França investiu bilhões de euros no local, que foi alvo de críticas por parte de atletas, que disseram ter sido contaminados.
Por Bob Furuya, editado por Lucas Soares
Os Jogos Olímpicos de Paris terminaram, mas alguns temas devem persistir em nossas conversas por muito tempo. E olha que nem estou falando do brilho de Rebeca Andrade ou do sufoco que o suposto Dream Team do basquete americano passou para ganhar a medalha de ouro.
A Olimpíada deste ano também gerou muito assunto fora do mundo dos esportes. E um dos mais interessantes diz respeito ao Rio Sena, um dos mais famosos do mundo.
A França gastou cerca de 1,4 bilhão de euros (algo em torno de R$ 8,3 bilhões) para tentar deixar o Sena “habitável”. Nessa quantia estão medidas para despoluição do local, mas também obras em uma nova estrutura da rede de esgoto, que passou a evitar o rio.
Só que mesmo com todo esse investimento, o Sena virou alvo de críticas durante os Jogos. Como informamos aqui no Olhar Digital, treinos foram cancelados e atletas olímpicos passaram mal após entrar no local.
Diante disso, a pergunta que fica é a seguinte: será que podemos considerar o Sena um rio limpo?
Especialista brasileiro visitou o local recentemente
- Para o professor de Biologia e Ecologia César Pegoraro, a qualidade das águas melhorou, mas a França ainda tem um longo caminho a percorrer.
- Ele, que também é educador ambiental da ONG SOS Mata Atlântica, conversou com a Agência Brasil sobre o assunto.
- Pegoraro voltou recentemente de Paris e disse ter visto um rio visualmente limpo, com a presença até mesmo de peixes.
- Isso, porém, não significa que o Sena possui condições para banho ou consumo de água pelos seres humanos.
- Testes indicaram a existência de algumas bactérias no local.
- E, de acordo com o professor, é muito difícil falar em uma despoluição completa, uma vez que o Sena é um rio urbano e que passa no meio de uma das metrópoles mais movimentadas do mundo.
- O nome disso, segundo ele, é poluição difusa.
“Essa poluição é aquela poluiçãozinha que a gente não dá muita atenção para ela, mas ela é muito perigosa para a qualidade dos rios. Porque é aquele lixinho que acabou caindo na rua, a fuligem dos carros, o óleo dos veículos que caem, a própria fuligem atmosférica que vai se depositando nas ruas e, quando chove, tudo isso vai parar no rio”, disse o professor em entrevista à Agência Brasil.
- Isso quer dizer que não adianta tentar despoluir esses locais?
- A resposta, segundo o professor, é que adianta sim.
O Brasil deve aprender com a França
Para especialistas, despoluir um rio vai muito além do significado ecológico. Além de passar uma mensagem forte, a medida também pode render frutos econômicos e sociais.
Um dos casos mais icônicos do nosso país é o Rio Tietê, em São Paulo. Ele é maior do que o Sena em extensão (1.150 km x 777 km), e corta uma boa parte do estado paulista.
Diversas administrações já tentaram limpar o local, mas a coisa não parece sair do lugar. Basta que a cidade fique sem chuva por alguns dias que o cheiro do Tietê se torna insuportável.
De acordo com o professor César Pegoraro, para melhorar a situação do rio, nosso país deve seguir os passos da França. Isso passa por alto investimento, não só financeiro, mas também em saneamento básico e na educação.
“Porque não vai adiantar a gente investir dinheiro e tempo se a gente não mudar a consciência das pessoas”, concluiu.
As informações são da Agência Brasil.