PJC/MT
      O inquérito policial foi concluÃdo e encaminhado à Justiça na tarde desta quinta-feira (11).
     Para conclusão da investigação foram produzidos diversos relatórios, perÃcias e documentos diversos arrecadados na investigação, juntados aos autos do inquérito que tem 30 volumes com cerca de 6000 páginas, entre os autos principais e apensos. Somente o relatório final tem 388 páginas. Junto ao inquérito segue também ao Fórum de Cuiabá produtos apreendidos, como as joias.Â
     A PolÃcia Judiciária Civil indiciou 113 pessoas envolvidas com a facção criminosa investigada na operação “Red Money”, realizada em agosto deste ano, sob a coordenação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e da Diretoria de Inteligência. O inquérito policial foi concluÃdo e encaminhado à Justiça na tarde desta quinta-feira (11).
     Os criminosos investigados na operação eram responsáveis pela arrecadação financeira e movimentação de valores pertencentes à facção criminosa. A movimentação financeira da organização criminosa, no perÃodo de um ano e meio, chegou a cerca de R$ 52 milhões,  entre entradas e saÃdas nas contas bancárias verificadas.
      A primeira fase da operação Red Money foi deflagrada no dia 8 de agosto deste ano e a segunda fase, complementar a investigação, foi executada em 01 de outubro de 2018. Durante a investigação foram expedidos 110 mandados de prisão preventiva, sequestro de 23 imóveis, incluindo uma fazenda no municÃpio de Salto do Céu, apreensão de cerca de R$ 60 mil, em joias, bloqueio e sequestro de valores em contas bancárias, além de apreensão de dinheiro em espécie, atingindo a aproximadamente R$ 730 mil.
     Do patrimônio sequestrado e apreendido, estão à disposição da Justiça 21 automóveis, 18 motocicletas, 05 caminhões e 01 semi-reboque, além de 6 empresas interditadas que  tiveram sua atividade econômica suspensa perante os órgãos competentes.
     O  Coordenador de Inteligência falou também a respeito da complexidade da investigação, que iniciou em  maio de 2017. “Devido à individualização das condutas e o papel desempenhado pelos membros da organização criminosa, com uma divisão clara de tarefas, optou-se por realizar uma divisão de indiciados por núcleos, inclusive, facilitando o manuseio dos autos e a gestão do futuro processo criminalâ€, disse.“Esse inquérito policial é resultado de um grande esforço investigativo, com a participação de dezenas de policiais que atuaram de forma exemplar. Faço um agradecimento especial a Diretoria Geral da PolÃcia Judiciária Civil por ter fornecido todo apoio necessário para a realização desse trabalho, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário pela atenção que nos foi dispensada ao longo de todos os trâmites, e ao Sistema Prisional pela constante troca de informações na área de inteligênciaâ€, agradeceu o delegado Luiz Henrique de Oliveira, Coordenador de Inteligência da PolÃcia Civil.
Núcleo de arrecadação financeira
Pela arrecadação financeira, a PolÃcia Civil indiciou 24 pessoas, que eram responsável pelo dinheiro da faccão criminosa, com gerenciamento do cadastramento e cobrança de mensalidade de traficantes, cobrança de mensalidade junto aos faccionados (taxa de camisa) e extorsão em estabelecimentos comerciais, a tÃtulo de taxa de segurança.
      Os principais lÃderes do núcleo de arrecadação, todos condenados pela Justiça, são: Demis Marcelo Ferreira Mendes (Fusca), responsável pelo tráfico de drogas; Fábio Aparecido Marques do Nascimento (Lacoste ou Zaca), responsável pelo sistema de arrecadação da região Sul de Mato Grosso; Fábio Junior Batista Pires (Farrame), responsável pelo cadastramento de faccionados.
Pertencentes ao núcleo de movimentação financeira foram indiciados 25 integrantes. A operação Red Money, demonstrou que dezenas de contas bancárias foram utilizadas para movimentação do dinheiro ilÃcito arrecadado pela facção criminosa. Geralmente, as contas eram pertencentes a familiares e pessoas próximas aos lÃderes do esquema, todos já condenados e presos na Penitenciária Central do Estado.Núcleo de movimentação financeira
     Além disso, empresas foram abertas para realização de lavagem de dinheiro, dissimulando a origem dos valores recebidos através da atividade comercial, como é o caso da empresa JJ Informática, sediada em Várzea Grande, tratando-se da principal pessoa jurÃdica utilizada pela Organização. A empresa foi interditada pela Justiça.
