quarta-feira, 08/01/2025
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Quatro equilibristas na corda bamba

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Imagem reprodução web

‘El País’

 Jornal do Brasil

                               Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Benjamin Netanyahu e Vladimir Putin precisam mudar

 O jornal espanhol El País publicou no sábado (3/01), um artigo do jornalista Miguel Ángel Bastenier sobre a encruzilhada onde se encontram os líderes de quatro países. “Quatro personagens em busca de autor.

                         Se não forçosamente de um autor, pelo menos em busca de um roteirista, pois o presidente venezuelano Nicolás Maduro; sua homóloga na Argentina, Cristina Kirchner; Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e o presidente russo Vladimir Putin precisam urgentemente de uma nova maneira de encarar seus problemas”, escreve Bastenier.

O jornalista avalia a difícil situação do presidente da Venezuela: “O líder do chavismo luta para superar uma gravíssima crise econômica com o petróleo venezuelano a pouco mais de 50 dólares (134 reais) o barril, o que torna impossível manter a política histórica do chavismo, que comprava lealdades com os lucros abundantes de quando estava a 120 dólares (323 reais).

Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, disse repetidamente que em caso de dúvida deveria recorrer ao legado do líder histórico, mas parece que nem no Livro azul que reúne fatos e ditos do fundador, nem no crescente culto ao falecido ex-presidente, existam respostas para tantos problemas.

O governo civil-militar que dirige tenta resolver a crise por meio de decretos, criação de comissões ad hoc, e uma grande atividade regulamentária. E no meio disso tudo Maduro se movimenta com certa destreza combinando, nomeando, substituindo barões do chavismo, em especial diante das eleições do final de ano, as quais o conglomerado da oposição acredita que pode ganhar.

Mas o maduro-chavismo prefere mais o drible curto a dominar o meio de campo. Dificilmente bastará para superar 2015”, sentencia Bastenier. “A presidenta argentina Cristina Kirchner vive o que a oposição desejaria que fosse um fim de reinado; o do peronismo. Quando todos os especialistas falam de desaceleração da economia, ou seja desemprego e pobreza, ela tem de lutar com unhas e dentes para manter o peronismo no poder antes das eleições presidenciais de outubro, nas quais não poderá concorrer por mandato constitucional, e nas quais, segundo uma comprovada tradição argentina, as divisões internas, dentro e fora de casa, são imperativo categórico.

O peronismo dissidente, liderado por Sergio Massa, o peronismo cristino-kirchnerista, que provavelmente terá de recorrer como candidato ao pouco amado Daniel Scioli, e uma oposição que ainda luta pela unificação completa, preparam eleições sem diminuições ou marcha à ré”, avalia o jornalista do El País. Ele analisa a situação do primeiro-ministro de Israel: “Benjamin Netanyahu ganhou de presente de Natal uma travessura palestina no Conselho de Segurança da ONU.

A AP de Mahmud Abbas não conseguiu a aprovação do texto sobre a criação do Estado palestino, e o primeiro-ministro israelense, que aguardava o começo de 2015 como uma gincana diplomática, está hoje melhor situado frente às eleições de 17 de março para reeditar seu não-negocio-e-não-deixo-de-negociar, mas ao contrário, com os dirigentes palestinos. Mas há quem diga que em Israel as eleições são sempre ganhas pelos mesmos: o Exército, mimado por todas as instâncias; e a quem cabe hoje acrescentar os colonos que povoam incessantemente a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

Netanyahu, ainda parcialmente exausto, tem recursos de sobra e em uma ocasião o escutei dizer para uma jornalista israelense que ‘cheirava a homem’. Esse é um atrativo que não o prejudicou em sua heterogênea mas basicamente bem sucedida carreira política”. Por último, Bastenier fala sobre o presidente russo, que enfrenta crise política e econômica: “Vladimir Putin vê a si mesmo como um atleta da política, e de acordo com isso terá que realizar enormes acrobacias para sair das confusões em que o meteram ou se meteu: a Ucrânia, com as sanções econômicas dos EUA e da UE; e também a queda do petróleo, que arruinou o rublo.

E aqui é complicado visualizar um roteiro salvador, porque se ceder na Ucrânia aceitando que o país entre em algum momento na UE e talvez na OTAN, a falange nacionalista que em grande medida o sustenta irá abandoná-lo, e se continuar batendo na mesma tecla pavoneando-se de grande potência, pode ser a opinião pública a não engolir a narrativa de que está devolvendo a Rússia ao lugar privilegiado a quem tem direito, no concerto das nações”. “Quatro líderes, com mais ou menos sessenta anos, idade em que os frutos de toda uma vida são colhidos, encontram-se em um momento crucial de suas carreiras, aquele onde acham uma bateria de argumentos para retomar seu prestígio, ou, pelo menos se a democracia funcionar, começariam a deixar de ter”, conclui Miguel Ángel Bastenier para o jornal El País.

Postado por JL Pindado Verdugo

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