
Opiniões se dividem em relação ao novo formato da competição que pretende corrigir falhas históricas

          O Fórum Estadual de Esporte e Lazer debateu vários temas relevantes para o crescimento do setor em Mato Grosso. Um desses temas foi a reestruturação dos Jogos Estudantis de Seleções Municipais – uma questão polêmica, mas que precisava ser colocada em discussão. O fórum ocorreu no último final de semana, no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá.
          As mudanças dos jogos foram apresentadas pelo coordenador de Esportes Educacionais da Secretaria de Estado de Educação de Esporte e Lazer (Seduc-MT), Manoel Fonseca. Ela falou para uma plateia de mais de 50 gestores municipais, da capital e do interior, que veio participar do evento.
          Manoel destacou que a atual estrutura do estudantil – pensada há 39 anos – foi importante para solidificar a competição. Mas que agora esse formato está defasado e precisa ser modernizado para que um dos eventos esportivos mais tradicionais de Mato Grosso não morra.
         E para justificar a mudança, a secretaria adjunta de Esporte e Lazer fez um estudo no ano passado que apontou que apenas 529 equipes, de um total de 1.410, participam efetivamente das etapas do estudantil durante todo o ano. Em linhas gerais significa dizer que há participação de apenas 37% das equipes. Â
Grande estadual
         Manoel acredita que uma maior adesão de municÃpios passa pelo fim das etapas regionais dos jogos. Desta forma, o novo formato será um grande estadual realizado com pelo menos seis divisões em cada modalidade (basquete, vôlei, futsal, handebol, futebol de campo e atletismo).
         As seis modalidades seriam disputadas uma por vez, separadas em municÃpios. Manoel deu o exemplo do municÃpio de ColÃder, que neste ano vai sediar o estadual de voleibol. “Nós iremos levar somente essa modalidade para lá. Serão sete dias respirando voleibol, entre jogos, debates e cursos de capacitação para técnicos e árbitros. E assim acontecerá com as demais modalidades e municÃpiosâ€, detalhou.
Manoel enfatizou que para melhorar é preciso pensar na capacitação dos envolvidos. “Os jogos param as 18h e começam as capacitações das modalidades que serão feitas pelas confederações de cada esporte. Também haverá dois tipos de cursos: para os técnicos em iniciação e para aqueles que já estejam com os conhecimentos mais avançadosâ€, explicou.Â
Apoio pedagógico
          Em relações à  criação das divisões, a proposta é nivelar a competição e premiar o maior número de equipes. Essa medida, conforme Manoel, irá corrigir falhas pedagógicas históricas que vem acontecendo na competição.
          Para exemplificar, o secretário adjunto de Esporte e Lazer, Pedro Luiz Sinohara, citou um caso de uma equipe que perdeu de 36 a 0 durante os jogos estudantis. “Isso foi só no primeiro tempo. Quando deu o intervalo, os jogadores do time goleado estavam muito abatidos e mal conseguiam levantar a cabeça para conversar com técnico. Precisamos entender que estamos lidando com crianças e não com profissionais. Então está faltando pedagogia nesses jogosâ€, argumentou Sinohara.Â
       O gestor acrescentou que a mudança é bem intencionada, para aumentar a adesão dos jogos, e que se não der certo não haverá problema nenhum em retornar ao formato antigo. “A mudança nos jogos realmente é um tema polêmico. Mas quero deixar claro que não estamos extinguindo a competição. Existe um grupo de pessoas que está estudando essa realidade e que detectou esses sérios problemasâ€.
       Manoel também disse que do jeito que estão os Jogos Escolares da Juventude estão deixando obsoleto os Jogos Estudantis, já que o estudantil é uma competição que depois do estadual não leva para lugar algum. Ao contrário do Escolar que têm as fase municipais, regionais estaduais e nacional.
      Mudando a estrutura do estudantil, Manoel acredita que os eventos irão trabalhar de modo interligado para crescerem juntos. “E o projeto Esporte na Escola irá alimentar essas duas competições. Então é um tripé que precisa estar em harmonia, se não a estrutura toda caiâ€, alertou o coordenador de Esportes Educacionais.
Opiniões se dividem
      Os gestores municipais de esportes que ouviram atentamente as explicações quanto à s mudanças dos jogos estão divididos.Â
       O professor Gilberto Liell, gerente de Esporte do municÃpio de Ãgua Boa, acha a mudança muito drástica para pouco tempo de discussão. Ele entende que a mudança irá prejudicar os municÃpios menores que não terão condições de viajar com tanta frequência. “Nesse novo formato os municÃpios vão precisar viajar mais, pois as modalidades estarão separada por municÃpios. Isso vai aumentar as distâncias para o municÃpios que não têm recursosâ€, avaliou.
         No entanto, Liell disse que a mudança é favorável para o seu municÃpio, que dispõe de recursos. “Para Ãgua Boa vai ser ótimo, pois iremos jogar mais. Mas eu estou olhando para minha região como um todo, que possui 17 municÃpios e em sua maioria sem poder aquisitivo. Eles não vão ter condições de participar dos jogos e aà é que vai morrer de vez a competiçãoâ€, reiterou.
        Já o secretário de Esporte e Lazer de Santa Carmem, Juscelino Fagnello, é favorável à  mudança. Ele pediu para que os demais colegas entendam o cenário que foi colocado sobre a realidade dos jogos.Â
       Ele ressaltou que a secretaria adjunta de Esporte e Lazer fez um estudo sobre a situação e detectou falhas importantes. “Contra fatos não há argumentos; a verdade é que apenas 37% das equipes do Estado participam dos jogos. Temos que melhorar esse Ãndice o quanto antes para que essa histórica competição não acabe. E acredito que nós iremos virar esse placar a partir das mudanças propostas pela secretáriaâ€, afirmou.
         Embora exista um equilÃbrio entre os favoráveis e contra a mudança, Fagnello disse que a maioria é contra o novo formato, mas que a diferença é muito mÃnima. “Eu torço para que os colegas reflitam o que foi repassado para nós e percebam que a melhor opção é transformar os jogos estudantisâ€, defendeu.Â







