Rebelo de Sousa é eleito presidente em Portugal
Candidato conservador tem 52,15% dos votos com 95% das urnas apuradas.Â
Ex-lÃder social democrata é professor de Direito e comentarista de televisão.
           O conservador Marcelo Rebelo de Sousa, de 67 anos, foi eleito presidente de Portugal no primeiro turno, neste domingo (24), de acordo com resultados oficiais após a apuração de mais de 95% das urnas. “Eu serei a partir de agora o presidente de todos os portugueses e portuguesas”, disse Rebelo de Sousa em discurso de vitória.
Marisa Matias, a candidata do Bloco de Esquerda, próximo ao grego Syriza e ao espanhol Podemos, surpreendeu ao aparecer em terceiro, com 10% dos votos, à frente da ex-ministra socialista Maria de Belém Roseira (4,27%) e do candidato comunista Edgar Silva (3,87%).
No total, disputaram 10 candidatos, um número recorde para eleições presidenciais em Portugal.
Rebelo de Sousa, que tem grande popularidade além da esfera polÃtica graças a sua carreira de comentarista na televisão, realizou uma campanha personalista, sem cartazes, ou panfletos, privilegiando o contato direto com os eleitores.
Para o cientista polÃtico José Antonio Passos Palmeira, ele “é um candidato de consenso com um discurso moderado, que capta votos entre a direita e a esquerda”.
A abstenção recuou ligeiramente, chegando a 52,1%, um pouco abaixo do recorde de 53,48% registrado na última eleição à presidência, em 2011. Quase 9,7 milhões de portugueses eram esperados nas urnas neste domingo.
Papel de árbitro
Marcelo Rebelo de Sousa tem o apoio oficial dos dois partidos de direita, PSD e CDS, mas se distanciou de ambos, associados à s impopulares polÃticas de austeridade da legislatura anterior.
“Não serei o presidente de nenhum partido”, prometeu, declarando que deseja ser “um árbitro acima das confusões”.
Rebelo de Sousa é bastante diferente do atual presidente, AnÃbal Cavaco Silva, que, aos 76 anos, chega ao fim do segundo mandato consecutivo.
Ao contrário de Cavaco Silva, o “professor Marcelo” se mostra bastante conciliador com o governo de esquerda liderado por António Costa, seu ex-aluno na Faculdade de Direito de Lisboa.
Se for eleito, acredita o cientista polÃtico António Costa Pinto, “Marcelo não será um inimigo polÃtico do governo socialista”.
Funções honorárias
Em Portugal, embora o chefe de Estado não tenha poder Executivo, exercendo funções basicamente honorárias, ele dispõe de uma prerrogativa: a de dissolver o Parlamento. Esse é um instrumento importante em uma campanha de baixa mobilização popular.
Para analistas polÃticos consultados pela agência France Presse, Rebelo de Sousa teria intenção de fazer uso dessa ferramenta apenas no caso de uma ruptura na inédita aliança da esquerda. O arranjo surgiu depois das eleições legislativas de 4 de outubro passado. No pleito, a coalizão de direita venceu, mas não obteve maioria absoluta.
O futuro presidente prestará juramento em 9 de março. De acordo com a Constituição, ele poderá usar sua prerrogativa de dissolução do Parlamento somente a partir de abril, seis meses depois das eleições legislativas de outubro.
Cidade boicota eleição
Eleitores da pequena cidade de Muro, norte do paÃs, boicotaram a eleição presidencial deste domingo para exigir a conexão de sua localidade à rede ferroviária urbana da grande cidade vizinha do Porto.
“Os locais de votação permaneceram abertos das 8 à s 11 da manhã, o mÃnimo legal, mas nenhum eleitor compareceu para votar, toda a população é solidária ao movimento”, anunciou o prefeito Carlos Martins.
A empresa portuguesa de ferrovias deixou em 2002 de servir ao municÃpio, que tem quase 2 mil habitantes e fica 15 km ao norte da cidade do Porto, a segunda maior do paÃs.