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19 são presos por estelionato em operação contra golpe do falso intermediário

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O esquema começou a ser investigado em julho de 2022, após denúncia anônima sobre um imóvel no CPA 3 usado para aplicar golpes digitais.

kamila Arruda

Uma operação da Polícia Civil, deflagrada na manhã desta terça-feira (18) em Cuiabá, prendeu membros de uma organização criminosa especializada em fraudes eletrônicas, lavagem de dinheiro e associação com facções criminosas. A quadrilha é responsável por aplicar o golpe do “falso intermediário” e causou um prejuízo superior a R$ 2 milhões a mais de 3.400 vítimas.

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Mais de 3.400 Vítimas: Polícia Civil prende quadrilha de golpistas que causou prejuízo de mais de R$ 2 milhões. (Foto: PJC-MT)

Primeira Página

Intitulada Operação Tertius, a ação cumpre 155 mandados judiciais, incluindo 19 prisões preventivas, 55 mandados de busca e apreensão, e o bloqueio de 50 contas bancárias vinculadas aos criminosos.

O esquema fraudulento foi desmantelado após investigações realizadas pela Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, que começaram em julho de 2022, quando uma denúncia anônima apontou um imóvel no bairro CPA 3 como sendo utilizado para aplicar golpes digitais.

A partir da investigação, foi identificado que a quadrilha operava de forma altamente estruturada, com divisão clara de tarefas e um sofisticado processo de lavagem de dinheiro.

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O golpe: como funcionava a fraude

O golpe do falso intermediário, um dos mais comuns no mundo digital, era aplicado principalmente em plataformas de compra e venda como OLX e Facebook Marketplace. A quadrilha copiava anúncios legítimos de veículos, utilizando fotos reais e informações detalhadas dos carros. Eles então republicavam esses anúncios com preços ligeiramente abaixo do mercado, criando uma falsa sensação de oportunidade vantajosa para as vítimas.

Quando os potenciais compradores demonstravam interesse, os golpistas estabeleciam contato por meio do WhatsApp, se passando por intermediários entre as vítimas e os supostos vendedores. Com narrativas convincentes e técnicas de manipulação psicológica, os criminosos induziam um senso de urgência nas transações, forçando as vítimas a realizarem pagamentos rápidos.

As transferências eram feitas via PIX para contas de “laranjas” — pessoas que recebiam o dinheiro de forma ilícita e dificultavam o rastreamento das transações. Após o recebimento dos valores, os fraudadores interrompiam o contato e desapareciam, deixando a vítima sem o bem e sem os recursos financeiros.

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Desarticulação do esquema e continuidade dos crimes

Mesmo após a prisão de oito integrantes da quadrilha em julho de 2022, quando a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão no endereço usado como centro de operações, o grupo continuou atuando. As investigações indicaram que a quadrilha permaneceu ativa, realizando fraudes em 2025 e mantendo uma rede de movimentações financeiras atípicas.

Com a análise de dispositivos eletrônicos e dados financeiros, os investigadores identificaram uma rede de mais de 50 pessoas envolvidas diretamente nas fraudes, além de diversas empresas de fachada e contas de terceiros sendo utilizadas para ocultar o dinheiro ilícito.

As movimentações financeiras eram incompatíveis com a capacidade econômica declarada pelos envolvidos e indicavam, de forma clara, a prática de lavagem de dinheiro.

Os criminosos ainda mantinham fortes indícios de conexão com uma facção criminosa atuante no estado, o que ampliou a complexidade do caso. A persistência da quadrilha nas atividades criminosas, mesmo após a prisão de seus membros, revela a organização e a adaptação dos criminosos para continuar seus golpes, o que motivou a nova fase da operação.

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O impacto do golpe e a magnitude do esquema

Durante o período de atuação da quadrilha, foram identificados mais de 370 anúncios fraudulentos, atingindo um total de 3.445 contas de vítimas. O prejuízo total ultrapassou R$ 2 milhões, afetando pessoas em todo o Brasil, que foram induzidas a acreditar em negócios vantajosos e acabaram sendo enganadas por uma rede criminosa estruturada.

A Polícia Civil segue com a investigação, que agora se concentra na análise de movimentações financeiras e na identificação de outros envolvidos. A continuidade do trabalho de desarticulação da quadrilha e o aprofundamento das investigações buscam garantir que a rede criminosa seja totalmente desmantelada, evitando que mais pessoas sejam prejudicadas por esse tipo de golpe.