Comunicado foi divulgado dias após os EUA identificarem rastros do vírus H5N1 em amostras do líquido feito; cientistas monitoram o caso.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Ignacio de Lima
Dias após os Estados Unidos identificarem fragmentos do vírus da gripe aviária em amostras de leite, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu divulgar um comunicado contraindicando o consumo do líquido fresco, ou cru.
É importante destacar que ainda não está claro se o vírus H5N1 pode ser transmitido pelo consumo do produto. A entidade, no entanto, adotou uma postura bastante conservadora, uma vez que essa é uma das formas conhecidas de transmissão de doenças.
Em vez de leite fresco, a OMS recomenda que as pessoas tomem o leite pasteurizado, ou seja, que passou por um processo industrial que o aqueceu a ponto de matar vírus e bactérias que podem fazer mal à saúde.
Como informamos aqui no Olhar Digital, na semana passada, o FDA, a agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA, encontrou fragmentos do H5N1 em 20% das amostras de leite testadas no país. Antes, no início deste ano, pesquisadores já haviam registrado, pela primeira vez, a gripe aviária em vacas leiteiras.
Até o momento, apenas um homem, que trabalha diretamente com gado no país, foi infectado pela doença. E ele se recuperou rapidamente. O temor dos cientistas é que a transmissão do vírus passe a ocorrer de humano para humano.
O risco de uma nova pandemia é real?
Ainda não dá para falar em nova pandemia. Como disse, o FDA e a OMS estão adotando uma postura muito conservadora, justamente para controlar o problema.
Os Estados Unidos estão conduzindo agora testes para ver se os fragmentos de vírus encontrados no leite vendido nas lojas podem representar algum perigo à saúde das pessoas. Resultados preliminares indicam que não há risco nenhum. Pelo menos em relação ao leite que compramos no mercado.
A maior preocupação existe entre aqueles que trabalham diretamente com o gado. A recomendação das autoridades é que essas pessoas utilizem equipamentos de proteção individual apropriados, redobrem os cuidados com a higiene pessoal e adotem todas medidas de biossegurança.
Como o próprio nome diz, essa gripe ocorria nas aves apenas. O vírus, no entanto, tem passado por mutações, a ponto de se adaptar a ambientes diferentes e a mamíferos.
Nos últimos meses, pinguins foram vítimas da doença na Antártica. No começo do ano, cientistas confirmaram a primeira morte de um urso polar pela doença. Pouco depois veio a notícia das vacas infectadas.
O alerta dos cientistas diz respeito a esse poder de adaptação, de mutação do vírus. Caso ele se adapte ao corpo humano e comece a ser transmitido entre pessoas, aí poderíamos enfrentar um surto. Mas não sabemos a dimensão dele (se ele pode virar uma pandemia) nem a letalidade.
Ou seja, não existe motivo para pânico. Pelo menos por enquanto.
Os casos registrados e os investigados
- Como já dissemos, as autoridades registraram apenas um caso em humano até agora e o paciente se recuperou bem.
- Só que existem outros sob suspeita.
- Até quarta-feira da semana passada, 23 pessoas passaram por testes para identificar o vírus, enquanto 44 pessoas estavam sendo monitoradas após exposição a ele, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
- No Brasil, o governo identificou 163 casos de H5N1, todos em aves.
- Foram 160 em animais silvestres e três em aves de subsistência, de acordo com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
As informações são do jornal O Globo.
Imagem ilustrativa destacada/reprodução rede social