
Um esquema de venda irregular de veículos apreendidos em Sorriso foi descoberto neste sábado (25) durante a Operação Eidolon, deflagrada pela Polícia Civil. As investigações apontaram o envolvimento de servidores públicos, entre eles um guarda municipal, e falsificadores no desvio e revenda de 69 automóveis, entre carros e motocicletas, que movimentaram mais de R$ 1 milhão.
As fraudes aconteciam por meio da falsificação de documentos e procurações que simulavam liberações legais de veículos do pátio municipal.

Servidor fazia triagem de veículos “vulneráveis”
Além do guarda municipal, outras três pessoas, que não tiveram as identidades reveladas, foram presas. Conforme a Polícia Civil, o servidor envolvido selecionava automóveis com pouca chance de serem reclamados pelos donos, geralmente motos com pendências de documentação, e autorizava a retirada irregular mediante pagamento. Cada liberação rendia até R$ 1 mil.
Segundo o delegado de Sorriso, Bruno França, o guarda fazia uma triagem prévia para identificar veículos mais “vulneráveis”, ou seja, aqueles cujo proprietário dificilmente apareceria para regularizar a situação.
“Eram veículos com problemas documentais tão sérios que era improvável ou não valia a pena financeiramente para o dono tentar reaver. Eles davam sumiço nesses veículos, falsificavam a documentação e revendiam a terceiros de boa-fé”, disse o delegado.

Investigação começou após denúncia
Em um dos casos, um proprietário conseguiu reverter judicialmente o direito sobre o veículo e foi até o pátio buscá-lo, mas descobriu que o automóvel já não estava mais no local. Segundo o delegado, o episódio chamou a atenção da Secretaria Municipal de Segurança, que iniciou uma apuração junto à Polícia Civil e acabou revelando o esquema.
De acordo com o delegado, grande parte dos proprietários sequer percebeu o desaparecimento dos veículos. Ele ressalta que, em muitos casos, trata-se de automóveis que teriam sido abandonados nos pátios municipais.
O grupo também contava com falsificadores e cartórios que confeccionavam procurações em nome de terceiros, facilitando a revenda. Parte das transações era feita via Pix, e alguns veículos chegaram a ser adulterados antes de serem vendidos a compradores que acreditavam estar fazendo um negócio legítimo.
Em nota
A Prefeitura de Sorriso informou que colaborou com as investigações e afastou preventivamente o guarda municipal suspeito de envolvimento. Em nota, reforçou que não compactua com nenhum tipo de irregularidade e que segue atuando para garantir transparência e legalidade nas ações do município.







