quinta-feira, 28/03/2024
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Um a cada 3 jovens da rede pública de ensino abandonou a escola para trabalhar

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   Imagem divulgação

  jovem trabalho           

            Pesquisa/ inédita do MEC, OEI e Flacso revela que a maioria dos jovens que abandona a escola deixa de estudar para trabalhar. Mas os entrevistados revelam a importância do professor na decisão de continuar na escola e afirmam que violência, pobreza e corrupção são apontados como problemas mais graves do que a qualidade do ensino 

           (Rio de Janeiro) – Os jovens brasileiros que se mantém nas salas de aula da rede pública são trabalhadores – 40% dos que frequentam as classes de educação de jovens e adultos (EJA) cumprem jornadas de trabalho de 8 horas por dia. Esse percentual é de quase 20% entre os estudantes do ensino médio regular. Cerca de um em cada quatro alunos, tem que conciliar estudo e trabalho ou pelo menos “fazer um bico”. No caso dos alunos do Projovem Urbano e do EJA a razão é de três estudantes para cada quatro.

                    Para os entrevistados, os problemas mais graves do país são violência (20%), pobreza (16%) e corrupção (15,7%). Em quarto lugar, vem a qualidade da saúde (12,3%). Qualidade do ensino foi mencionada por apenas 5,6% dos estudantes. 
                 Esses são alguns resultados de uma pesquisa inédita feita pelo Ministério da Educação (MEC), Organização dos Estados Interamericanos (OEI) e Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Juventudes na escola – por que frequentam? revela o perfil do jovem brasileiro de 15 a 29 anos que está nas salas de aula da rede pública no ensino médio, nas classes de educação de jovens e adultos (EJA) ou no Projovem Urbano, o programa que traz de volta para à escola jovens moradores de cidade de menos de 200 mil habitantes em qualquer nível de ensino. A pesquisa foi coordenada por Miriam Abramovay, e teve como co-coordenadores Mary Garcia Castro e Julio Jacobo Waiselfizs.

          Nas classes de EJA, 74% dos estudantes já abandonaram a escola pelo menos uma vez. Desses, 49% saíram e voltaram a estudar mais de uma vez – o abandono escolar ocorre principalmente pela necessidade de se sustentar. Até mesmo no ensino médio regular, quase 30% dos alunos já pararam de estudar alguma vez para garantir o próprio sustento. Os percentuais entre estudantes do sexo feminino são mais baixos, mas ainda assim bastante significativos: uma em cada quatro alunas considerando-se as três categorias de ensino da pesquisa já deixaram de estudar para trabalhar. Sendo que no caso das jovens, gravidez e ter que trabalhar são mais mencionados como motivos para terem alguma vez deixado a escola.

                   Entre os entrevistados, 63,5% declaram-se pardos e pretos, e em 39% dos casos os pais são sem instrução ou tem apenas o fundamental incompleto – esse dado revela que a escola pública estaria possibilitando alguma mobilidade educacional entre gerações.

                 Uma boa notícia se refere ao papel do professor. Para a maioria dos alunos ouvidos na etapa qualitativa da pesquisa um bom professor é estímulo suficiente para que eles permaneçam estudando. Os profissionais que fazem a diferença são descritos pelos alunos como “ativos” – brincam, conversam, interagem, incentivam a aprender; dão boas aulas, passam trabalhos interessantes, respondem as dúvidas e sabem prender a atenção.

        Apesar de os alunos afirmarem que chegam à escola tão cansados que acabam deixando às salas de aula, chama a atenção o fato de 40% dos entrevistados afirmarem ter repetido de ano porque não se esforçam o suficiente. Ou seja: assumem individualmente a causa do fracasso escolar, eximindo o sistema de ensino de qualquer responsabilidade. Não por acaso, qualidade da educação foi mencionada como sendo um problema do país por um pequeno percentual de estudantes.

          A pesquisa revela ainda que os estudantes – ainda que 30% tenham alguma vez abandonado a escola em busca do sustento – reconhecem a importância da educação como vetor de mobilidade social. Afirmam querer terminar o ensino médio para “ter um emprego melhor” ou ir para a faculdade para ser “alguém na vida”. Para 64,5% dos entrevistados, o fato mais importante relativo ao futuro de todos eles é entrar na universidade.

               A escola ideal dos alunos – e que na maioria dos casos não corresponde à realidade – dispõe de laboratórios e aulas de informática, bibliotecas abertas para cursos noturnos, agua potável nos bebedouros, quadra de esportes e ventilação. Para se ter ideia da qualidade dos equipamentos, os estudantes reivindicam limpeza nas salas de aula e até mesmo papel higiênico.

                Mas, para os alunos, o que, de fato, faz uma escola são os professores – eles valorizam bastante a relação entre estudantes e mestres. Entre os entrevistados, 46% afirmam que os professores indicam que, no futuro, eles serão bons profissionais. No entanto, chama a atenção o fato de que 10% dos jovens considerem que seus professores pensem que eles não têm futuro. O mesmo percentual afirma que os professores não se interessam por seu futuro. 

Outros dados
• 85% dos entrevistados são contra o aborto.
• 85,3% são contra a legalização das drogas.
• 52,5% são contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
• 71,6% são favoráveis às cotas para negros e índios indígenas nas universidades públicas.
• 88,3% são favoráveis às cotas para egressos das escolas públicas nas universidades públicas.
• 70,6 são favoráveis à redução da maioridade penal para 16 anos.
• 67,6% são favoráveis à pena de morte em caso de crimes graves.
• 18,1% das alunas dos ensino médio, do EJA ou do Projovem Urbano já pararam de estudar por motivo de gravidez.

Metodologia

Os pesquisadores entrevistaram 8.283 alunos em dez cidades brasileiras. Foram feitos grupos focais para aprofundar alguns temas como a importância das relações interpessoais na escola, racismo e a conjuntura do país. 
Esses dados foram cruzados com a PNAD 2011, Censo Escolar 2011,Censo Demográfico de 2010 / IBGE, Atlas de Desenvolvimento Humano 2013 e Prova Brasil. 
A pesquisa foi realizada no Pará (Belém e Ananindeua), Bahia (Salvador e Feira de Santana), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Volta Redonda), Paraná (Curitiba e Ponta Grossa) e Mato Grosso (Cuiabá e Rondonópolis). As entrevistas foram feitas entre 2012 e 2013.
Foram ouvidos 5.745 estudantes do ensino médio, 1.986 estudantes do EJA e 552 do Projovem Urbano.

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