quinta-feira, 23/01/2025
Banner animado
InícioCOMUNIDADE EM PAUTAGRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: jovens abandonam estudo para cuidar dos filhos

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: jovens abandonam estudo para cuidar dos filhos

Banner animado
TJMT
GetImageUri
          O sonho de se tornar uma arquiteta, chegar à faculdade ou pelo menos concluir o ensino médio está cada vez mais distante para Rosângela* que aos 16 anos, grávida de sete meses do segundo filho, interrompeu os estudos. Ela ‘parou’ no 9º ano do ensino fundamental da rede estadual e ao mesmo tempo em que diz pretender continuar na escola, sabe da dificuldade que será conciliar os cuidados com dois filhos e as tarefas escolares.
 
Dados estatísticos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apontam que as mulheres matriculadas em escolas públicas têm uma probabilidade sete vezes maior de ficarem grávidas, em comparação com aquelas matriculadas em outras instituições de ensino.
 
A gravidez precoce é um problema de saúde pública porque causa riscos à saúde da mãe do bebê e tem impacto socioeconômico, já que muitas das grávidas abandonam os estudos e apresentam maior dificuldade para conseguir emprego. Rosângela está entre essas milhões de jovens no Brasil que interrompem a fase da adolescência pela surpresa da maternidade, aumentando o índice de evasão escolar.
 
Moradora de um bairro periférico em Cuiabá, ela faz parte do perfil das adolescentes gestantes que possuem falta de comunicação em casa, baixa renda, desestrutura familiar e atividade sexual precoce. Esta última relacionada ao histórico familiar semelhante. A sua mãe teve cinco filhos, o primeiro também aos 13 anos, sendo que em uma de suas gestações, chegou a estar grávida junto com a filha.
 
Quando houve a confirmação da primeira gravidez, a jovem lembra que tentou abortar fazendo uso de medicação por se achar muito nova para ter um filho, porém, segundo ela, viu que esse não era o caminho. Foi quando ela procurou o posto de saúde, no entanto, quase próximo do parto. “Na minha primeira gravidez eu tinha 13 anos. Não medi as consequências, me envolvi com um homem bem mais velho e fui contar para minha mãe só quando eu já estava de sete meses porque ela é muito brava”, relembrou.
 
Apenas com 16 anos, Rosângela já faz planos de morar junto com o namorado de 20 anos, pai de seu segundo filho. Atualmente ela mora em uma casa de duas peças com a mãe, padrasto, os três irmãos e o filho de três anos, um retrato de muitas famílias de baixa renda.
 
Após o nascimento do seu filho, Rosângela diz que vai colocar o DIU porque não pretende mais engravidar. “Se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente. Ter filho hoje em dia não ‘tá’ fácil, tem muito gasto, pesa financeiramente e por causa dos cuidados também”.
 
Campanha – Essa problemática, ligada a fatores econômicos e sociais, tem a atenção do Poder Judiciário de Mato Grosso que pretende sensibilizar e orientar jovens e seus pais quanto a importância da prevenção e os riscos de uma gestação na adolescência. Palestras serão realizadas em escolas de Cuiabá e de algumas cidades do interior durante todo ano pela Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), ligada à Corregedoria-Geral da Justiça de Mato Grosso.
 
Dados – Índice de nascimentos registrados entre 2010 e 2015, mostra que o Brasil é o quarto país da América do Sul com maior número de adolescentes grávidas, onde a cada grupo de mil jovens com idade entre 15 e 19 anos, 68 engravidam. Os dados são do relatório conjunto elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), divulgado em 2018.
 
*Nome fictício para preservar a identidade da adolescente
ARTIGOS RELACIONADOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!
- Anúncio -
Banner animado

MAIS LIDAS

Comentários Recentes