Entre as pessoas entregues por Silval estão ex-secretários, advogado e o próprio filho, Rodrigo Barbosa
LAICE SOUZA/blogdoantero
    O ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PMDB), preso há 21 meses, conseguiu o direito a ser posto em liberdade após confessar crimes em depoimento na Delegacia Fazendária, no último dia primeiro, que foi aceitou pela juÃza Selma Arruda, da Vara Especializada contra o Crime Organizado, em pedido de soltura proposta pela defesa dele.
Em seu depoimento, Silval entregou os partÃcipes e indicou cada ato e crime praticado por todos os membros da organização criminosa, da qual é acusado de participação. O pedido de liberdade foi consentido pelo Ministério Público Estadual.
No depoimento na Delegacia Fazendária, Silval afirmou que a desapropriação do terreno onde hoje está o bairro Jardim Liberdade teve como único objetivo o pagamento de dÃvida de campanha contraÃda na factoring de Valdir Piran. Ele confirma que conseguiu levantar R$ 10 milhões na negociação.
Ele também entregou que além de pagar Valdir Piran, Pedro Nadaf, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, e Afonso Dalberto receberam propina para colaborar com o sucesso da empreitada criminosa. Ele apontou também que Marcel De Cursi e Arnaldo Alves contribuÃram com a prática do crime, contudo não soube informar se eles receberam propina.
Na negociação para a desapropriação do terreno, no valor de R$ 31.715.000,00 que era de propriedade da empresa Santorini, o retorno combinado foi da metade do valor.
O ex-governador também reconheceu que concedeu incentivos fiscais as empresas de João Batista, que foi o delator de todo o esquema e que originou a Operação Sodoma, em troca do pagamento de propina para secretários do seu governo e também para a quitação de débitos da campanha eleitoral de 2010.
Consta nos autos que “em razão de compromissos polÃticos e dÃvidas assumidas na campanha eleitoral de 2010, acabou formando o staff de governo com pessoas de sua estreita confiança, que eram incumbidos de arrecadas recursos do erário público para o pagamento de tais dÃvidas e, como isso, criou uma verdadeira organização criminosa, e atuou durante os anos de 2010 a 2014â€.
Papel de cada um dos partÃcipes da organização criminosa segundo ex-governador
SÃlvio Correa (Que também foi colocado em liberdade hoje) – Pessoa de sua extrema confiança, seu braço direito em ato lÃcitos e ilÃcitos, que recebia diversas missões no interesse da organização criminosas, como arrecadar propinas, realizar pagamento de dÃvidas, realizar operações com alguns operadores financeiros, fazer reuniões com empresários, controlar os pagamentos das propinas.
Pedro Jamil Nadaf – Exercia a função de levantar fundos para pagamento das dÃvidas e dos compromissos polÃticos ilÃcitos, para manutenção da governabilidade de Mato Grosso. Ele teria assumido o papel de Eder Moraes (Ex-secretário de Fazenda do Estado). Contou que mesmo antes de ser secretário chefe da Casa Civil, ainda na Secretaria de Indústria já atuava na obtenção de propina na concessão de incentivos fiscais e créditos tributários. Já em 2013 passou a exercer também o papel  articulador bem como agia administrando o pagamento das dÃvidas contraÃdas pelo grupo criminoso e mantinha contato com operadores financeiros.
Chico Lima – atuava na Casa Civil, sob o comando de Pedro Nadaf, e tinha incumbência de exarar pareceres em processos ilÃcitos do governo, com o recebimento de propina.
César ZÃlio – exercia o papel de articulador entre empresários e o governo. Ele era pessoa de confiança e atuou na Secretaria de Administração com função de cobrar os recebimentos propina de empresários que mantinham  contratos com o governo. Ele seria o responsável em repassar para Silval as propinas que eram utilizadas nos pagamentos das dÃvidas de campanha.
Pedro Elias – a função era arrecadar propina de empresa que mantinham contratos com o governo, sendo que, em alguns casos, repassou tais valores para o filho de Silval, Rodrigo Barbosa, e outras vezes para SÃlvio César.
ValdÃsio Juliano Viriato – atuou como secretário-adjunto na Secretaria de Infraestrutura e tinha  como responsabilidade, na organização criminosa, arrecadar propina na secretaria das empreiteiras que tinham relação com o Estado.
Arnaldo Alves – atuava em situações em que havia necessidade de alocação de recursos no orçamento, suplementação orçamentária, de modo a atender os interesses criminosos da organização. No caso das desapropriações, quando foi necessária a suplementação orçamentária para os pagamentos, Arnaldo tinha ciência de que as desapropriações tinham finalidade escusas.
Marcel De Cursi – Ele era responsável por elaborar leis e decretos que atendessem aos interesses do grupo criminoso. Ele também efetuava pagamentos via Sefaz das suplementações elaboradas pela Secretaria de Planejamento, para recebimento de propina. Ele também foi o responsável por implementar a fruição de benefÃcios fiscais concedidos de forma espúria para alguns empresários.
Afonso Dalberto – como presidente do Intermat teve atuação preponderante nos três processos licitatórios ilÃcitos de desapropriação. Ele também, como ordenador de despesas, efetuou pagamentos para beneficiar a organização criminosa.
Francisco Faiad –  Recebeu auxÃlio financeiro e doação de combustÃvel no montante de R$ 600 mil, frutos de desvios de dinheiro público, na campanha de 2012, quando foi vice de Lúdio Cabral. Faiad teria pleno conhecimento da origem ilÃcita de tal doação, assim como o próprio Lúdio.
Rodrigo da Cunha Barbosa  (filho de Silval) – teria recebido propina de algumas empresas que mantinham contrato com o governo.
José de Jesus Nunes Cordeiro – Nunca tratou de assuntos diretamente com ele, pois o mesmo se reportava a Silvio Correa.