MIKHAIL FAVALESSA E LÁZARO THOR
Ocupantes de fazenda denunciam policiais da Rotam por agressões e xingamentos
Policiais militares teriam xingado de “vabundos”, “petistas” e “lulistas”, entre outros termos, pessoas que foram conduzidas à delegacia durante uma ação contra suposta invasão de terras em Nossa Senhora do Livramento. Os quatro homens conduzidos registraram boletins de ocorrência por suposto abuso de autoridade contra os militares.
A situação aconteceu na Fazenda São Rafael do Buritizinho, na zona rural de Livramento, próximo à BR-070.
Segundo a PM, uma equipe da Força Tática foi acionada para um caso de “esbulho possessório” e “invasão de estabelecimento industrial comercial ou agrícola”. Os policiais foram até o local acompanhados do alegado dono da fazenda e do advogado dele.
As pessoas estavam em um barracão, onde a polícia os abordou e fez buscas. Não havia nada de ilícito, apenas ferramentas de trabalho como foice, facão e enxada. Segundo o registro dos policiais, as pessoas disseram que haviam sido contratadas por um outro advogado, que disse ser o dono da terra. O contato teria sido feito por telefone.
Abuso de autoridade
Os quatro homens, de 57, 46, 49 e 35 anos, levados à delegacia pela PM contam uma versão diferente da história. Nenhum deles possui passagens criminais e a polícia apreendeu três celulares, R$ 69,00 em espécie e diversos documentos com eles. Todos foram liberados em seguida pela Polícia Civil junto com suas ferramentas de trabalho.
Eles alegam abuso de autoridade na ação e afirmam que foram surpreendidos na fazenda por policiais “do grupo tático Rotam”, que chegaram ao local acompanhados por alguém que se diz dono da área.
Segundo eles, “os policiais foram muito agressivo e violento verbalmente (sic), humilhando a vítima, inibindo sua honra e dignidade”. Os militares teriam feito disparos de arma de fogo contra o barracão onde os homens guardavam parte de seus pertences. Um deles relata ter ouvido os policiais “argumentando ao indivíduo que se diz dono das terras, que tinham derrubado três pessoas no local os quais estavam caídos no local”.
Os homens afirmam que nunca foram procurados por ninguém antes da ação da PM. Um deles afirma ter sido “surpeendido pelos policiais da Rotam que chegaram com muita truculência, com xingamentos, humilhações, e uso de armas de fogo com disparos na direção das barracas e animais dos moradores da comunidade”.
Um dos homens afirma que os policiais “chegaram mandando todos ajoelharem e colocarem as mãos na cabeça, os chamando de vagabundos, petistas, lulistas grileiros, entre outros xingamentos”.
Nem os militares nem o suposto dono da fazenda mostraram documentação ou mandado que justificasse a operação, segundo os homens.