quinta-feira, 23/01/2025
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BRASIL: o grande recado das ruas

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                  O público recorde na avenida Paulista e imediações – 1,4 milhão de pessoas na hora de pico, segundo a Polícia Militar – é a grande afirmação de que o povo quer mudanças já. O visto em São Paulo é o coroamento do ocorrido nas outras capitais e cidades brasileiras, onde a população protestou pacificamente pelo afastamento de Dilma e do PT e pela apuração das denúncias que pesam contra Lula. Apesar da existência desses três objetos, o importante é verificar que a grande reivindicação do povo é mais do que isso: os brasileiros querem, de verdade, restaurar a moralidade administrativa e recolocar o país no rum o do desenvolvimento concreto e sustentável.

               O ocorrido nesse domingo 13 de março é a repetição de momentos críticos como a “Marcha com Deus Pela Liberdade”, de 1964, que resultou na queda do presidente João Goulart, e as concentrações das “Diretas Já”, de 1984, que apesar de não terem conseguido a aprovação da lei que restituía e eleição direta para presidente da República, deixou o caldo político suficiente para a eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral e o encerramento do ciclo de governos militares. Pelo seu tamanho e objetividade, as manifestações de agora também nos conduzem a um novo tempo, sem quebra institucional, porque o Judiciário vem cumprindo o seu papel.

               Ouvido o clamor das ruas, espera-se que, sem demora, os parlamentares se debrucem sobre sua tarefa de representar o povo e coloquem em andamento o processo de impeachment da presidente, já admitido formalmente pela presidência da Câmara. O Supremo Tribunal Federal esclarecerá até quinta-feira as dúvidas sobre o rito do processo. Feito isso, não há mais o que esperar. O Brasil tem pressa para decidir essa questão pois, sem ter claro quem governará, os investidores retardam seus planos de trabalho e a recessão aumenta. A decisão chega a ser mais importante do que o afastar ou não afastar a presidente. 

               As manifestações do domingo foram pacíficas. Pelo que se sabe, nos próximos dias, deverão ocorrer mobilizações pró-Dilma, Lula e PT. Espera-se que esses atos também transcorram pacificamente. Que seus participantes, a exemplo dos contrários, levem apenas sua mensagem, sem confrontos ou provocações.

               O ato de o povo manifestar a sua vontade – independente de qual seja ela – é o exercício da democracia direta. Nos remete ao exemplo da polis, cidade grega onde os cidadãos se reuniam na praça para discutir e resolver seus problemas. Os atuais representantes do povo não devem perder a oportunidade de bem utilizar o que o povo diz através das manifestações e, com isso, exercer uma boa representação. Chega de trocar votos por ministérios e benesses. Isso é antidemocracia…

 Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)  aspomilpm@terra.com.br

Imagem ilustrativa/web

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