Rebelião na Penitenciária terminou neste domingo após 14h.Â
           O Instituto de Técnico-CientÃfico de PolÃcia (Itep) está montando uma ‘operação de guerra’ para identificação dos corpos dos presos mortos durante a rebelião que durou pouco mais de 14h na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte. Uma carreta frigorÃfica foi contratada para armazenar os corpos e legistas do Ceará e da ParaÃba vão auxiliar no processo de identificação.
De acordo com o Itep, o órgão está preparado para receber 100 ou mais corpos, se for o caso. No entanto, uma fonte do governo informou que até a publicação desta matéria pelo menos 30 mortes foram confirmadas. Oficialmente, o governo do RN diz que há ‘mais de dez mortos’
Os corpos serão levados da penitneciária para o Itep nos rabecões e nos carros de perÃcia. “Estamos com todo o aparato pronto para receber os corpos e trabalhar na identificação”, informou Thiago Tadeu, chefe de gabinete do Itep.
A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz acabou após 14h20. Os detentos, que se rebelaram à s 17h deste sábado (14) (horário local, 18h em BrasÃlia), se renderam à s 7h20 deste domingo (15) após a Tropa de Choque da PolÃcia Militar entrar nos pavilhões. Segundo a Secretaria de Segurança, não houve troca de tiros.
A rebelião começou com uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5. Segundo o governo, a briga estava restrita aos dois pavilhões. O pavilhão 5 é o presÃdio Rogério Coutinho Madruga, que fica anexo a Alcaçuz. Há separação entre presos de facções criminosas entre os dois presÃdios
Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na penitenciária estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)
Um helicóptero da PM auxiliou na operação, que envolve Choque, Bope e GOE (Grupo de Operações Especiais). Às 6h20, era possÃvel ver fumaça negra nos pavilhões e ouvir bombas de efeito moral do lado de fora da penitenciária.
Alcaçuz fica em NÃsia Floresta, cidade da Grande Natal, e é o maior presÃdio do estado. A penitenciária possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150 presos, segundo a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do RN.
Enquanto os veÃculos entravam no complexo penitenciário, pessoas que estavam na porta aplaudiam e vaiavam os policiais. Há familiares de detentos, que ontem à noite tentaram furar o bloqueio policial, sem sucesso. Eles dizem que presos que não estão envolvidos na rixa entre as facções estão pedindo socorro. Com panos brancos, eles acenaram e pediram paz.
Durante a madrugada, o tenente-coronel Marcos VinÃcius, que comanda o Bope, disse ao G1, por volta das 2h, que não houve negociação entre PM e presos. A madrugada foi tranquila, sem tiros nem tumultos aparentes. O complexo ficou sem energia elétrica desde a noite de ontem. Muitos tiros foram ouvidos e era possÃvel ver muita fumaça do lado de fora do presÃdio ontem.
Ontem à noite, o secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, afirmou que a determinação era retomar o controle do presÃdio. “A ordem já foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras unidades”, afirmou Virgolino, que diz ter chamado todos os agentes penitenciários que estavam de folga. O estado possui cerca de 800 agentes penitenciários.
O motim
A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 18h em BrasÃlia. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presÃdio antes da rebelião e jogaram armas por sobre o muro.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) diz em nota que as mortes são “resultado de uma briga entre facções rivais”. Já o governo do estado afirma que “‘estão sendo levantadas informações acerca do envolvimento de facções criminosas”.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o combate ao crime organizado dentro dos presÃdios será intensificado. Sobre a rebelião, o ministro afirma estar “aguardando, eventualmente, o pedido de algum auxÃlio”. “Obviamente, em havendo esse pedido, o auxÃlio será imediatoâ€, afirmou Moraes.
“O sistema está superlotado há muito tempo. Eu costumo repetir que não há passo de mágica pra solucionar um problema crônico no Brasil. É um problema que, governo após governo, vem se ampliando”, afirmou. “Nós temos aproximadamente, hoje, 650 mil presos. Com um deficit de quase 300 mil vagas. Obviamente, isso acaba tornando o sistema um barril de pólvora”.
O governador do Estado, Robinson Faria, afimou ter entrado em contato com o ministro, para que o governo federal acompanhe a situação do Estado.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) emitiu nota afirmando ter montado um Gabinete de Gestão Integrada (GGI) para executar as ações a serem empregadas na rebelião do presÃdio de Alcaçuz.
“Já estão no local o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão de Choque e a Força Nacional para evitar mais confrontos e controlar a situação. Há registro de mortes resultado de uma briga entre facções rivais”, afirmou a secretaria.
Rebeliões e fugas
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015. Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os presos se amotinaramâ€, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano Feitosa.
Mais de 100 presos conseguiram escapar do presÃdio no ano passado, em 14 fugas. A maioria deixou o presÃdio por meio de túneis escavados a partir dos pavilhões ou por buracos abertos no pé do muro, sempre sob uma guarita desativada ou sem vigilância.
Força Nacional
Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional de Segurança no Rio Grande do Norte. Os policiais enviados pelo governo federal estão atuando no patrulhamento das ruas e podem atuar na segurança do perÃmetro externo das unidades prisionais localizadas na Grande Natal.
A Força Nacional chegou ao estado em março de 2015, durante a série de motins no sistema prisional do estado, e o prazo de apoio poderá ser novamente prorrogado, caso haja necessidade.

Calamidade pública
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015. Na ocasião, foram gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14 presÃdios depredados durante motins, mas as melhorias foram novamente destruÃdas. Atualmente, em várias unidades as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte possui 33 unidades prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é de 8 mil presos – ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.
Acre e Amazonas
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como lÃderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na região oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presÃdio potiguar – 14 do Acre e 5 do Amazonas.