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        Antes considerado um problema exclusivo de adultos, hoje a depressão afeta cada vez mais os adolescentes. Porém, nem sempre os pais e educadores estão preparados para diferenciar os sintomas da depressão da popularmente chamada “aborrecênciaâ€. Estima-se que a depressão atinge de 3,3 a 12,4% dos adolescentes, sendo mais comum em meninas que em meninos.
Segundo Ghina Machado, psicóloga e neuropsicóloga, cofundadora da ClÃnica Estar a adolescência é marcada por profundas transformações fÃsicas e emocionais. “O corpo muda drasticamente, assim como os nÃveis hormonais. O adolescente precisa lidar com a perda de sua identidade infantil e, ao mesmo tempo, com a reorganização do seu mundo. Sem dúvida, essa é a tarefa mais difÃcil desta fase do ciclo vitalâ€.
O porquê de tanta tristeza
A depressão tem causas biológicas, genéticas, psicológicas e sociais. O histórico de depressão na famÃlia (pais depressivos) aumenta o risco de desenvolver o problema na infância ou na adolescência em pelo menos três vezes. Outro fator que tem chamado a atenção dos estudiosos é a qualidade do vÃnculo parental no inÃcio da vida.
“A qualidade dos relacionamentos nas fases iniciais da vida pode influenciar o desenvolvimento ou não da depressão mais tarde. Segundo Ghina, quanto melhor for o vÃnculo emocional entre a criança, a mãe ou cuidadores, melhor será o desenvolvimento da sua capacidade de lidar com as emoções quando chegar à adolescência ou à vida adultaâ€, diz a psicóloga.
Há outros fatores de risco para a depressão na adolescência, como violência doméstica, histórico de abuso infantil, bullying, perdas (morte de um dos pais, irmãos ou avós), divórcio dos pais, não aceitação da autoimagem, etc.
“Lembrando ainda que a depressão pode ter doenças associadas (comorbidades), como transtorno da ansiedade, transtorno de conduta, transtorno desafiador opositivo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtornos relacionados ao uso de drogas e os transtornos alimentares, como bulimia e anorexia nervosaâ€, explica Ghina.
Sintomas da depressão são diferentes na adolescência
Embora alguns sintomas sejam bem parecidos com os da depressão em adultos, na adolescência há caracterÃsticas bem tÃpicas e diferenciadas. “Todo mundo acredita que a tristeza é o sintoma mais básico da depressão. Entretanto, nos adolescentes são mais frequentes a irritação e a instabilidade emocional, podendo inclusive ocorrer crises de raiva frequentementeâ€, comenta Ghina.
Como diferenciar a depressão da angústia comum em da adolescência
O que diferencia as caracterÃsticas da adolescência da depressão nessa fase é a duração dos sintomas. É possÃvel suspeitar de um quadro depressivo quando o adolescente apresenta na maior parte do dia ou pelo menos por duas semanas, pelo menos cinco dos sintomas descritos abaixo:
- Tristeza
- Perda do interesse por atividades que gostava (apatia)
- Diminuição do apetite
- Perda ou ganho de peso significativo
- Agitação
- Apatia
- Redução da capacidade de concentração
- Excesso de sono ou insônia
- Cansaço
- Sentimento de Culpa
- Pensamentos suicidas ou tentativas de suicÃdio
O que fazer para ajudar
Quando a criança entra na adolescência, aos 12 anos, ela precisa mais do que nunca da atenção dos pais. O diálogo deve ser a base do relacionamento entre pais e filhos, pois ele permite entender as angústias, as dificuldades e os sentimentos vivenciados pelo adolescente.
“O ideal é procurar a ajuda de um psicólogo com experiência em atender adolescentes. O tratamento é fundamental já que existe o risco da depressão se estender para a vida adulta. Um estudo feito nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que 25% dos adultos com depressão relataram o primeiro episódio depressivo antes dos 18 anos de idadeâ€, conclui Ghina. Â
Leda Sangiorgio
Assessoria de Imprensa –agenciahealthÂ