O mês de setembro foi eleito mundialmente para falar a respeito de um tema delicado, porém necessário: o suicÃdio. Segundo os últimos dados do Perfil Epidemiológico das Tentativas e Óbitos por SuicÃdio, publicado pelo Ministério da Saúde em 2017, houve um aumento de tentativas de tirar a própria vida de 209,5% entre as mulheres e de 194,7% nos homens, entre 2011 e 2016. Entre 2011 e 2015, foram registrados 55.649 óbitos por suicÃdio no Brasil.
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Os homens têm um risco quatro vezes maior de tirar a própria vida que as mulheres, porém quando se fala em tentativas, a prevalência é maior no sexo feminino. Quanto ao perfil, 60% das pessoas que se suicidam são solteiras, viúvas ou divorciadas. Entre os casados ou em uma união estável, o Ãndice é de 30%.
Seria, portanto, o casamento um fator de proteção contra o suicÃdio?
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Segundo a psicóloga Denise Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal e famÃlia e cofundadora do Instituto do Casal, o casamento pode ser considerado um fator de proteção contra o suicÃdio. Entretanto, a ideação suicida, as tentativas e o suicÃdio são expressões de uma crise que se desenvolve de forma gradual e, muitas vezes, silenciosa.
“O suicÃdio é um fenômeno complexo e está relacionado a uma série de fatores, como os sociais, econômicos, culturais, biológicos e a história pessoal de cada indivÃduoâ€.
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“Em cerca de 80 a 90% dos casos, as tentativas e o suicÃdio estão ligados a transtornos psiquiátricos, como a depressão, o transtorno bipolar, entre outros. O abuso de álcool e outras drogas também é um importante fator de risco. Porém, há outros acontecimentos, como a morte do cônjuge, o divórcio, o desemprego prolongado, problemas financeiros, violência doméstica, morte de um filho e morte dos pais, por exemplo, que podem aumentar o risco do suicÃdio dentro do contexto de um relacionamento afetivoâ€, comenta Denise.
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Você presta atenção no (a) seu (sua) parceiro (a)?Â
Para a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal e famÃlia e cofundadora do Instituto do Casal, o mais importante é conhecer os sinais de que o (a) parceiro (a) não está bem para intervir de forma precoce. “A conexão entre o casal é muito importante para perceber as emoções e os comportamento do outro. Atualmente, há uma escassez de tempo para a vida a dois, para o diálogo, para a intimidade. Com isso, fica mais difÃcil identificar possÃveis sinais de que nosso (a) parceiro (a) precisa de ajudaâ€, reflete Marina.
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Mas, quais são os sinais de que alguém não quer mais viver?Â
“É muito comum perceber sentimentos de desesperança, desespero, desamparo e depressão na pessoa com intenções de tirar a própria vida, conhecida como a regra dos 4 D. A desesperança é o vazio interior, a sensação de que não resta mais nada a se fazer, de que não vale à pena viver. A pessoa pode expressar a desesperança de algumas maneiras, como ‘não vejo saÃda para esse problema’, ‘essa dor nunca vai passar’’, cita Denise.
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“O desespero, normalmente, é um sinal de repressão profunda dos sentimentos de raiva, frustação, mágoa, etc. Em resumo, é a sensação de ter chegado no fundo do poço e não conseguir pensar em uma saÃdaâ€, diz Marina.
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“Já o desamparo é sentido pela pessoa como uma profunda solidão que o torna incapaz de enfrentar as situações, de reagir. O isolamento social é a forma mais comum de perceber o desamparo. Aquele (a) parceiro (a) que antes gostava de estar junto, sair, conversar, prefere ficar mais sozinho (a) e isolado (a)â€. Algumas frases tÃpicas de desamparo são ‘ninguém vai sentir a minha falta’ ou ainda ‘você ficará melhor sem mim’, acrescenta Denise.
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Os sentimentos de depressão são mais tÃpicos, mais caracterÃsticos e mais conhecidos, por serem mais falados. Porém, aqui vai um alerta das especialistas: nem todas as pessoas expressam a depressão da mesma maneira. “Os sinais da depressão podem variar muito de pessoa para pessoa. Embora a tristeza, o choro e a apatia sejam mais comuns, há também aqueles que podem ficar mais irritados, mais agressivos, com mais ou menos sono, com mais ou menos fomeâ€, comentam as psicólogas.
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Como ajudar?
“Quando temos um relacionamento afetivo, nosso (a) parceiro (a) é a pessoa mais próxima de nós. Nos relacionamentos mais longos, principalmente, esse vÃnculo é ainda mais forte. Assim, dentro dessa dinâmica conjugal, é preciso estar atento à s mudanças de comportamento, principalmente quando há algum fator de risco envolvidoâ€, ressalta Denise.
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De acordo com Marina, em 90% dos casos, o suicÃdio pode ser prevenido. “A maioria das pessoas que tira a própria vida havia comunicado, de alguma maneira, suas intenções para pessoas próximas. Portanto, toda ameaça de suicÃdio precisa ser levada em consideraçãoâ€.Â
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“O casamento envolve a escuta ativa, a solidariedade e a compreensão sobre os sentimentos do outro. Embora o suicÃdio e as tentativas de tirar a própria sejam menos prevalentes entre os casados, pode acontecer. Portanto, é preciso estar atento e preparado para reconhecer os sinaisâ€, dizem as terapeutas.
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O ideal é procurar ajuda profissional de um psiquiatra e de um psicólogo. Caso a situação seja emergencial, jamais deixe a pessoa sozinha. Chame o SAMU e certifique-se de deixar o ambiente seguro, retirando objetos cortantes, armas de fogo, remédios e fechando janelas até que o socorro chegue. Â
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“Quando ocorre o suicÃdio, o mais importante para quem fica é compreender que fez o melhor possÃvel. Não adianta se culpar ou se punir. Infelizmente, é necessário entender que se o cônjuge tomou essa atitude é porque não tinha recursos internos para lidar com a situação, para perdoar, para seguir em frenteâ€, finalizam Denise e Marina.
Clara Sangiorgio
Assessoria de Imprensa