sábado, 20/04/2024
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Praga de gafanhotos aliada a seca podem prolongar fome em Moçambique

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 Produções agrícolas são escassas e colheitas foram destruídas

Fotos: ANTÓNIO SILVA/LUSA

      Uma praga da lagarta invasora está a destruir as já definhadas culturas agrícolas, devido à seca, e desesperam centenas de camponeses no povoado de Chissua 2, no distrito de Cahora Bassa, centro de Moçambique, antevendo um “prolongamento da fome”.

“Há fome”, disse à Lusa Hinácia Lungulane, moradora de Chissua 2, resumindo a ausência de colheita nas últimas duas épocas agrícolas e antevê “um prolongamento dos sacrifícios da fome”, devido a ameaça da praga de gafanhotos, que destrói espigas que resistiram ao sol.

“Nesta época (2016/2017) iniciamos bem e choveu no tempo certo da sementeira, mas começamos a ter falta de chuvas no início de fevereiro, no tempo crucial para as culturas, e a situação tem piorado com a praga de gafanhotos” contou à Lusa Alzira Albano, outra moradora de Chissua 2, que na companhia de outros vizinhos revê que “a fome vai continuar”.

Nesta aldeia tão pobre de 722 habitantes, com casas precárias e culturas agrícolas devastadas, resultante de uma seca que mata aos poucos, como em todo o distrito de Cahora-Bassa e a zona sul da província de Tete, a fome mudou os hábitos da população, que só faz uma refeição por dia.

“Geralmente, as pessoas fazem uma refeição por dia, para poupar a pouca comida que compram dos comerciantes” sublinhou Rogério Jimo, um representante local do governo, acrescentando que um apoio social está a ser providenciado a 40 idosos e outros grupos vulneráveis.

Segundo Rogério Jimo, as refeições únicas são geralmente intercaladas por pepino e melancias, cuja produção este ano também é “muito escassa”, contrariamente à fartura registada nas épocas passadas, o que serviu de base de sustento a milhares de pessoas da região.

Várias mulheres de aldeia estão a colher folhas de abóbora, feijões e quiabo tradicional nas quintas e para secagem, antes da devoração e destruição total pelas lagartas, para um aprovisionamento para os momentos difíceis.

“Nós secamos e depois guardamos em sacos, para fazer caril ou ensopados quando já não tivermos nada para comer” disse Alzira Albano, enquanto espalha ervas verdes num saco de ráfia estendido sobre um intenso sol.

A seca e a fome a sul de Tete contrasta com a abundância da produção no norte da província, o que tem gerado oportunidade de negócio a pequenos comerciantes, que abastecem de cereais e hortícolas as aldeias atingidas pela fome.

Vários camponeses têm procurado trocar as quintas por trabalhos de rendimentos no garimpo ou produção de carvão vegetal, mas as iniciativas têm-se mostrado insuficientes para travar a fome sem precedentes que afeta centenas de aldeias na região.

“O dinheiro que nós usamos para comprar esse milho com que fazemos uma refeição por dia vem do garimpo e produção de carvão, mas mesmo assim não conseguimos combater a fome, porque já vamos frágeis no trabalho por falta de alimentação” disse Tito Zuze, que foi reduzindo cada vez mais a esperança de ver recuperada a produção para esta época, sem inseticida para a praga e chuva para a restauração da cultura.

Dados do governo provincial de Tete indicam que os distritos mais afetados pela estiagem são os que se localizam no sul da província, nomeadamente, Changara, Cahora Bassa, Marara e Mágoè.

A estiagem também se faz sentir com gravidade na zona sul dos distritos de Moatize e Chiúta. O distrito de Dôa, no Este de Tete, está a sofrer também os efeitos da falta de chuvas. Nestas regiões, reporta-se que são 108 mil famílias camponesas que perderam as suas culturas.

Tete é a província mais quente de Moçambique e a seca que afeta nove distritos só tem contribuído nas perdas consideráveis da produção, tornando a província com mais bolsas de fome no país.

Do Dn-pt

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