
Eles estão há 16 anos em rua entre a Catedral e o Palácio da Instrução.
Secretário informou que notificação foi feita a pedido do MPE e do estado.

          Com 16 anos de existência, uma tradicional feira localizada em uma rua lateral à Catedral BasÃlica Bom Jesus de Cuiabá, no Centro da capital, deve acabar. Os mais de 50 feirantes que vendem comida e artesanato no local, conhecido como ‘Beco da Matriz’, foram notificados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente a deixar o local.
         Segundo o secretário de Trabalho e Desenvolvimento Econômico do municÃpio, Domingos Sávio, o Ministério Público Estadual (MPE) já havia pedido a retirada dos feirantes no inÃcio deste ano e, posteriormente, houve outra solicitação por parte da Secretaria Estadual de Cultura. “O MPE já havia solicitado a retirada deles, mas como eles continuam em situação irregular recebemos outro pedido da Cultura, já que [a feira] encontra-se entre dois patrimônios históricos”, disse, se referindo à Catedral e ao Palácio da Instrução.
        Em março deste ano, os feirantes foram notificados a deixarem o local pelo juiz Marcos Faleiros da Silva, da Vara Especializada de Meio Ambiente. “Independente da Cultura e da determinação judicial, ali é um local que perdeu a finalidade. A maioria das pessoas que estão naquele local não vendem artesanato, mas comida”, afirmou.

      Uma alternativa sugerida pelo municÃpio aos feirantes é a transferência para a Praça Santos Dumont, na Avenida Getúlio Vargas, em frente à Igreja Mãe dos Homens. O local já é ocupado por outros ambulantes. A data de retirada, conforme o secretário, ainda não foi definida, mas deve ocorrer nos próximos dias.
       A Secretaria Estadual de Cultura, por sua vez, alega não ter feito o pedido à prefeitura. No entanto, a assessoria da pasta informou que o secretário da pasta, Leandro Carvalho, se reuniu nesta quarta-feira (09) com representantes da Associação Mato-grossense de Artesãos (AMA) para discutir a desocupação do ‘Beco da Matriz’ e que compete ao órgão zelar pelos patrimônios históricos do estado.
         A presidente da Associação Mato-grossense dos Artesãos, Devanir Dantas, disse que o local foi destinado aos feirantes na gestão do ex-prefeito Roberto França, entre 1997 a 2004, mas que o documento que comprovava a doação da área sumiu. “Esse lugar foi dado. Naquela época foi feita uma ata. Agora sumiram com elaâ€, disse.
      Para a advogada Janaina Campos, eles não deveriam desocupar o local. “Tem que deixar eles aqui. É um ponto cultural. Em São Paulo, Rio de Janeiro tem e na capital tem que tirar?â€, questionou.
       Katiuscia Rafaela, que vende misto quente há 11 anos no Centro Histórico, conta que está preocupada com a retirada dos artesãos. “Acho um absurdo. Somos trabalhadores e muitas famÃlias dependem dessa renda. Não sabemos o que pode acontecer, é preocupante. A gente não dorme direitoâ€, falou.
       Ela conta ainda que no começo de cada mês aumentam as vendas. Cerca de 600 pessoas por dia compra o misto quente de variados sabores. “Sustento meu filho com isso. Todos estão aqui porque precisamâ€, completou.
      Algumas tendas que cobrem o local foram retiradas. Paulo José que vende comida disse que, se precisar sair do Centro Histórico, ficará desempregado. “As pessoas já conhecem a gente. Vamos perder os clientes. A explicação que temos é que estamos ocupando um espaço públicoâ€, disse.
      Uma reunião está marcada para esta quinta-feira (9) com o juiz da Vara Especializa do Meio Ambiente, Marcos Faleiros da Silva, segundo a presidente da associação.







