Produtores de Mato Grosso reduziram a velocidade de plantio da safra 2014/15 de soja, iniciado com o fim do vazio sanitário, no dia 15 de setembro. A falta de chuvas no estado e a pouca umidade no solo desaceleraram as plantadeiras nas diferentes regiões produtoras. Até a sexta-feira (10), por exemplo, a área semeada chegava a 8,4% dos 8,8 milhões de hectares destinados à cultura na temporada, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

                     Em Sapezal, oeste do estado, produtores estão preocupados com a falta de chuva. O município registra um dos maiores percentuais de semeadura, sendo 18% dos 403,8 mil hectares de soja.

                    “Os produtores que plantam a safrinha, algodão e milho, por volta de fevereiro, iniciaram o plantio com as chuvas no fim de setembro. Alguns até no seco mesmo e chegando a 30% da área. Os pequenos e médios produtores estão aguardando um pouco mais para começar o plantio. Mas a falta de chuva tem preocupado todos nós”, afirma Claúdio José Scariote, presidente do Sindicato Rural.

               Edílson Piaia, produtor no município de Campo Novo do Parecis, reclama que não choveu quase nada e, por isso, ele não começou a plantar ainda. “Estou bem preocupado também de não dar tempo de plantar o algodão em janeiro”.

                     No sudeste do estado o tempo seco também não anima os produtores. Em Jaciara, desde a liberação para o cultivo, foram registrados cerca de 230 milímetros em precipitações no norte do município e os produtores aproveitaram o período para abrir os trabalhos no campo, como relata o engenheiro agrônomo Fábio Mattioni, assessor técnico em algumas propriedades da região.

             Na propriedade da agricultura Ondina Inez Botton, tia do engenheiro, foram 60% plantados de uma área total de 1,5 mil hectares. “No dia 24 de setembro iniciamos a semeadura e até germinou. Porém, precisa vir a chuva em cinco dias senão corremos o risco de ter que replantar. Nossa área é uma exceção em Jaciara, porque a maioria dos produtores ou não começou ou parou totalmente o plantio”, explica Fábio.

                      Na maior região produtora do estado, o médio norte, responsável por 3 milhões de hectares de soja, a semeadura atingiu 9,2% da área total, conforme a avaliação semanal do Imea. No município de Sorriso, que deve plantar 580,6 mil hectares, o avanço saiu de 9% na semana anterior para 11% nesta sexta-feira.

                   O produtor rural Ademir Gardin iniciou o plantio no dia 25 de setembro quando houve uma precipitação de 50 mm, porém a soja nasceu e não choveu mais. “As chuvas começavam em menor intensidade, vinham e estabilizavam até o fim de outubro, mas não é o que estamos observando. Agora temos que aguardar chover para ver o que vamos aproveitar da lavoura que está plantada, e em caso de replantio, ter que fazer toda a operação novamente”, lamenta Ademir.

             A preocupação dos produtores do estado não é apenas com a safra, mas também com a safrinha no início do ano que vem. “Quanto mais tarde for o plantio, mais corremos o risco de ter prejuízo no milho”, diz o produtor. Gardin também cultiva feijão na safrinha, porém, 50% da área são utilizadas para o milho.

                     Para a safra 2014/15 a produção de soja deve ser de 27,4 milhões de toneladas a 28,2 milhões de toneladas, dentro de uma produção de grãos no estado entre 49 milhões de toneladas a 50 milhões de toneladas, segundo dados do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 Esses números estimados pela Conab são para condições favoráveis de clima.Fonte: G1-MT