Ao lançar Campanha da Fraternidade 2018, CNBB diz que corrupção é violência
Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil
       A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, nesta quarta-feira (14), a Campanha da Fraternidade 2018, com o tema Fraternidade e Superação da Violência. O documento aponta formas e tipos de violência no Brasil, dando destaque à s praticadas contra os negros, os jovens e as mulheres. “Os grupos sociais vulneráveis são as maiores vÃtimas da violênciaâ€, disse o presidente da entidade, cardeal Sérgio da Rocha. “A Igreja sempre tem alertado sobre a perda de direitos sociais. Não podemos admitir que os mais pobres arquem com sacrifÃcios maiores. Precisamos de polÃticas públicas para nos ajudar a superar e a assegurar os direitos fundamentais que as pessoas têmâ€, defendeu o cardeal.
Durante o lançamento da campanha, o presidente da CNBB listou também como prática violenta, a corrupção. “A corrupção é uma forma de violência, e ela mataâ€, disse o cardeal. Segundo ele, “ao desviar recursos que deveriam ser usados em favor da população, os polÃticos acabam promovendo uma outra forma de violência contra o ser humano, a misériaâ€.
“Queremos superar também formas de violência como as representadas pela miséria e pela falta de vida dignaâ€, argumentou o religioso, que criticou também os polÃticos que vêm adotando em seu discurso o uso da violência como forma de combate à violência. Segundo o cardeal, a Igreja Católica vem atuando no sentido de esclarecer seus seguidores sobre o risco desse tipo de polÃtica. “É um equÃvoco achar que superaremos a violência, recorrendo a mais violência. [Nesse sentido,] a igreja está orientando os eleitores, ajudando-os a formar sua consciência e a identificar quais candidatos estão comprometidos com a pazâ€, disse.
Ainda pontuando as formas de violência, ele citou o uso das redes sociais, onde, segundo ele, identifica-se “um triste crescimento da agressividadeâ€. O cardeal disse, ainda, que os meios de comunicação “são vitais para a superação da violênciaâ€. Ele, no entanto, criticou as programações violentas em busca de audiência. “Quanto mais filmes violentos assistirmos, mas violentos nós seremosâ€.
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, em declaração durante o lançamento da campanha, disse que a iniciativa dá a “tônica à imperativa mudança que se impõe, de que o irmão é um aliadoâ€.
“Precisamos caminhar de mãos dadas, e não de punhos cerrados. Essa é a melhor forma de lidarmos com essa campanha. Minha mãe dizia, quando eu era criança, que se tivesse algum problema era para eu procurar um adulto por perto. Hoje vejo mães e professores desconfiarem e temerem adultos que chegam próximo à s escolas. Quem se aproxima pode ser inimigo. Estamos fazendo do outro não um irmão, mas um inimigo a se combaterâ€, argumentou a magistrada.
O coordenador da Frente Parlamentar pela Prevenção à Violência e Redução dos HomicÃdios, deputado Alexandre Molón (Rede-RJ), disse que a campanha da CNBB aborda uma das grandes preocupações do paÃs, em função do enorme número de homicÃdios aqui praticados. “Foram mais de 60 mil homicÃdios em 2017, e foram 61 mil em 2016. Se considerarmos que a bomba de Nagasaki [explodida no Japão pelos norte-americanos ao fim da 2ª Guerra Mundial] matou instantaneamente 80 mil [pessoas], podemos dizer que a cada ano morre, no Brasil, o equivalente a uma bomba de Nagasakiâ€, disse o deputado.