Folhapress
Mudanças eleitorais feitas pelo Congresso, e sancionadas por Dilma, criam ambiente de dúvidas e indefinições para a disputa
 O ano terá ainda o maior número de partidos polÃticos na disputa das urnas – atualmente, são 35 registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, as campanhas serão mais curtas – 45 dias, segundo a nova regra – e também tendem a ser mais modestas, pois a nova lei proÃbe o financiamento de candidatos por meio de doações de empresas.
 Além disso, há novas normas sobre propaganda polÃtica: as restrições de divulgação de nomes e números aumentaram e nem mesmo os tradicionais cavaletes serão permitidos.
 “A primeira grande pergunta que fazemos é como serão feitas as campanhas. Haverá um aumento da fiscalização do Ministério Público Eleitoral para evitar que aqueles que querem continuar a fazer campanhas milionárias possam utilizar eventualmente o caixa 2 e outras práticas ilÃcitasâ€, advertiu André de Carvalho Ramos, procurador regional eleitoral de São Paulo (leia entrevista abaixo).
 Depois de atuar nas eleições de 2010, 2012 e 2014, o procurador prevê dificuldades do ponto de vista jurÃdico nas eleições deste ano em razão da reforma nas leis, que praticamente obriga a Justiça Eleitoral a desconsiderar todas as decisões já tomadas por ela com base na antiga legislação. “Não vai ter mais jurisprudência nenhumaâ€, afirmou o procurador regional eleitoral de São Paulo.
 As pessoas fÃsicas vão poder contribuir, mas entre os dirigentes partidários prevalece o pessimismo em relação a essa modalidade em tempos de Operação Lava Jato. A força-tarefa que desmontou um esquema de corrupção entre grandes empresas e a Petrobrás aumentou a pressão popular para que o Supremo Tribunal Federal decidisse pela proibição de doações feitas por pessoas jurÃdicas.
 “As campanhas serão necessariamente modestas. Vai aumentar o peso do corpo a corpo. Com a nova regra, haverá um exercÃcio dos candidatos para pedir que o eleitor contribuaâ€, diz Alberto Cantalice, vice-presidente nacional do PT. “Haverá menos influência do poder econômico no voto popularâ€, completa Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.
 Retaguarda. No que se refere à polÃtica, o PT entrará no jogo sem a retaguarda de um governo federal forte pela primeira vez desde que chegou ao Palácio do Planalto, em 2002. E a perspectiva concreta é que seu número de prefeitos diminua em relação ao pleito anterior. “O partido nunca registrou diminuição de prefeitos de um pleito para o outro. Tudo indica que, em 2016, o PT sofrerá seu primeiro revésâ€, avalia Vitor Marchetti, professor de polÃticas públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC).
O sociólogo Rudá Ricci, autor do livro Lulismo – da Era dos Movimentos Sociais à Ascensão da Nova Classe Média Brasileira, também faz um prognóstico de ano difÃcil para o PT, mas pondera que isso não significa garantia de sucesso para o PSDB, principal partido de oposição ao governo Dilma Rousseff. “Não há mais um bloco em queda e outro em ascensão, como aconteceu com Collor, FHC, Lula e no fim da ditadura. O sistema partidário inteiro está contaminado. O mapa eleitoral ficará mais colorido em 2016â€, diz o sociólogo.
 A novela do impeachment, segundo dirigentes, é outro fator que torna o ano de 2016 imprevisÃvel. “Até lá, vamos ter a atual presidente, um governo de transição ou estaremos disputando novas eleições? Na hipótese do impeachment prosperar no Congresso, haveria um novo bloco natural de alianças nas cidades entre PSDB e PMDBâ€, afirmou o deputado Roberto Freire, presidente nacional do PPS.
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Já o senador José Agripino (RN), presidente nacional do DEM, relativiza a influência do cenário nacional nas eleições locais, especialmente nas cidades.