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MORTE DE FAZENDEIROS: Polícia Civil elucida mistério do desaparecimento de fazendeiros em Planalto da Serra

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Investigação complexa esclarece quatro assassinatos e revela caráter hediondo dos crimes

FAZENDEIROS PLANALTO DA SERRA
Assessoria | PJC-MT

              Uma investigação desenvolvida pela Diretoria de Inteligência da Polícia Judiciária Civil (PJC) com a Delegacia de Chapada dos Guimarães (67 km ao Centro-Sul de Cuiabá) foi concluída com o indiciamento de cinco pessoas envolvidas no desaparecimento e morte de dois fazendeiros, um vaqueiro e um advogado. O inquérito policial foi encaminhado ao Poder Judiciário de Mato Grosso, no dia 1º de agosto deste ano.

                  Pelos quatro homicídios, foram indiciados os executores Mário da Silva Neto e Thiago Augusto Falcão de Oliveira, que estão presos preventivamente. Além dos assassinatos, eles vão responder ainda por subtração de bens e veículos pertencentes às vítimas, ocultação e destruição de cadáver, falsificação de documentos e associação criminosa. Estes últimos crimes também foram atribuídos a Rodinei Nunes Frazão, de 48 anos, Evangelista Matias Sales e João Edgar da Gama.

Os suspeitos estão envolvidos na trama que levou ao assassinato dos fazendeiros Tirço Bueno Prado e o filho, Joneslei Bueno Prado, em 09 de maio de 2016. As vítimas eram moradoras de Apucarana (PR) e adquiriram uma propriedade rural no município de Planalto da Serra (256 km ao Sul da Capital), denominada Fazenda “Sapopema”, localizada na estrada que liga o município a Paranatinga (373 km ao Sul de Cuiabá). No local, pai e filho foram mortos depois de anunciarem a venda ou arrendamento da propriedade.

O terceiro assassinato é do vaqueiro Claudinei Pinto Maciel, de 29 anos, ocorrido no dia 13 de maio de 2016, quando ele foi à fazenda das vítimas Prado, para tentar achar uma vaca que tinha fugido da área vizinha da fazenda Sapopema. O vaqueiro foi surpreendido e morto por um dos homens que haviam tomando posse da fazenda.

A quarta vítima é o advogado Sílvio Ricardo Viana Moro, que foi morto no dia 18 de maio de 2016. O corpo foi localizado, decapitado, no dia 19 de julho de 2016, na Estrada do Lago do Manso, nas proximidades da comunidade Bom Jardim, em Chapada dos Guimarães. Ele foi assassinado por tomar conhecimento das mortes e não concordar com os planos dos criminosos em forjar o contrato de arrendamento da fazenda da família Prado.  

A investigação do desaparecimento dos fazendeiros teve início na Delegacia de Chapada dos Guimarães. Pai e filho residiam sozinhos no imóvel rural, localizado em uma região isolada, sem sinal para comunicação via telefone. A atividade econômica da propriedade era a pecuária e a renda obtida era devido à venda de gado.

Conforme o delegado, Diego Alex Martimiano da Silva, inicialmente, a escassez de informações para identificar testemunhas foi a maior dificuldade da investigação. ”O local é de difícil acesso, ermo e tivemos dificuldade grande para identificar testemunhas desse crime extremamente complexo. Os corpos foram encontrados carbonizados e nossa maior dificuldade foi no tocante à identificação desses corpos e localização de testemunhas que pudessem ajudar na elucidação desse crime grave”, disse.

O delegado acrescentou que o crime ocorreu em duas etapas. No primeiro momento, a organização criminosa objetivou grilar a fazenda de valor elevado, simulando o contrato de compra ou arrendamento. Mas os criminosos acabaram por assassinar os proprietários que estavam na terra. “As vítimas moravam num local isolado e os criminosos dificilmente acharam que seriam descobertos”, concluiu Diego.

Em meados de 2015, as vítimas, diante das dificuldades, decidiram que iriam vender a fazenda ou mesmo arrendar a propriedade. Elas anunciaram a venda ou arrendamento do imóvel rural, ocasião em que conheceram o estelionatário Rodinei Nunes Frazão e o advogado Sílvio Ricardo Viana Moro, ambos residentes em Campo Verde (131 km ao Sul de Cuiabá).

Os dois agiam como “corretores informais” e se colocaram à disposição de pai e filho para oferecer a propriedade e auxiliar no processo de regularização da documentação da fazenda, que ainda não estava escriturada, pois havia apenas a “posse”.

Em 2016, Rodinei e Sílvio passaram a realizar negócios de corretagem e se tornaram amigos de Mário da Silva Neto, natural de Nobres e residente na cidade de Rondonópolis. Mário Neto é considerado uma pessoa de alta periculosidade, suspeito da prática de vários homicídios nas regiões de Nobres e Rondonópolis. Ele também é envolvido em “grilagem” de terras.

