Em sua primeira viagem internacional desde a apertada vitória nas eleições de outubro, a presidente Dilma Rousseff passará por um teste de personalidade na reunião dos lÃderes dos principais paÃses industrializados e emergentes do mundo, o G20, durante este fim de semana, em Brisbane (Austrália).
Além de chegar à Austrália num momento em que o Brasil lida com problemas internos significativos – em especial a desaceleração da economia -, Dilma terá que gerenciar expectativas ligadas tanto à pauta de discussões quanto a uma “saia justa” diplomática.
Enquanto o escândalo da Petrobras ainda repercute na mÃdia estrangeira, Dilma participará de uma reunião em que o combate à corrupção será um dos temas em destaque. Da presidente também se espera algum comentário sobre a crise provocada pela intervenção da Rússia na Ucrânia.
Analistas ouvidos pela BBC Brasil também acreditam que Brisbane dará à Dilma uma chance de sair da “sombra” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário internacional.
“Dilma precisa demonstrar firmeza. Ainda não a vimos fazer declarações sobre posições importantes que o Brasil precisa tomar em relação aos problemas globais. É natural que tenha havido um certo silêncio por força das distrações domésticas, mas se existe um momento apropriado para ela mostrar suas intenções é agora”, diz o cientista polÃtico canadense John Kirton, da Universidade de Toronto e diretor do G20 Research Group, rede de analistas especializados nas atividades do grupo.
Kirton acrescenta que não vê na presidente o mesmo comprometimento de Lula com o fórum global.
“Lula deixou uma marca no G20. Ele era um dos lÃderes mais amados e fez muito esforço para que o G20 se transformasse num foro mais relevante, passando também pelo trabalho que fez para os brasileiros. Dilma tem um perfil mais tecnocrático e deixou a impressão de que o G20 pode não ser o local mais adequado para seus talentos.”
Economia com pés de barro
A pauta da reunião em Brisbane terá entre os pontos principais a proposta de adoção de medidas econômicas que nos próximos cinco anos garantam um aumento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) combinado dos membros do G20.
O compromisso seria bem-vindo para o Brasil, que segundo projeções de diversos organismos internacionais deverá registrar crescimento eoncômico inferior a 0,4% em 2014. Isto representaria o pior Ãndice desde 2009, quando houve retração de 0,2%, influenciada pela crise financeira mundial.
Os analistas, porém, criticam a falta de maiores informações sobre as medidas econômicas que a presidente pretende implantar no segundo mandato. Um das variáveis é quem será o ocupante do Ministério da Fazenda – o atual titular da pasta, Guido Mantega, foi “demitido” pela presidente durante a campanha eleitoral.
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“Dilma está numa posição delicada por conta dos problemas domésticos. Sua vitória foi boa por uma questão de continuidade, mas é inegável que a presidente recebeu um mandato mais fraco”, diz Irene Mia, chefe da Divisão de América Latina e Caribe da Economist Intelligence Unit.
“Depois de falar em corte de juros na campanha, o governo elevou as taxas. O Brasil ainda não disse como pretende lidar com a queda no crescimento e a alta da inflação.”
Kirton também chama atenção para outro ponto ligado à participação brasileira no G20: o mais recente estudo de avaliação publicado por seu grupo mostra que o Brasil cumpriu apenas 66% das 281 metas estabelecidas no último encontro de lÃderes, em São Petersburgo (Rússia).
Se não representa uma diferença acentuada em relação à média geral dos paÃses do grupo (de 71%), é uma queda acentuada em relação a 2011, quando o paÃs exibiu 80% de cumprimento das metas.
“Um dos piores desempenhos do Brasil, por exemplo, foi na questão da redução dos custos para o envio internacional de dinheiro por imigrantes. A mensagem que isso passa é que o Brasil talvez não seja mais um defensor das nações mais pobres depois da saÃda de Lula”, critica.
Postada por JL pindado Verdugo