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OPERAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL PRENDE 33 AGRICULTORES, SERVIDORES DO INCRA E POLÍTICOS

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Líderes da quadrilha expulsavam famílias de terras da reforma agrária.
Entre os presos estão dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller.

Pollyana AraújoDo G1 MT

Operação Terra Prometida, Polícia Federal. (Foto: Reprodução/ TVCA)
Polícia Federal cumpre 52 mandados de prisão em MT
(Foto: Reprodução/ TVCA)

                                Um total de 33 mandados de prisão preventiva foram cumpridos pela Polícia Federal em Mato Grosso durante a operação ‘Terra Prometida’, deflagrada nesta quinta-feira (27). Entre os presos estão políticos, empresários, produtores rurais, entre eles dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, sindicalistas, advogados e servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. O balanço de prisões foi repassado pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (28). A PF havia informado anteriormente que tinha cumprido 40 mandados de prisão, mas depois corrigiu o número para 33 presos.

                      Em Cuiabá, 24 pessoas foram levadas à prisão, entre elas um servidor do Incra. Já em Sinop, a 503 km da capital, oito mandados de prisão foram cumpridos, enquanto em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, apenas o ex-prefeito da cidade, Marino Franz, foi detido.

                      Ao todo, a Justiça Federal de Diamantino, a 209 km da capital, mandou prender 52 suspeitos de participar da organização criminosa que tinha      como líderes produtores rurais e empresários que ameaçavam beneficiados para que deixassem terras da reforma agrária, pertencentes à União, para a ocupação ilegal dessas áreas, localizadas nos municípios de Itanhangá e Tapurah, a 447 e 414 km de Cuiabá, com a ajuda de servidores do Incra e de políticos.

                    Os mandados estão sendo cumpridos em Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde.

                    As investigações do Ministério Público Federal (MPF) começaram em 2009 após uma reportagem veiculada no Jornal Nacional, em setembro daquele ano. À época, foi descoberto o esquema de compra e venda de lotes em dois assentamentos, sendo um em Tapurah e Itanhangá, bem como de ameaças a posseiros, invasão de terras da União e de crimes ambientais.

No ano seguinte, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o caso. Inicialmente, havia indícios de que produtores rurais, um vereador de Itanhangá, empresários e um advogado estivessem feito uma negociação de lotes. Além disso, uma quadrilha teria ido até o local para ameaçar de morte e expulsar agricultores que tinham recebido lotes do Incra no assentamento localizado em Itanhangá.

                     Durante as investigações, mais de 70 pessoas, entre elas vítimas, suspeitos e servidores públicos, foram ouvidas, como consta no inquérito. Foi constatado que somente 10% dos lotes do assentamento estariam em mãos de pessoas com perfil de beneficiários da reforma agrária. Mas, pelo contrário, se tornaram grandes fazendas usadas para o cultivo de soja e milho por fazendeiros que teriam comprado as terras após a expulsão dos antigos beneficiários.

                     Essa organização criminosa era composta por quatro categorias de pessoas, sendo: ocupantes ilegais de lotes destinados à reforma agrária, membros de sindicatos rurais, servidores do Incra e outros colaboradores, que atuavam nos crimes de pistolagem e em defesa dos investigados na Câmara de Vereados daqueles municípios ou na prefeitura.

                   Um dos dois vereadores de Itanhangá presos na operação tinha relações estreitas com o Incra. Nas investigações apurou-se que tinha influência nas decisões do sindicato rural durante as gestões de duas pessoas que também tiveram a prisão decretada pela Justiça.

                   Outro político preso foi o vice-prefeito de Itanhangá, Rui Schenkel. Uma das pessoas ouvidas durante o inquérito informou que ele fazia cota e arrecadava grandes quantias para ‘comprar’ servidores do Incra  para tentar regularizar lotes do assentamento daquele município. Rui prestou depoimento e negou a prática de crimes. Alegou que somente dois filhos dele tinham lotes no assentamento.

                             Porém, foi levantada a suspeita de que outros lotes pertencessem ao vice-prefeito, o que motivou o pedido de prisão dele. “Sua prisão cautelar justifica-se para a conveniência da instrução criminal, a fim de evitar que o investigado, valendo-se de sua grande influência política – haja vista ser ele vice-prefeito de Itanhangá – e econômica, sobretudo sobre servidores
do Incra e membros do sindicato, prejudique a instrução criminal destruindo ou extinguindo provas ou intimidando testemunhas”, diz trecho do inquérito.

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