Os principais arquitetos do esquema de movimentação financeira e gerenciamento do dinheiro arrecadado são os seguintes indiciados: Jonas Souza Gonçalves Junior (Batman ou K9), Francisco Soares Lacerda (DF ou BrasÃlia), Ulisses Batista da Silva (Coroa).
      Somente em contas bancárias de mulheres, parentes e empresa vinculadas a essas lideranças, foram constatadas entradas superiores a R$ 10 milhões, colocando os principais lideres (Jonas, Francisco e Ulisses), no topo da “pirâmideâ€, que possibilitava a eles oferecer padrão de vida as suas mulheres, bem superior ao da maioria dos colaboradores financeiramente da facção criminosa, que pagam mensalidades.
Nos dois núcleos está a maior parte dos indiciados, totalizando 64, os quais também desempenhavam papel financeiro, realizando movimentações e transações bancárias em favor da facção criminosa.Núcleo intermediário e Núcleo de base
     Conforme explicou o delegado Diogo Santana de Souza, titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, “boa parte desses correntistas agiam mediante determinações de pessoas que já estavam presas. Ao longo da investigação foi possÃvel identificar vários criminosos que estavam por trás desses correntistasâ€.
      Dezenas de contas bancárias funcionavam como “contas de captaçãoâ€, com transferência de dinheiro para contas mais fortes, em um tÃpico sistema de pirâmide.
        O delegado Gustavo Colognesi Belão, que fez parte da equipe de investigação na operação Red Money, disse que os indiciados não apenas movimentavam dinheiro da facção criminosa em si, mas também movimentavam dinheiro obtido através dos crimes que praticavam individualmente, como assaltos e tráfico de drogas. “Por outro lado, foi percebido que os criminosos financiam mutuamente, emprestando dinheiro uns aos outros para fomentar a prática de crimesâ€, disse.
      Entre as lideranças da facção já conhecidas em razão dos vários processos que respondem na Justiça, foram indiciados como participantes desses últimos núcleos os seguintes condenados, os quais se valiam da esposa e da filha para realizar suas movimentações ilÃcitas: Aldemir de Assis Campo (Tuca ou Japa), Paulo César Rosa (Paiacã).
Ao longo da investigação ficou comprovado que além das mensalidades cobradas junto a traficantes, a facção comanda o tráfico dentro dos estabelecimentos prisionais.Núcleo de tráfico de drogas
       A coordenação da operação observou que as constantes ações e apreensões realizadas pelo Sistema Prisional, demonstram que ainda existe a entrada de aparelhos celulares e drogas dentro dos presÃdios, apesar de todos os esforços empreendidos para coibir essa prática.
      Segundo os delegados, é observado um constante aprimoramento no trabalho de fiscalização, com o consequente aumento das apreensões e troca de informações na área de inteligência.
      Durante os trabalhos de investigação foi possÃvel identificar as principais lideranças do tráfico de drogas, realizado dentro da Penitenciária Central do Estado, inclusive, após análise do material apreendido, obteve-se informações a respeito da arrecadação obtida com a comercialização das drogas. Dos responsáveis pelo tráfico no interior da penitenciária, todos eles já estavam vinculados na operação Red Money, em razão de sua atuação financeira. São eles: o chefe do tráfico, Demis Marcelo Ferreira Mendes (Fusca), o fornecedor de drogas, Janderson dos Santos Lopes (Cowboy), e o gerente do tráfico, Paulo Ricardo Santana (Macarrão).
      Ao finalizar a operação “Red Moneyâ€, o delegado Luiz Henrique de Oliveira  analisou  resultado obtido e da importância do trabalho à sociedade, frente ao problema das facções criminosas que desafia o sistema de segurança pública de todo o PaÃs.
 “Aqui em Mato Grosso nos dedicamos a aprofundar o conhecimento a respeito dessas organizações, o que permitiu deflagrar essa operação, atingindo fortemente a organização criminosa no aspecto financeiro e patrimonial. Entendemos que esse foco deve ser mantido e outras investigações nesse campo devem ser levadas a efeito. Além do processo criminal e da provável condenação dos envolvidos, temos que aproveitar todo o conhecimento produzido com essa investigação, a respeito da forma de agir da facção, de suas fontes de renda, das lideranças que foram identificadas.