O principal alvo da investigação é advogado e ex-vereador da Câmara Municipal de Cuiabá João Emanuel Moreira Lima.
Luciene Oliveira e Leidiane Montfort | PJC-MTÂ
As vÃtimas eram ludibriadas, teve caso que sofreu um prejuÃzo de mais de 300 mil reais.
        A Diretoria Geral da PolÃcia Judiciária Civil realizou coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (26) para alertar sobre a importância de novas vÃtimas da empresa Soy Group procurarem a PolÃcia Civil, para que suspeitos sejam responsabilizados por crimes da organização criminosa.
        O esquema lucrou milhões em golpes descobertos na operação “Castelo de Areiaâ€, deflagrada nesta manhã pela PJC, em investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e o Núcleo de Inteligência da Delegacia Regional de Cuiabá.
         As fraudes era operadas por meio da empresa Soy Group, com sedes em Cuiabá e Várzea Grande. Entre os sete mandados de busca e apreensão, dois foram cumpridos nos endereços da empresa. Para a operação, a Vara do Crime Organizado de Cuiabá decretou também cinco mandados de prisão preventiva e uma condução coercitiva, sendo cumpridas nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Chapada dos Guimarães e dois em Goiás.
         O principal alvo da investigação, o advogado e ex-vereador da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel Moreira Lima, teve a ordem de prisão cumprida no Hospital Santa Rosa, na Capital, local que está internado em razão de um procedimento médico. Ele consta na investigação como vice-presidente da empresa. “Ele era um dos principais ‘cabeça’ dessa organização criminosaâ€, afirmou o delegado Luiz Henrique Damasceno, da Delegacia Regional de Cuiabá.
          Na operação foi preso o casal, Shirlei Aparecida Matsucka e Walter Dias Magalhães Junior. Os dois são moradores de uma suntuosa casa em Chapada dos Guimarães e tiveram os mandados cumpridos em ItaberaÃ, no Estado de Goiás. Também tiveram mandados cumpridos Marcelo de Melo Costa, Lazaro Roberto Moreira Lima (condução coercitiva) e Evandro José Goulart.
A investigação apura crimes de estelionatos praticados pela organização criminosa, que age em todo o Estado de Mato Grosso aplicando variadas formas de golpes, deixando prejuÃzos que ultrapassam R$ 50 milhões para quatro vÃtimas identificadas no inquérito policial e outras três que ainda não foram ouvidas. “Há vÃtimas que sequer são conhecidas da PolÃcia Civilâ€, afirma a delegada regional de Cuiabá, AnaÃde Barros.
O Esquema
Uma parte do esquema consistia na promessa de captação de recursos de bancos no exterior, a juros reduzidos, para quais as vÃtimas tinham que antecipar valores para pagamento dos empréstimos. “Para que essa vÃtima conseguisse o dinheiro tinham que fazer depósitos para garantir a abertura da conta, à s vezes até seguro para esse dinheiro sairâ€, disse o delegado do GCCO, Diogo Santana.
Em um dos golpes, uma vÃtima afirma que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para ludibriá-lo em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que juntas somam o valor de R$ 50 milhões. “João Emanuel teria até traduzido o idioma da China, fazendo uma verdadeira farsa. Intérprete sem entender muito do mandarimâ€, disse o delegado Luiz Henrique.
Algumas vÃtimas chegaram a viajar ao Chile, com tudo montado pelos estelionatários para transparecer segurança de um empréstimo seguro naquele paÃs. Para conseguir tal captação o grupo exigia a antecipação do dinheiro como garantia do empréstimo. Nesse caso, uma vÃtima sofreu um prejuÃzo de mais de 300 mil reais.
Imponência de Fachada
As investigações apontam que a empresa Soy Group, com aparência imponente, é sucessora da empresa ABC SHARE que foi vedada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de continuar a atuar no mercado imobiliário. Fato este, que motivou a criação da empresa Soy, com o único objetivo de continuar com a aplicação dos estelionatos.
“Hoje confirmamos que de fato é a Soy é uma empresa sucessora. Foram encontradas diversas pastas da ABC Share demonstrando que a Soy é a sucessora, sim. No interrogatório de um dos suspeitos presos, que está na empresa há um ano, confirmamos que nunca foi concretizado nenhum empréstimo. As vÃtimas eram ludibriadasâ€, explicou o delegado Luiz Henrique Damasceno.
De acordo com o delegado titular do GCCO, Flávio Henrique Stringueta, o que chamou muito a atenção da investigação foi à forma que os membros se organizaram para cometer os crimes.
“A estrutura que montaram para convencer as vÃtimas, para ludibriá-las a cair nessa tentação de golpes. Chegaram a alugar um prédio de cinco andares numa área nobre da cidade e lá apenas quatro salas estão sendo utilizadas, com apenas oito funcionários trabalhando ali. Para que o golpe fosse realmente concretizado pediam todo tipo de garantia. As pessoas realmente achavam que era uma coisa séria pelo tanto de documentos que eles apresentavamâ€, salientou.
VÃtimas pelo PaÃs
As investigações apontam que as vÃtimas da organização são pessoas com poder aquisitivo elevado. São produtores rurais, empreiteiros e empresários, espalhados em todo o Estado. Com as buscas da operação, a PolÃcia Civil já identificou atuação do grupo criminoso nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Somente em um contrato apreendido na operação, chamou atenção a soma vultosa de R$ 1 bilhão. A efetivação do montante ainda será apurada.
“São vÃtimas que realmente têm um poder aquisitivo grande, mas que necessitavam de mais investimentos, como agricultores que querem aumentar a propriedade e empresários que querem construir um novo empreendimento, com juros mais baixos que o nosso, eles realmente ficavam tentadosâ€, disse o delegado Flávio Stringueta.
“Terão muitas coisas ainda com análise dos documentos. Temos outras pessoas para serem identificadasâ€, finalizou o Diogo Santana.
Os altos valores referentes aos prejuÃzos das vÃtimas ainda serão estimados no decorrer da investigação.
Os Crimes
Para a delegada Regional de Cuiabá, AnaÃde Barros, a atuação conjunta das unidades da PolÃcia Judiciária Civil reforça o combate à criminalidade, fortalecendo as investigações contra as organizações criminosas.
Os investigados, por ora, responderão por crimes de estelionato, na forma reiterada e organização criminosa, podendo ser indiciados em outros crimes no final da investigação.
As investigações da PolÃcia Civil iniciaram com denúncias recebidas pela Delegacia Regional de Cuiabá e na Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), unidade que preside o inquérito policial.
Todo o trabalho de apuração foi conduzido pelos delegados Diogo Santana Souza e Luiz Henrique Damasceno, com a participação dos investigadores do GCCO e dos analistas do Núcleo de Inteligência da Regional de Cuiabá.
Segundo os delegados houve antecipação da operação, para que novas vÃtimas não caÃssem no esquema da organização.