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         Durante muitos anos, quando o governo não ia bem, a classe polÃtica temia a quebra institucional. Desde a República – que, para muitos, não passou de um golpe do Exército, sem qualquer participação popular, contra o imperador Pedro II – experimentamos muitos perÃodos excepcionais onde os militares, agindo politicamente, afastaram ou sustentaram governos. Hoje, mercê da democracia instalada a partir da virada dos anos 70-80 do século passado, temos os militares voltados à s suas obrigações de ofÃcio, o que não quer dizer que estejam alienados quanto ao ambiente polÃtico e social. Pelo contrário, eles têm de saber de tudo, mas não atuam politicamente, pois existem outros entes reguladores em pleno funcionamento. Uma série de fatores, entre eles o fim da guerra fria, os levou a se recolherem aos quartéis e até a serem comandados por um comunista explÃcito, como o recém-empossado ministro da Defesa, Aldo Rebelo, do PC do B, partido outrora combatido com o emprego da força.
         No tempo das forças armadas, digamos, polÃticas, dificilmente chegarÃamos ao nÃvel de crise que hoje acomete o Brasil. Um governo popular sem o apoio da população jamais sobreviveria. Da mesma forma, a prática da corrupção comprovada, seria motivo forte para a quebra institucional. Verdade que o Judiciário e o Ministério Público não possuÃam a força e a representatividade de hoje. O mundo andava mais devagar e não havia o risco dos atropelos da globalização e das informações “em tempo realâ€. Em 1964, para se ter uma idéia, os polÃticos em Brasilia se valiam do noticiário do rádio para tomar suas decisões, porque as comunicações eram precárias e demoradas.
         Hoje temos as forças armadas aquarteladas e equidistantes. O Ministério Público, o Judiciário e seus órgãos auxiliares, no entanto, são mais ativos e têm suas vistas voltadas para os malfeitos e, principalmente para o comportamento do Executivo e do Legislativo. Têm condições de dirimir entre o interesse público e o particular e agir, quando necessário. Numa análise superficial do momento, pode-se dizer que com o recolhimento das forças armadas, o guardião nacional é o Poder Judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal, garantidor da Constituição, em nome da qual pode e tem o dever de afastar, processar e julgar todos os que descumprem o texto constitucional. Trocou-se o poder da bioaneta (militar) pelo da espada da Justiça. As classes produtoras, mais do que impeachment, apreciação de vetos presidenciais e outras burocracias, preocupam-se com a demora das decisões e o casuÃsmo polÃtico, que potencializam a crise. Querem a mais rápida definição das regras do jogo para voltarem a trabalhar, produzir e tirar o paÃs da crise. Espera-se que tudo isso aconteça sem demora e sem a necessidade extrema da intervenção do Poder Judiciário nos outros Poderes
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)Â
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