quinta-feira, 21/11/2024
Banner animado
InícioAGRONOTÍCIASMeio AmbienteGoverno de São Paulo pode levar água tóxica à população

Governo de São Paulo pode levar água tóxica à população

Banner animado

billings represa sp

Maior parte da represa é contaminada por esgoto, metais pesados e poluentes orgânicos permanentes

Por Julio Gardesani, do ABCD Maior, na RBA

São Bernardo do Campo – A última proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que pretende utilizar água da represa Billings para conter emergencialmente a crise de abastecimento no estado de São Paulo, pode trazer uma solução perigosa: repassar água contaminada diretamente à população. Isso porque as estações de tratamento dos sistemas Guarapiranga e Alto Tietê – responsáveis pelo abastecimento de quase 10 milhões de pessoas e que passarão a receber água poluída da Billings (medida já anunciada pelo governador) – não têm condições imediatas de ampliar a capacidade de purificação da água.

A maior parte da Billings é infectada por esgoto, metais pesados e Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), consideradas as substâncias mais perigosas e tóxicas do mundo. Uma parte menor está livre desses poluentes. O uso da parcela contaminada da represa implicaria distribuir água imprópria para o consumo, sem tratamento específico, o que pode comprometer a saúde da população.

O alerta é do geógrafo, pesquisador e professor da Unicamp Antônio Carlos Zuffo. “Os reservatórios (Guarapiranga e Alto Tietê) não vão dar conta de fazer o tratamento de água poluída da Billings para atender toda a demanda. Por isso, se quiserem utilizar a água da represa agora, farão apenas a desinfecção com cloro e a mandarão para as residências. Mas essa água não poderá ser consumida sob nenhuma hipótese. A cor será escura e o cheiro tão forte que dará náusea”, afirmou o professor.

Até o momento, nenhuma explicação foi apresentada pelo governador ou pelo presidente da Sabesp (Companhia Estadual de Saneamento Básico), Jerson Kelman, sobre como será realizada a distribuição da água contaminada da Billings. A única proposta apresentada, que pretende interligar o Rio Pequeno ao Sistema Rio Grande (ambos braços da Billings), permitindo a entrada de mais 2,2 metros cúbicos de água por segundo, só vai ficar pronta em 2018. O mesmo ocorre com a ampliação da capacidade de tratamento do Guarapiranga e do Alto Tietê.

O próprio governo do Estado é um dos poluidores da represa Billings. Resolução assinada pelo então governador Mário Covas (PSDB), em 1996, passou a permitir que o rio Pinheiros – dos mais poluídos do país, que recebe diretamente esgoto de milhões de residências da capital, além de detritos industriais – despejasse água contaminada à Billings em caso de chuvas extremas, com o objetivo de impedir alagamentos no centro de São Paulo. O serviço é realizado pela Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (Emae).

Se a represa que banha parte do ABC paulista foi “descoberta” pelo governo tucano somente agora, no meio da crise, movimentos e associações de defesa ambiental pedem a despoluição da Billings há mais de 20 anos, como Movimento de Defesa da Vida (MDV), que entrou, em 2010, com ação popular na Justiça contra o bombeamento do rio Pinheiros.

Água tratada

Como insistem em afirmar Alckmin e sua assessoria de imprensa, a água da Billings já é utilizada por meio dos braços Taquacetuba e Rio Grande (que atende a boa parte do ABC). No entanto, diferentemente do volume que seria transferido, a água captada no Braço Rio Grande é purificada para consumo em estações de tratamento. Ou seja: o montante que já é utilizado atualmente da Billings pela população do ABC está chegando à casa da população tratado.

Ainda assim, o ABC já sente o transtorno da falta de água. Isso porque outros sistemas também abastecem as sete cidades, como o próprio Cantareira, que já opera em seu segundo volume morto.

No ABCD, conforme a Sabesp, residências de 88 bairros de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra passam pela redução de pressão. Contudo, a situação regional é ainda pior, uma vez que a administração de Alckmin não divulga informações sobre municípios que possuem autarquias, como Santo André, São Caetano e Mauá, onde a Sama (Saneamento de Mauá) ampliou o racionamento de água.

Foto: Apesar de proposta de Alckmin, Billings não tem condições de ser imediatamente tratada (LUIZ CARLOS MURAUSKAS/FOLHAPRESS)

Postada por JL Pindado Verdugo

ARTIGOS RELACIONADOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!
- Anúncio -
Banner animado

MAIS LIDAS

Comentários Recentes