Maceió está entrando em colapso. No último dia 29 a capital de Alagoas decretou situação de emergência após o solo em partes da cidade começar a ceder. A causa da tragédia apontada pelas autoridades é uma falha na mineração de sal-gema da Braskem que ocorre na região, mas o que exatamente é esse material?
O que você precisa saber?
- A prefeitura de Maceió, capital de Alagoas, decretou situação de emergência;
- Em função da possibilidade de desabamento de uma mina da Braskem;
- Cinco bairros da cidade foram esvaziados, inclusive com um hospital sendo desativado, nos últimos dias.
- A situação começou em 2018, mas se agravou nos últimos dias.
Ao contrário do sal marinho, que usamos na cozinha, o sal-gema é utilizado pela indústria química. O material é uma rocha sedimentar formada pela evaporação de antigas massas de água salgada. Os depósitos extraídos por meio da mineração têm várias aplicações. O produzido em Maceió é utilizado principalmente para a fabricação de plástico PVC.
Além disso, o composto também pode ser usado na cozinha, por exemplo o sal rosa do Himalaia, conhecido por sua coloração, é sal-gema. O material está presente ainda na soda cáustica, na indústria farmacêutica e na produção de papel.Sal-gema e a extração em Maceió
Em Maceió, a mineração começou em 1976, pela Salgema Indústrias Químicas que foi estatizada e privatizada novamente anos depois, antes de se fundir com outras companhias e se tornar a Braskem.
De acordo com as autoridades, a camada de sal pode estar a mais de mil metros de profundidade. Para que seja possível dissolver o sal-gema para extraí-lo como salmoura é preciso utilizar água vinda da superfície. Depois desse processo, o solo precisa ser preenchido ainda com uma outra solução para se manter estável.
Mas em Maceió as coisas não ocorreram como o esperado e houve um vazamento desse líquido, que deixou buracos na camada de sal e ocasionou rachaduras. Desde 2018 algumas partes da capital alagoana vem sendo esvaziadas, mas este ano a situação se agravou.
Cinco bairros da cidade foram esvaziados, inclusive com um hospital sendo desativado, nos últimos dias. Segundo especialistas, é possível que uma cratera do tamanho do estádio do Maracanã se abra no local. Para piorar, ela provavelmente seria inundada, formando um lago com profundidade de 8 a 10 metros. No total, mais de 14 mil imóveis precisaram ser desocupados na região, afetando cerca de 55 mil pessoas.
Após constatados os problemas, a Braskem iniciou um processo de fechamento e estabilização de 35 minas na região. No entanto, cinco tremores de terra foram registrados somente no mês de novembro deste ano, levando a Defesa Civil de Maceió a emitir um alerta para o risco de colapso em uma das minas.
Especialistas indicam que há uma grande probabilidade de desabamento, o que afetaria também duas minas vizinhas, formando uma cratera do tamanho do estádio do Maracanã. Além disso, a água da lagoa próxima ao local, terra e detritos seriam escoados para dentro deste enorme buraco, formando um verdadeiro lago com profundidade de 8 a 10 metros.
Segundo a Defesa Civil, esse fenômeno tornaria a água da lagoa salgada e toda a área de mangue na região seria impactada de forma trágica. O Serviço Geológico do Brasil enviou uma nova equipe a Maceió para avaliar o problema, que é monitorado também pela Defesa Civil Nacional.