quarta-feira, 04/12/2024
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Por que carros antigos consumiam tanto combustível?

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Carros antigos são sinônimo de alto consumo de combustível e a fama até é justificada por modelos que marcaram gerações

Por Renata Mendes Gonçalves, editado por Bruno Ignacio de Lima  

Bomba de posto de gasolina
Imagem: Leonidas Santana/Shutterstock

Ouvimos dizer que os carros antigos tinham um consumo alto de combustível, mas será que era tanto assim? Sim e não! E vamos explicar o porquê. Fato é que o consumo era maior em alguns casos e em outros nem tanto.

Primeiro, vamos analisar o combustível. Antigamente, os carros eram projetados para usar uma gasolina diferente da atual. A gasolina antiga não tinha altos percentuais de etanol e o elemento antidetonante era o chumbo.Play Video

Vamos tomar por base a gasolina usada nos anos 1970, que era azulada e também quando tivemos a primeira gasolina aditivada do Brasil. A gasolina aditivada tem detergentes, dispersantes e agentes anticorrosivos que limpam o motor. A gasolina daquela época até poderia ser usada em veículos atuais, mas poderia causar problemas como a carbonização de velas.

Portanto, isso não quer dizer que a gasolina é que interfere diretamente no consumo de combustível. A gasolina aditivada e a gasolina comum têm a mesma autonomia. Apenas era diferente e os carros eram desenvolvidos para o tipo da época.

Entre os carros antigos com maior consumo de combustível está o modelo Opala SS
Opala SS, um dos modelos famosos pelo alto consumo de combustível

Outros fatores podem ter influenciado no consumo de combustível dos carros antigos. As condições de rodagem, como as estradas e o trânsito, que eram diferentes, peças externas que não foram homologadas pelo fabricante, e modificações não autorizadas, como para-choques de impulsão, molduras de para-lamas, pneus de dimensões diferentes, bagageiros de teto, e até frisos, spoilers e calhas de chuva podem interferir no consumo.

A fama justificada dos ‘beberrões’

Os carros dos anos 70 e 80 tinham motores de baixa cilindrada, mas alguns modelos consumiam muita gasolina, como o Opala SS, uma versão esportiva do Opala. O motor de seis cilindros em linha de 4,1 litros do Opala SS consumia cerca de 4 km/l na cidade e 6 km/l na estrada. 

Outros carros antigos consumiam menos combustível, como o Volkswagen Brasília, que fazia em média 9,3 km/l. O Volkswagen Fusca 1.600 fazia 10 km/l, o Chevrolet Opala 4 cilindros fazia 9 km/l, a Chevrolet Caravan 4 cilindros fazia 8,2 km/l, o Ford Belina fazia 9,8 km/l, o Ford Corcel II fazia 10 km/l e o Dodge I 800 SE (hatch) fazia 8,3 km/l. 

Já o Civic CRX HF de 1989 era um modelo econômico, com um consumo médio de 17,4 km/l na cidade e 21,2 km/l nas estradas. 

Tamanho é documento?

Bomba de gasolina sobre consumo de combustível em carros antigos
Imagem Pixabay

No entanto, com exceção dos carrões com motores V8 ou com os tradicionais 6 cilindros, os carros antigos não se diferenciavam tanto assim dos atuais no consumo de combustível. 

O tamanho médio do tanque de combustível de um carro brasileiro é de 55 litros. E para essa média levamos em conta hatches, sedãs, SUVs compactos e médios, picapes, peruas e demais veículos tradicionais à venda no mercado. No entanto, há tanques menores, com pouco menos de 40 litros, e maiores, com pouco mais de 115 litros. 

Os carros mais antigos utilizavam motores de 4 cilindros, chamados de motores 1.0 de 4 cilindros. Hoje, a combustão é otimizada para entregar o máximo de potência com o mínimo de consumo.

Potência e consumo eram conceitos diferentes nos carros antigos

A potência bruta de um veículo é a capacidade do motor de executar uma tarefa num determinado tempo. É o resultado da relação entre o torque e a quantidade de rotações (ciclos dos cilindros). Desta forma, é medida a potência bruta do motor. As montadoras usam os resultados obtidos nestes testes nas fichas técnicas dos veículos.

Não havia a preocupação de associar potência com consumo nos carros antigos. Com o passar do tempo, questões como escassez de combustível e recursos naturais, alta de preços, danos ao meio ambiente, entre otras, mudam os conceitos. E as montadoras passaram a investir em alternativas para diminuir o consumo de combustível.

Nostalgia pré-crise energética

Bomba de combustível antiga

A preocupação com o consumo de combustível começou na década de 1970, quando as crises do petróleo expuseram a vulnerabilidade dos sistemas energéticos. Isso levou a um movimento mundial para desenvolver novas fontes de energia, incluindo o álcool combustível.

A criação da injeção eletrônica permitiu um melhor aproveitamento da energia contida no combustível, aumentando a eficiência do veículo e reduzindo o consumo de combustível. Esse mecanismo começou a ser desenvolvido em 1957 e o primeiro sistema de injeção eletrônica para automóveis foi lançado nos Estados Unidos em 1957. 

O primeiro sistema utilizado no Brasil foi o LE Jetronic, desenvolvido pela Bosch, em 1988. O primeiro veículo nacional a oferecer a injeção eletrônica foi o Volkswagen Gol GTi. 

Agora, esses carros clássicos são considerados verdadeiras relíquias e muitos colecionadores se dedicam a restaurá-los e mantê-los em bom estado. Mesmo com o alto consumo de combustível, continuam sendo admirados e cobiçados pelos amantes de carros antigos.

O aumento do preço da gasolina torna o colecionismo de carros antigos mais caro. Como os automóveis consomem mais combustível e exigem manutenção frequente, é um hobby caro.

Outros fatores que podem influenciar no consumo de combustível nos carros antigos ou novos incluem:

  • Filtros de óleo, combustível e ar vencidos, sujos ou entupidos
  • Filtro de combustível não substituído no tempo certo
  • Pneus descalibrados
  • Filtro de ar sujo ou com a especificação incorreta para o carro
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