Mergulhados em dificuldades financeiras, 4,95 mil municÃpios (89% do total) sustentam uma dÃvida bilionária com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com a Receita Federal, o passivo soma R$ 99,6 bilhões em contribuições previdenciárias devidas e a inadimplência tem levado ao bloqueio de parcelas do Fundo de Participação dos MunicÃpios (FPM). A falta de pagamento também é um dos motivos por trás do “nome sujo†de prefeituras no Cadastro Único de Convênios (Cauc) do governo federal, o que inviabiliza o repasse de transferências voluntárias, como emendas parlamentares.
A Confederação Nacional dos MunicÃpios (CNM) questiona o valor e diz que a dÃvida precisa ser recalculada, uma vez que inclui débitos já prescritos. Antes, a Lei 8.212/1991 previa que essas dÃvidas poderiam ser cobradas em até dez anos, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou o prazo inconstitucional em 2008. Assim, só valeriam débitos de até cinco anos antes. Desde então, a CNM alega que a dÃvida previdenciária não foi revista. A Receita não se pronunciou sobre a divergência.
Diante do volume de passivos previdenciários, muitos municÃpios têm tido parcelas do FPM integralmente bloqueadas. De acordo com a confederação, no inÃcio deste ano, mais de 700 prefeituras ficaram com as contas do fundo zeradas por causa das retenções. Essa medida tem estrangulado o caixa dos municÃpios, que muitas vezes dependem dos recursos para pagar despesas básicas, como salários. “Nós não devemos isso tudo, há débitos indevidamente lançados, o governo age de forma autoritáriaâ€, diz o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Irregularidades
Os municÃpios que deixam de pagar o INSS não conseguem obter a Certidão Negativa de Débitos (CND) e esse é um dos motivos para a inscrição, em dezembro do ano passado, de 2.182 municÃpios em situação irregular no quesito pagamento de tributos, contribuições previdenciárias federais e com a dÃvida ativa da União. A prefeitura de Goiânia é uma das que têm dÃvida previdenciária. A nova administração, de Iris Rezende (PMDB), não deu detalhes e disse que ainda está fazendo um levantamento para que possam regularizar a situação.
Essa não é a única pendência do ponto de vista fiscal. Na média do ano passado, 4,6 mil municÃpios tiveram alguma irregularidade apontada no Cauc, ante 3,9 mil em 2015, segundo levantamento da CNM. Além do alto número de prefeituras que não conseguiram comprovar a regularidade com o pagamento de tributos, há ainda pendências com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), realidade de 2.283 municÃpios.
Ziulkoski atribui o aumento das irregularidades à crise econômica. “Basicamente 80% dos municÃpios estão em dificuldadesâ€, diz. Mas o descumprimento de obrigações financeiras não é o único problema. Ocorrem também omissões em prestações de contas e medidas de transparência, como apresentação de relatórios de gestão fiscal e de execução orçamentária. Há ainda 1.056 municÃpios que deixaram de cumprir a aplicação mÃnima de recursos na área de saúde.