Grilar a fazenda da família Prado foi plano elaborado pelo estelionatário Rodinei e Mário Neto. Eles iriam propor o arrendamento da propriedade e quando estivessem na posse da área, não mais efetuariam o pagamento.

Morte dos fazendeiros

Assim, no dia 09 de maio de 2016, Rodinei levou Mário Neto até a fazenda Sapopema e o apresentou ao fazendeiro Tirço Prado como interessado na propriedade. Neto começou a discutir com o senhor Prado e o filho Pradinho (Joneslei) os termos da proposta de arrendamento.

Em meio à discussão, o fazendeiro Tirço Prado deixou claro que não sairia da propriedade, que arrendaria a área, mas continuaria residindo no local. Isso não foi aceito por Neto que, diante da insistência do fazendeiro, e, de forma inesperada, sacou um revólver calibre 38 e efetuou dois disparos, atingindo Tirço Prado e Joneslei Prado, na cabeça.

Após os homicídios, Neto determinou que os corpos fossem destruídos. Os dois, Neto e Rodinei, de posse de combustível, acenderam uma grande fogueira, deixando os corpos queimando no local. Em seguida, subtraíram a caminhonete Hilux branca das vítimas.

Na manhã seguinte, os dois suspeitos retornaram ao local do crime para realizar a “limpeza” dos restos mortais. Também estavam presentes neste dia Thiago Augusto Falcão, comparsa de Mário Neto, morador de Nobres, também suspeito de vários homicídios.

Os três, Mário Neto, Rodinei e Thiago, juntaram os ossos e os poucos restos mortais que resultaram da fogueira, colocaram em um saco e jogaram no Rio Mata Grande, nas proximidades da fazenda.

Com a eliminação dos donos da Fazenda Sapopema, os três criminosos tomaram posse da propriedade e todo o patrimônio ali existente, entre eles 70 cabeças de gado e o maquinário agrícola. Eles forjaram um contrato de arrendamento, como se o fazendeiro Tirço Prado realmente tivesse arrendado a propriedade a eles. Nesse processo, o advogado Sílvio Ricardo Viana Moro foi chamado pelos criminosos para que, diante de alguma necessidade, os representassem.

Morte do Vaqueiro

No dia 13 de maio de 2016, Thiago Falcão, comparsa de Neto, foi até a fazenda para dar início ao recolhimento do gado. Por volta das 16h30, foi surpreendido pelo vaqueiro, Claudinei Pinto Maciel, de 29 anos.

O vaqueiro era morador de um sítio vizinho e havia ido à fazenda na tentativa de encontrar uma vaca que estava perdida. Ele não sabia das mortes ocorridas na propriedade. A investigação apontou que o homicídio se deu porque estava no “lugar errado, na hora errada”.

Ao se deparar com o vaqueiro que, certamente, descobriria a ausência dos donos da fazenda Sapopema, Thiago sacou uma arma de fogo e efetuou um disparo contra o vaqueiro. A vítima caiu em frente à cerca de acesso à sede da Fazenda. Seguindo o mesmo método utilizado na eliminação dos corpos das vítimas anteriores, Thiago fez uma grande fogueira e o corpo do vaqueiro foi carbonizado.

Na madrugada seguinte, 14 de maio de 2016, os restos mortais de Claudinei foram encontrados pelos familiares, residentes nas proximidades. A carbonização foi quase completa e a identificação definitiva do corpo somente foi possível por meio de exame de DNA, a partir de material fornecido pelos familiares.

Morte do advogado

Ao tomar conhecimento das mortes ocorridas na fazenda e do plano dos autores, o advogado Silvio Ricardo Viana Moro não concordou e advertiu que tudo acabaria sendo descoberto pela Polícia.

Pelo fato de não confiarem mais no advogado, Mário Neto e Thiago, em 18 de maio de 2016, convidaram Sílvio para irem de Campo Verde até a região de Bom Jardim, em Nobres. Na Estrada do Manso, próximo a Bom Jardim, assassinaram o advogado. O corpo foi deixado no mato e foi encontrado dois meses depois, no dia 19 de julho de 2016. A vítima foi decapitada para dificultar a identificação.

Crime complexo

O delegado Luiz Henrique de Oliveira, coordenador de Inteligência da Polícia Civil, destacou a complexidade da investigação e os esforços de todos, polícia e perícia, nos esclarecimentos dos crimes, em resposta a angústia das famílias.

“Apesar de toda complexidade dessa investigação, foi possível estabelecer com segurança a materialidade dos crimes investigados, possibilitando trazer à tona a verdade dos fatos, fornecendo aos familiares dessas quatro vítimas uma resposta segura sobre a ocorrência dos crimes, todos hediondos, e sua autoria”, afirmou.

Além da Diretoria de Inteligência e da Delegacia de Chapada dos Guimarães, participaram do trabalho operacional as Delegacias de Nobres, Campo Verde e a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis.

A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) teve papel relevante na confirmação da identidade das vítimas e de provas que levaram à responsabilização dos autores e envolvidos.

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