Empresas do Norte do Estado estavam na lista
Servidora e filha pediam apoio em dinheiro para suposto projeto ambiental.
Elas usavam camisetas com nomes da PM e Bombeiros e brasão do estado.
Uma servidora pública de 56 anos e a filha dela, de 25 anos, foram presas na quarta-feira (4), em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, suspeitas de extorquirem empresas usando o nome de uma ONG de proteção ambiental, da PolÃcia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e do deputado estadual Pery Taborelli (V), segundo a PolÃcia Civil, que investiga o caso há uma semana. Ao G1, o deputado informou que não tinha conhecimento desses pedidos de patrocÃnio.
A defesa de Roberta Valéria Alves e a filha dela, LetÃcya Luchesy Vieira de Paula, informou que elas trabalhavam para uma ONG e que ocorreu um mal entendido. “Elas [empresas] acharam que ela era da Sema ou algum tipo de fiscal porque usam um uniforme com os nomes das pessoas que apoiam o projeto. Tem muitas empresas que degradam o meio ambiente e temem fiscalização. Eles pensaram que elas eram fiscais”, declarou ao G1 o advogado Jussianey Vieira.
As duas se passavam por servidoras da Sema e encaminhavam mensagens para as empresas pedindo patrocÃnio de R$ 1 mil para um suposto projeto de conscientização ambiental, de acordo com a polÃcia.
Elas foram autuadas em flagrante, nesta quinta-feira (5), pelos crimes de estelionato e formação de quadrilha depois de prestarem depoimento à polÃcia. Nesta quarta-feira, elas foram abordadas quando saÃam de um frigorÃfico em Várzea Grande, com um cheque de R$ 500 e um recibo de outra empresa no valor de R$ 300.
A polÃcia procurou a dona do frigorÃfico e ela informou que as mulheres se identificaram como funcionárias da Sema e que enviaram e-mail solicitando apoio usando o nome de uma ONG. No endereço da entidade, no bairro Nova Esperança 3, em Cuiabá, os policiais encontraram uma casa de alvenaria, com uma obra inacabada. O dono dessa entidade foi levado à delegacia, mas, segundo a polÃcia, ele também teria sido enganado pelas suspeitas e se disse surpreso com a notÃcia.
LetÃcya se dizia a coordenadora do projeto. O e-mail encaminhado para as empresas continha as seguintes informações: “Conforme nós falamos, estamos em uma campanha ambiental juntamente com a PolÃcia Ambiental trabalhando em um grande projeto de conscientização. Através de palestras nas câmaras municipais, escolas, iremos distribuir gratuitamente em todo o estado cartilhas educativas. O seu patrocÃnio irá somar para que seja possÃvel a impressão dessas cartilhas. Deputado estadual coronel Taborelli, Associação do Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros e PolÃcia Ambiental. Desde já, agradeço a sua atenção para nosso projeto. Contamos com o patrocÃnio de R$ 1.000,00â€.
No e-mail apareciam as logomarcas da PolÃcia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros e o brasão do Estado Mato Grosso, que, conforme a PolÃcia Civil, haviam sido retiradas da internet pela suspeita e “eram usadas para dar aparência de legalidade e reforçar as ações da ONG”.
A polÃcia informou que começou a apurar o crime após receber denúncia de que duas mulheres, em um carro preto, se apresentavam como servidores da Sema, usavam camisetas de uma ONG e usavam o nome de instituições públicas para tentar arrecadar dinheiro de empresas e de pessoas fÃsicas.
Com elas, foram encontradas uma espécie de cartilha piloto, contendo as logomarcas da ONG, das instituições do Corpo Bombeiros, da PolÃcia Militar Ambiental, e da Assembleia Legislativa deMato Grosso, seguida do nome do deputado estadual Taborelli.
Uma agenda também foi apreendida. Nas anotações, tinham nomes de empresas que elas teriam mantido contato, sendo que algumas delas de Jangada, Sinop, Lucas do Rio Verde, Sapezal e Campo Verde. A polÃcia informou ter encontrado em contato com três delas e todas confirmaram que tinham doado a quantia pedido pelas golpistas.
Segundo o delegado da Dema, Gianmarco Paccola Capoani, existe a suspeita de que mais de 20 empresas tenham caÃdo no golpe e fornecido dinheiro à s duas mulheres. Há um indÃcio ainda de que elas passaram cheque roubado para que uma empresa o trocasse usando o argumento de que o dinheiro seria usado para abastecer uma caminhonete da Sema.
O delegado informou que não irá arbitrar fiança e o flagrante será comunicado ao juiz da comarca de Várzea Grande. Se condenadas, a pena pode chegar a três anos de prisão