Num futuro a médio-prazo, as alterações climáticas vão desalojar milhões de pessoas. A comunidade cientÃfica alerta que os governos necessitam de planear e estar preparados para migrações populacionais em massa, consequência de desastres naturais e eventos meteorológicos extremos – que desalojam mais pessoas que as guerras.
Novas projecções, elaboradas pelas equipes cientÃficas das instituições climatológicas mais conceituadas, indicam que o aumento do nÃvel da água do mar, as ondas de calor, as secas e as inundações – eventos ligados à s alterações climáticas – vão obrigar milhões de pessoas a abandonar os seus lares, sem possibilidade de nunca mais regressarem.
A problemática torna-se politicamente sensÃvel numa altura em que a austeridade económica restringe a generosidade dos paÃses e um sentimento anti-imigração se levanta em muitos paÃses, especialmente na Europa.
“Os desastres naturais desalojam três a dez vezes mais população que todos os conflitos do mundo juntosâ€, afirmou Jan Egeland, director do Conselho para os Refugiados da Noruega, responsável pelo Internal Displacement Monitoring Centre (IDMC), em Genebra, cita o Guardian.
Os dados do IDMC revelam que 22 milhões de pessoas ficaram desalojadas em 2013 devido a eventos meteorológicos extremos, valor três vezes superior ao número de desalojados devido a conflitos bélicos. Em anos anteriores o rácio foi muito mais elevado.
No inÃcio dos anos 1970, o número total de pessoas desalojadas devido ao clima era de apenas 10 milhões. “Muitas mais pessoas, de uma população crescente, vivem expostas a meteorologia mais extremaâ€, indicou Egeland durante uma conferência sobre migração e alterações climáticas em Oslo.
Chaloka Beyani, relator especial das Nações Unidas para os direitos humanos das pessoas internamente deslocadas, indica que os governos devem começar a planear estas migrações. “No futuro, devemos olhar mais para as deslocalizações previstas das pessoas que são mais propensas aos riscos frequentesâ€, afirma o relator.
O aumento do nÃvel da água do mar em 19 centÃmetros desde 1900 – provocada por factores que incluem o degelo de glaciares dos Andes, Alpes e manto de gelo da Gronelândia – veio agravar a formação de tempestades em muitas regiões costeiras, indica as Nações Unidas. As projecções da organização apontam para um aumento adicional entre 26 a 28 centÃmetros até ao final do século XXI, sendo as actividades humanas as principais causadoras.
Foto: adam wiseman / Creative Commons