Produção é de baixa escala; pacote de 150 gramas do grão custa R$ 125
Com uma plumagem preta e porte médio, a ave jacuaçu, popularmente conhecida como jacu, nem sempre foi bem-vinda nas lavouras de café.
Isso porque ela se alimenta dos grãos maduros, atrapalhando o rendimento da colheita. No entanto, de ameaça, a ave tem se tornado uma aliada e responsável pela produção de um dos cafés mais caros do Brasil, o café do jacu.
No sítio Pico do Boné, no município de Araponga, em Minas Gerais, a presença do pássaro é constante e motivo de satisfação para a cafeicultora Kátia Belo Martins, pois sinaliza que já está na hora da colheita e também haverá uma boa quantidade de grãos do suave e exótico café do jacu.
Ela conta que a ave não era bem-vinda na propriedade, mas mudou de ideia após conhecer a importância do pássaro como dispersor de sementes, contribuindo para a regeneração florestal, e também sobre o alto valor dos grãos que são retirados das fezes dele.
“Aqui tem muito jacu e a gente viu que, ao invés de espantar e vê-lo como inimigo, decidimos transformá-lo em aliado”, relata.
Café do jacu
A colheita dos grãos do café do jacu é feita manualmente e de forma cuidadosa, afinal é preciso procurar no chão onde estão as fezes da ave. É dessas fezes, parecidas com o tradicional doce “pé de moleque”, que se retiram os valiosos grãos de café.
Assim, todas as tardes, Kátia conta com a ajuda da mãe, da irmã ou do namorado para recolher os excrementos da ave.