O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (16), por 337 votos a 36 e 2 abstenções, o regime de urgênciapara o Projeto de Lei Complementar (PLP) 137/15, que regulamenta a criação de municÃpios no Brasil.  A votação do mérito ficará para outro dia devido ao esvaziamento do quórum. Para ser aprovado, um texto de projeto de lei complementar precisa do apoio de 257 deputados.
         O requerimento de urgência foi apresentado pela deputada Marinha Raupp (PMDB-RO). A urgência foi votada no painel a pedido do lÃder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ). Ele disse que a medida foi incluÃda em pauta sem a devida análise do Colégio de LÃderes. “Não podemos vender ilusões de que mais de 400 municÃpios novos possam resolver os problemas reais de falta de recursos, de falta de saneamentoâ€, disse.
Finanças públicas
       A aprovação da urgência, no entanto, teve grande apoio dos parlamentares. Alguns deputados chegaram a pedir que a votação do mérito fosse realizada nesta quarta-feira, mas não houve consenso.
Para o deputado Edmar Arruda (PSD-PR), alguns dos municÃpios criados não teriam autonomia financeira. “Precisamos enxugar o estadoâ€, disse.
Já o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) disse que não haverá novos custos a partir do projeto. “Esta nova regra não onera a União, ela é dura, ela é rÃgida, não vai haver farra de criação de municÃpios. Há plebiscito para os dois lados – o que vai deixar de ter o distrito e a população que vai criar o novo municÃpio – além de estudos”, afirmou.
Outros deputados destacaram a presença de lideranças emancipacionistas nas galerias do Plenário. Desde ontem, o grupo pressiona pela votação da proposta.
“Aqui há lÃderes emancipacionistas do Brasil inteiro. Do meu estado, o Maranhão, vieram mais de 5 ônibus, são mais de 30 municÃpios que lá serão criados. Esta lei já foi inclusive aprovada duas vezes e vetada pela presidente Dilma por duas vezesâ€, disse o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA).
Vetos
A regulamentação da Constituição sobre o desmembramento de municÃpios já foi tema de outros dois projetos em anos recentes. Eles acabaram vetados integralmente, e os vetos foram mantidos pelo Congresso.
Os dois projetos, de autoria do então senador Mozarildo Cavalcanti, começaram a tramitar no Senado. Tanto o PLP 416/08 quanto o PLP 397/14 foram vetados com o argumento de que provocariam aumento expressivo de despesas totais nos entes federados sem a criação de novas receitas, prejudicando ainda a repartição dos recursos do Fundo de Participação dos MunicÃpios (FPM) em desfavor dos municÃpios menores e com maiores dificuldades financeiras.
O veto ao primeiro projeto foi mantido em razão de acordo referente à tramitação do segundo, com regras mais rÃgidas para fusão, incorporação ou desmembramento de municÃpios.
Entretanto, a então presidente Dilma Rousseff vetou também o segundo projeto porque “causaria desequilÃbrio de recursos dentro do estado e acarretaria dificuldades financeiras não gerenciáveis para os municÃpios já existentes.â€