Corpo de Eloáh Passos, de 5 anos, foi liberado no domingo (13), mas sepultamento ficou para esta segunda no Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador.
Por Betinho Casas Novas, TV Globo e g1 Rio
Eloáh Passos — Foto: Reprodução
O corpo da menina Eloáh Passos, de 5 anos, que morreu após ter sido baleada no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, será velado e sepultado nesta segunda (14), no Cemitério do Cacuia, também na Ilha.
O corpo da criança foi liberado do Instituto Médico-Legal (IML) na manhã deste domingo (13), mas trâmites burocráticos atrasaram a cerimônia, que ficou para esta segunda.
O velório da menina começa às 11h30, em uma capela do cemitério, e o enterro ocorre na sequência, às 13h30, no Cemitério do Cacuia.
A mãe da criança, Cláudia Souza, falou sobre a filha ao deixar o IML após a liberação do corpo da filha.
“Ela era muito feliz, né? Muito alegre, se dava com todo mundo, brincava com todo mundo. Infelizmente, mais uma vítima de uma bala, né?”, disse a mãe, muito abalada.
Reproduzir
Menina de 5 anos e adolescente de 17 anos morrem durante ação da PM na Ilha do Governador, no Rio
O caso
Segundo moradores do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, o tiro que atingiu Eloáh Passos, que estava em casa, partiu de policiais que tentavam reprimir um protesto na comunidade pela morte de Wendell Eduardo de Almeida, de 17 anos.
O adolescente passava de moto pela comunidade quando recebeu a ordem da polícia parar e não o fez. Nesse momento, teria sido atingido por tiros de PMs.
A Polícia Militar nega essa versão e afirma que o jovem atirou contra agentes, que reagiram. A PM diz ainda não saber como a Eloáh morreu.
Wendell Eduardo de Almeida foi sepultado no domingo (13).
Na tarde do sábado (12), a Polícia Militar informou que afastou o comandante do batalhão da Ilha “para dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos.”
Tiros são ouvidos durante ação da PM no Morro do Dendê
O que diz a PM
Nota da PM destaca:
- Uma equipe do 17º BPM (Ilha) “teve atenção voltada para dois homens em uma motocicleta, na Rua Paranapuã, na Ilha do Governador, onde o ocupante de carona [que seria Wendell] portava uma pistola”;
- “Após uma tentativa de abordagem, o indivíduo disparou contra a equipe, e houve revide”;
- “O suspeito foi ferido e socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Municipal Evandro Freire”, aonde chegou morto.
- “O homem que conduzia a motocicleta [não identificado] foi conduzido à 37ª DP a fim de prestar esclarecimentos”;
- “Posteriormente, um grupo de manifestantes ateou fogo a um ônibus na Rua Paranapuã, e o Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (Recom) foi acionado em apoio”;
- Depois, “o comando do 17º BPM foi informado sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê e que foi socorrida por familiares. A vítima teria sido atingida no interior de sua residência”;
- “Não havia operação policial no interior da comunidade”.
Ação da PM na Ilha do Governador que terminou com menina morta após ser atingida por bala dentro de casa — Foto: Reprodução/GloboNews
O que dizem os moradores
A TV Globo conversou com parentes das vítimas.
- O tio de Wendell afirmou, com base no que ouviu de pessoas que estavam perto, que o sobrinho levantou os braços e se rendeu — mesmo assim, foi baleado. Ele também disse que nunca teve notícias de que Wendell tivesse envolvimento no crime;
- Depois dessa morte, moradores de uma localidade do Dendê conhecida como Cova da Onça começaram uma manifestação, que segundo testemunhas, foi reprimida a tiros por policiais militares;
- Um desses tiros da PM atingiu, segundo a família, a menina Eloáh, que estava no quarto. Ela chegou sem vida ao hospital.
- Prima de Eloáh, Indiane Passos disse que a garota foi atingida no peito. “Estava em casa, brincando, pulando na cama, comendo doce do mesversário da irmã dela que foi ontem [sexta, 11];
- “Estava acontecendo uma manifestação porque eles mataram um menor”, disse Indiane, se referindo a Wendell. “Eles [PMs] mandaram tiro para dentro da comunidade.”
- Fábio Santana, avô de consideração da Eloáh, também afirmou que, na manifestação, a PM “chegou atirando para cima”. “Não havia confronto”, disse.
Ônibus pega fogo em protesto na Ilha do Governador — Foto: Reprodução