Camila Molina | PJC-MT
        A luta contra violência doméstica em Barra do Garças, tem como grande aliada a investigadora da PolÃcia, Andrea Cristiane Guirra, lotada na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher do municÃpio.
A policial representa as 1.147 mulheres policiais da PJC, sendo 42 delegadas, 429 escrivães e 676 investigadoras, e merece destaque pela atuação em diferentes ações que dão apoio à s famÃlias vÃtimas da violência doméstica. Ela encara o tema como um desafio diário na sua profissão e nos projetos que trabalha.
Desde 2014, a investigadora integra a Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica Contra a Mulher, idealizada pelo Ministério Público, Defensoria Pública e Poder Judiciário, com o objetivo de reduzir os Ãndices de violência e implementação da polÃtica de proteção à s vÃtimas, promovendo a justiça e equidade social.
 No dia 2 de fevereiro de 2016, a investigadora Andrea foi eleita presidente da organização e assume a nova responsabilidade neste mês de março. Com quase nove anos de polÃcia, Andrea conta que ganhou novo ânimo na vida profissional, com os trabalhos que desenvolve na Delegacia da Mulher e na Rede de Enfrentamento.
Afinidade e engajamento
Sua história de amor com Rede teve inÃcio em 2013, quando a PolÃcia Judiciária Civil, assim como outras instituições, foi convidada a integrar a Rede de Enfrentamento a Violência Doméstica Contra Mulher, pelo perfil demonstrado no atendimento e orientação à s vÃtimas. Foi em uma capacitação sobre atendimento à s vÃtimas, oferecida para servidores das instituições participantes, que Andrea conheceu mais a fundo o trabalho da Rede. “Me apaixonei pela possibilidade de contribuir para a mudança de paradigmas sobre violência doméstica e decidi ingressar na organização como membroâ€, disse.
Com apoio do delegado da DEDM, Heródoto de Souza Fontenele e do delegado regional, Adilson Gonçalves Macedo, as primeiras ações realizadas pela investigadora aconteceram dentro da Delegacia da Mulher. Foi proposta uma mudança geral no atendimento e comportamento dos servidores. “A compreensão da violência doméstica é muito complexa e difÃcil de ser trabalhada com as vÃtimas. Hoje, todos os servidores têm essa visão de atendimento especial e diferenciadoâ€, explicou Andrea.
 Palestras e atividades em escolas, como forma de prevenção à violência doméstica, grupo reflexivo de homens, campanhas, além de atividades pontuais como a semana do Dia Internacional da Mulher, em que são intensificadas as atividades e discussões sobre o tema, são algumas das ações encabeçadas pela policial civil.
“Como dentro da Rede são poucos membros para quantidade de trabalho que tem que ser executado, decidi me envolver em todas as atividades desenvolvidas dentro do projetoâ€, destacou Andrea.
 O resultado de todas as ações é o aumento no registro de ocorrências, mostrando que as mulheres estão criando coragem para denunciar. “É um dado muito positivo, pois o que aumentou não foi o número de violência e sim o de mulheres que estão denunciando as agressões que sofrem dentro de casaâ€, observou a investigadora.
Grupos de trabalhos
O trabalho desenvolvido pela Rede de Enfrentamento não busca apenas o atendimento à s vÃtimas mulheres, mas também atuar com homens condenados da Justiça por violência contra a mulher. “Enxergamos o trabalho com os agressores um grande diferencial, uma vez que, em geral, somente as vÃtimas recebem atendimento. A reincidência nas agressões daqueles que participam do grupo de reflexão é de apenas 4%, mostrando o quanto é eficaz esse acompanhamentoâ€, explicou.
 A conscientização, conforme a investigadora, ainda é o maior desafio enfrentado na repressão à violência doméstica. “Vemos que muitas pessoas não enxergam a violência que sofrem ou cometem. Uma vez um homem me disse que chamar a namorada de ‘‘burra’’ não é violênciaâ€, contou.
Delegacia da Mulher
Em razão dos trabalhos desenvolvidos, Andrea e os colegas perceberam que a estrutura da Delegacia da Mulher de Barra do Garças não era adequada às necessidades de atendimento e continuidade às ações de enfrentamento a violência feminina.
 A partir daÃ, com parcerias, o prédio da antiga Delegacia Especializada de Roubos e Furtos começou a ser reformado para a abrigar a DEDM. Mas as obras foram paralisadas devido à falta de recursos até que a Rede de Enfrentamento assumiu os trabalhos e com apoio do Ministério Público, Prefeituras de Barra do Garças e de Pontal do Araguaia, além da doação dos móveis e computadores pela diretoria da PolÃcia Judiciária Civil, o prédio foi finalizado e será inaugurado no dia 11 de março deste ano.
A nova estrutura terá uma sala para atendimento psicossocial, feito por um psicólogo e uma assistente social, além de outra outro espaço preparado para o atendimento à criança e adolescente.