amigo invisível, a conversa era mais ou menos assim, E ai cara, tudo joia? Eu to aqui no shopping tomando um suquinho sem compromisso pra passar o tempo, to de boa, Cerveja? Nem pensar, se eu tomar uma quero tomar todas e amanhã tenho uma reunião importante com uns gringos e eu não quero misturar inglês com francês e alemão.

Mas na verdade bêbado ou sóbrio só misturo o português, pois é só esse idioma que eu conheço.

O tempo passa e eu continuo ali com o mesmo suco, fone no ouvido curtindo Odair José, “zap zap” de mentirinha e de olho nas gatinhas.

E foi uma dessas metidinhas que passou bem pertinho de mim e cochichou pra outra.

Oh tiozâo tonto, será que não se enxerga? Me senti a própria Maísa, meu mundo caiu.

Sábado de manhã, estava eu no shopping, no primeiro, fui à loja e falei com o vendedor, quero trocar esse aparelho e ele perguntou: – quer um com melhor resolução, mais aplicativos?

 Não, quero trocar por uma panela de pressão. To doido pra fazer uma dobradinha.

valdirfachini53@gmail.com

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