O mercúrio dos termômetros pode contaminar a natureza e causar doenças no corpo humano; entenda os riscos da substância
Por Wagner Edwards, editado por Bruno Ignacio de Lima
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atualizou uma resolução publicada no ano de 2017, a qual proíbe o uso, comercialização, importação e fabricação de termômetros com interior composto por mercúrio.
Mas por que esse tipo de instrumento foi proibido e quais são os ricos a utilizá-lo? Confira a resposta para essas e outras perguntas a seguir.
Como funciona um termômetro de mercúrio?
O termômetro é um objeto amplamente utilizado na área da saúde e serve para medir a temperatura corporal de uma pessoa. Atualmente, há diferentes tipos de aparelhos, cada qual com uma tecnologia diferente; porém, um dos modelos clássicos é o termômetro de mercúrio.
Seu processo de funcionamento é bastante simples: o mercúrio líquido está preso em um recipiente cilíndrico de vidro e conforme é colocado na presença de uma fonte de calor — como o corpo de uma pessoa —, o metal dilata e sobe por uma coluna repleta de medições. Para aferir a temperatura do corpo, basta observar em qual número/medição o mercúrio parou.
Por que o termômetro de mercúrio foi proibido?
No ano de 2013, ocorreu no Japão a Convenção de Minamata, a qual reuniu vários países — dentre eles, o Brasil — para discutir sobre a importância de eliminar da sociedade qualquer instrumento que tivesse mercúrio líquido em seu interior, a fim de preservar o meio-ambiente e evitar possíveis acidentes.
Em 2017, a Anvisa publicou uma resolução que só passou a valer a partir de 1º de janeiro de 2019, a qual proibia os profissionais da saúde de usarem no serviço público os termômetros e esfigmomanômetros (aparelho que mede a pressão arterial) que tivessem mercúrio em seu interior. Já para os demais cidadãos, tornou-se proibido a comercialização, importação, e fabricação desses materiais.
Na última terça-feira, 24, a Anvisa atualizou essa resolução publicada em 2017 apenas para revisar o texto e manteve a decisão de proibir os dispositivos; a atualização pode ser consultada sob o número de identificação RDC 922/2024.
No entanto, não está proibida a utilização desses produtos voltados para pesquisa, calibração de demais instrumentos, ou como uso para padrões de referência. Os cidadãos que já tinham o produto em casa antes da publicação da resolução ainda podem utilizá-lo, desde que com cuidado, embora o recomendado seja realizar o descarte consciente e adquirir um termômetro digital.
Para fazer o descarte consciente desses produtos, você deve pesquisar na internet se há pontos de coleta em sua cidade. Esses pontos podem ficar em hospitais, clínicas, postos de saúde e farmácias. Jamais jogue um termômetro de mercúrio no lixo
Quais os perigos do termômetro de mercúrio?
Se o termômetro estiver intacto — sem rachaduras ou vazamentos —, pode ser utilizado normalmente e com segurança. Só há um problema caso o objeto de vidro se quebre e o metal líquido caia no chão, entre em contato com sua pele e demais mucosas.
Caso ele tenha caído no chão, utilize folhas de papel para pegar as bolinhas do mercúrio e as armazene em um pote de vidro hermético. Você também pode utilizar uma seringa sem agulha para aspirar o líquido.
No corpo humano, a exposição ao mercúrio — seja por toque, ingestão ou inalação — pode trazer muitos prejuízos à saúde, como danos ao cérebro, pulmão e rins. Já no meio ambiente, caso o termômetro tenha sido descartado de forma inadequada, pode contaminar o solo, alimentos, e a água.
Caso você tenha sido exposto ao mercúrio de alguma forma, é importante procurar ajuda médica no hospital mais próximo.