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          O acidente ocorrido em Mariana (MG) é mais uma prova do desleixo que impera em nosso paÃs. Barragens como aquelas que ali romperam jamais poderiam ter sido construÃdas em locais onde um sinistro pudesse fazer desaparecer zonas habitadas, provocar a morte de dezenas, talvez centenas, de pessoas e o desequilÃbrio ambiental em toda uma bacia hidrográfica,como a do Rio Doce. Para obras dessa natureza, é necessário o cuidado de tê-las longe das populações e não sobre suas cabeças, além de adotar medidas para evitar que os grandes cursos d’água possam ser maculados.
           Aos mortos e às populações prejudicadas, nada adiantarão as multas que os governos e órgãos ambientais possam aplicar às mineradoras responsáveis pelo acidente. Precisava tê-lo impedido de acontecer, através de medidas severas de implantação e acompanhamento do projeto. Se permitido o erguimento das barragens de rejeitos, jamais deveria se admitir a existência de populações instaladas abaixo do grande depósito, além de se fazer o seu efetivo controle. Agora, tudo o que se fizer, serão medidas paliativas e curativas. Lamentavelmente, muita coisa não há como se curar, como, por exemplo, a morte.
           Espera-se que, além de desenvolver um inquérito que busque e apresente à Justiça todos os que negligenciaram e ensejaram o acidente – empreendedores, licenciadores e operadores do sistema – é necessário encontrar garantias de que fatos como o ali ocorrido não voltem a acontecer. Há que se diligenciar sobre as licenças e as operações de todas as outras barragens que funcionam paÃs afora e verificar se elas também não apresentam riscos. E eliminar o perigo antes da tragédia.
           Os diferentes órgãos fiscalizadores e os governos devem à sociedade provas de ação e competência para evitar os acidentes que têm se tornado freqüentes em função da pouca observância à s leis e normas de segurança. Ainda não temos a certeza de que, mesmo passados dois anos do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS) o paÃs já tenha regularizado todos os seus prédios (inclusive os públicos) que funcionavam em desecordo com as normas de incêndio. Frequentemente vemos notÃcias de acidentes por mau uso de gás, reformas indevidas e outros problemas perfeitamente previsÃveis e sanáveis. Agora, a tragédia de Minas, que se estende também ao EspÃrito Santo e ao mar, chama a atenção para o perigo das barragens. Até quando teremos de viver sobre o fio da navalha?
       Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)Â