Por Renata Giraldi
O Prêmio Nobel da Paz deste ano foi para uma ativista iraniana de 51 anos que luta em defesa das mulheres e pelo fim da opressão e pelos direitos humanos no Irã. Ela está presa pela 13ª vez.
Narges Mohammadi é reconhecida internacionalmente, apesar de todo o esforço para que ela se cale. No momento, ela está detida no país, proibida de receber visitas e de se comunicar com pessoas fora da prisão.
Pela incansável luta, a iraniana foi condenada em cinco julgamentos e recebeu sentença de 31 anos de prisão e mais 154 chicotadas. Ela é uma guerreira que quer o fim da pena de morte no país, das chibatas e a garantir de liberdade de expressão.
Uma luta pessoal e coletiva
O Prêmio Nobel da Paz é concedido a Narges depois de a jovem Mahsa Amini, 22, detida pela Polícia da Moralidade no Teerã acusada de infringir o rígido código de vestimenta feminino ao deixar uma mecha do cabelo aparecer, entrou em coma e faleceu dias depois no hospital, ha um ano.
O Irã afirmou que a garota morreu devido a uma doença, mas sua família alega que houve espancamento.
Narges Mohammadi costuma dizer em entrevistas que luta pelas mulheres contra a discriminação e a opressão sistemáticas. Por isso se transformou em símbolo de resistência no Irã e no mundo muçulmano.
Segundo Narges, o que mais deseja é garantir o direito de viver uma vida plena e digna para as mulheres, sem perseguição, prisão, tortura e mortes.
Para a iraniana, a liberdade é o bem maior concedido a um cidadão e uma cidadã em qualquer lugar do Planeta.
História de luta
Na década de 1990, quando jovem estudante de física, Narges Mohammadi já se distinguia como defensora da igualdade e dos direitos das mulheres.
Depois de concluir seus estudos, trabalhou como engenheira e também como colunista em vários jornais reformistas.
Em 2003, ela se envolveu com o Centro de Defensores dos Direitos Humanos em Teerã, uma organização fundada pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi.
Em 2011, Narges foi presa, pela primeira vez, condenada à prisão pela luta ativista.
Dois anos mais tarde, após a sua libertação sob fiança, a Sra. Mohammadi entrou de cabeça na campanha contra o uso da pena de morte.
O Irã está há muito tempo entre os países que executam anualmente a maior proporção dos seus habitantes.
Onda de protestos
O Irã vive um momento de tensão por causa de uma onda de protestos que se estende desde 2022.
Com o slogan “Mulher – Vida – Liberdade”, centenas de milhares de iranianos, homens e mulheres, participaram em protestos pacíficos contra a brutalidade das autoridades e a opressão das mulheres.
O regime reprimiu duramente os protestos: mais de 500 manifestantes foram mortos, outros tantos foram feridos por balas de borracha disparadas pela polícia.
Pelo menos 20 mil pessoas foram detidas e mantidas sob custódia do regime.
O governo do Irã
O Irã é regido por um governo teocrático desde 1979. Os preceitos religiosos mais rigorosos predominam no país sobretudo na polícia de costumes e da moral.
Desde Janeiro de 2022, mais de 860 pessoas foram presas e punidas com a morte por manifestações políticas.
Narges faz campanha contra a pena de morte também.
Neste momento em que se encontra presa, proibida de receber chamadas e visitas, ela conseguiu contrabandear um artigo que o New York Times publicou no aniversário de um ano do assassinato de Mahsa Jina Amini.
No texto, a iraniana dizia: “Quanto mais de nós eles prendem, mais fortes nos tornamos”.
Da prisão, ela segue comandando os protestos.
Espalhe Notícia Boa!