Secretaria do Meio Ambiente de Salto precisou usar retroescavadeira no local.
Afluente deve ter mais três toneladas, diz secretário; denúncia será feita ao MP.
                Com a ajuda de uma retroescavadeira, a equipe da Prefeitura de Salto (SP) retirou do córrego do Ajudante, que desagua no rio Tietê, aproximadamente 900 kg de peixes mortos neste sábado (29). Um morador da cidade registrou em vÃdeo a operação (veja acima). O córrego amanheceu coberto por peixes depois que o rio Tietê foi tomado por uma “água preta” na quinta-feira (27). Segundo a Secretaria de Meio Ambiente da cidade, responsável pela limpeza, a operação deve continuar no domingo (30).
                O secretário do Meio Ambiente, João de Conti Neto, calcula que ainda tenha mais três toneladas de peixes mortos no afluente. Segundo Conti Neto, para usar a retroescavadeira, foi feito um laudo para a Defesa Civil da cidade que também será encaminhado para a Cetesb, explicando a necessidade do uso, já que o local é área de preservação ambiental. O secretário comentou também que um relatório sobre o prejuÃzo ambiental em Salto será elaborado e entregue ao Ministério Público.
córrego (Foto: Arquivo Pessoal/Paulo Conti)
        O mau cheiro provocado pela mortandade dos peixes tem preocupado moradores de bairros próximos. O torneiro mecânico Paulo Conti, que mora perto do córrego, flagrou uma grande quantidade de urubus que juntou na região do córrego. “Por causa dos peixes mortos, muitos urubus estão sobrevoando o córrego. Eles pousaram em uma construção perto do córrego”.
O mestre de obras Ronaldo Brandão, que mora próximo ao córrego do Ajudante, está preocupado, pois o cheiro está muito forte no local. “Está insuportável. A gente está imaginando assim que o tempo limpar e o sol sair. Aà a gente não vai suportar o cheiro”, diz.
De acordo com a secretaria, funcionários da empresa responsável pela coleta de lixo da cidade precisaram usar máscaras durante o trabalho. A mortandade começou um dia depois do rio amanhecer com uma cor muito escura, que transformou a paisagem da cidade.
Tentando respirar
De acordo com o torneiro mecânico Paulo Conti, os peixes fugiram para o afluente para tentar sobreviver. Conti registrou na quinta-feira, em vÃdeo, centenas de peixes tentando respirar no córrego (veja o vÃdeo ao lado). “Eu flagrei eles agonizando, tentando respirar. É triste. É lamentável uma situação dessa na cidadeâ€.
Ainda segundo Conti, naquela região do rio Tietê existem várias espécies de peixes, como mandi, lambari, bagre e corimba. “O Corimba tem tamanho acima de 50 centÃmetros e deve pesar mais de um quilo cada”, comenta.
Tietê em Salto (Foto: Helena Lucila/Tem Você)
Ãgua preta, marrom e espuma
Internautas enviaram fotos e vÃdeos à redação do G1 na quinta-feira que mostravam uma “água preta” no trecho do rio Tietê, em Salto. Segundo a internauta Rafaela Paes, moradora da região, o susto foi grande. “A água estava parecendo piche, asfalto derretido. Muito feia a situação”, conta.
Segundo ambientalistas, o rio ficou com cor escura durante o dia e a tarde em um trecho de 100 km. No inÃcio da noite, uma espuma densa tomou conta de parte do rio que passa por Salto.
Já na manhã de sexta-feira, a cor da água era marrom. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente da cidade, sinal de que a qualidade da água havia melhorado.
neste sábado (Foto: Arquivo Pessoal/Paulo Conti)
Fenômeno natural
Por meio de nota, a Cetesb informou que técnicos vistoriaram diversos trechos do rio Tietê ao longo do dia e constataram que a alteração na coloração da água se deve a um fenômeno natural. A forte chuva dos últimos dias teria carregado resÃduos do solo de afluentes e do próprio leito do rio.
                  Ainda de acordo com a Companhia, esse é um fenômeno comum quando ocorre chuva intensa, principalmente após longos perÃodos de estiagem. A Cetesb informou ainda que, durante as últimas vistorias, já no perÃodo da tarde, a água estava menos turva.