quinta-feira, 21/11/2024
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Universidade, autonomia e responsabilidade

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           Terminou a greve – de 114 dias – dos professores e funcionários da Universidade de São Paulo. Depois desses meses parados, as classes obtiveram reajuste de 5,20% e um bônus de 28% em seus salários. A instituição, que já aplicava 105% do seu orçamento para pagar salários, deverá ter a situação agravada. É uma distorção que precisa ser resolvida. Estudos revelam que nos últimos anos houve o inchaço de funcionários técnicos e a redução no quadro de professores. Cosias que têm de ser muito bem explicadas e resolvidas, pelo bem da própria universidade que, mais do que sua própria vida, tem importante função para com a sociedade brasileira, como centro de referência de todas as ciências e formador daqueles que administram os grandes empreendimentos públicos e privados do país.

            É inacreditável que os responsáveis pela administração de qualquer organização permitam gastos superiores aos recursos disponíveis no orçamento. Na iniciativa privada, o negócio já teria fechado e seus operadores estariam endividados e com sérios problemas. Deveria acontecer o mesmo quando se trata de instituição pública. Na USP e em qualquer universidade ninguém pode alegar ignorância aos princípios de fluxo de caixa ou orçamento, que levam à insolvência o negócio onde a torneira de saída seja maior que a de entrada. Isso tem se praticado ultimamente na administração pública onde os governantes – presidente da República, governadores e prefeitos – estão sujeitos à Lei de Responsabilidade Fiscal, não podendo extrapolar gastos com funcionalismo e nem deixar dívidas não consolidadas aos seus sucessores.

            Por mais que o funcionalismo da USP pressione ou faça greves, os administradores têm o dever de não gastar mais do que têm de arrecadação ou repasse governamental. A situação a que hoje foi lançada a nossa principal universidade é, com certeza, o resultado da negligência e da acomodação de muitas administrações, que deixaram o barco seguir ao sabor do vento. Se prefeituras, estatais e principalmente empresas privadas possuem parâmetros máximos de seus orçamentos para gasto com pessoal, custeio e serviços, é impossível que a universidade, como centro de saber e formador de administradores de alto nível e referências como ditadores de normas em todos os segmentos do mercado, também não possua esses limites. É preciso apurar quem negligenciou e responsabilizá-lo.

            A autonomia universitária é requisito importante para a vida das instituições de ensino. Mas tem de ser praticada ao lado da responsabilidade administrativa. Se não estiverem juntas, é o caos… 

 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) 

aspomilpm@terra.com.br         

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