Equipe de pesquisadores descobriu molécula que elimina proteína responsável pela fertilidade do esperma masculino
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Rodrigo Mozelli
Cientistas teriam avançado nos estudos por método anticoncepcional masculino não-hormonal, reversível e não-tóxico. Os especialistas conseguiram, com sucesso, eliminar proteína crucial na produção de espermatozoides férteis.
A neutralização da proteína em questão permitiria que homens tenham controle sobre o período que seu esperma é capaz de ser fértil. Algo semelhante ao que já existe hoje nos contraceptivos orais para as mulheres – mas sem outros efeitos secundários e sem problemas de fertilidade duradouros
Os cientistas já sabiam que uma mutação no gene da serina/treonina quinase 33 (STK33) resulta na esterilidade do homem, indica o New Atlas.
Então, pesquisadores do Baylor College of Medicine encontraram composto de pequena molécula que poderia eliminar temporariamente o STK33, causando também a esterilidade vista na mutação.
“Embora os pesquisadores tenham investigado diversas estratégias para desenvolver contraceptivos masculinos, ainda não temos pílula anticoncepcional para homens”, disse o autor correspondente da pesquisa, Dr. Martin Matzuk.
“Neste estudo, nos concentramos em nova abordagem – identificar pequena molécula que inibiria a STK33, proteína que é especificamente necessária para a fertilidade em homens e camundongos. O STK33 é, portanto, considerado alvo viável com preocupações mínimas de segurança para a contracepção em homens”, acrescentou.
Teste com ratos mostrou sucesso no método contraceptivo
- A equipe de pesquisa vasculhou vários compostos até localizar potenciais inibidores do STK33, que, então, modificaram para torná-los mais estáveis, direcionados e poderosos para testes em ratos;
- “Entre essas versões modificadas, o composto CDD-2807 revelou-se o mais eficaz”, disse uma das autoras do estudo, Dra. Angela Ku;
- O CDD-2807 foi capaz de cruzar a barreira sangue-testículo, indo direto para o STK33 e afetando o número e a motilidade dos espermatozoides, prejudicando efetivamente a fertilidade mesmo com dose baixa do medicamento.
“Ficamos satisfeitos em ver que os ratos não mostraram sinais de toxicidade do tratamento com CDD-2807, que o composto não se acumulou no cérebro e o tratamento não alterou o tamanho dos testículos”, disse a co-autora Courtney M. Sutton.
“Além disso, o efeito foi reversível após período sem o composto CDD-2807, os ratos recuperaram a motilidade e o número de espermatozoides e ficaram férteis novamente”, completou.
A equipe passará a testar mais o CDD-2807 e outros compostos candidatos em potencial. Até o momento, resta saber se esta molécula poderia ter o mesmo impacto no esperma humano. “Nosso objetivo é avaliar ainda mais este inibidor de STK33 e compostos semelhantes ao CDD-2807 em primatas para determinar sua eficácia como contraceptivos masculinos reversíveis”, disse Matzuk.