MPMT
por ANA LUÍZA ANACHE
O primeiro drone gigante da América Latina em código aberto (open source) utilizado para dispersão de sementes e reflorestamento de áreas degradadas, que efetivamente funcionou, foi construído em Rondonópolis (a 212km de Cuiabá), durante o Workshop Dronecoria Brasil, realizado com apoio do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT). O equipamento já passou pelos primeiros testes (voos demonstrativos) e voltará a operar em 2020 com objetivo de auxiliar na recuperação de áreas degradadas.
Construído em madeira compensada, com aproximadamente 1,5m de diâmetro e seis motores, o drone pesa 9kg e tem capacidade de carregar mais 10kg em sementes. Conforme o professor Normandes Matos da Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), câmpus de Rondonópolis, a ideia é utilizar o equipamento inicialmente em áreas experimentais. “Faremos testes de altura, direção de voo, linhas de voo e tipos de sementes. A intenção é mostrar para o setor produtivo que temos uma tecnologia muito interessante para recuperação de áreas degradadas por meio da dispersão de sementes”, afirmou.
O drone consegue cobrir uma área de um hectare (10 mil m²) em apenas 10 minutos. A ideia partiu do engenheiro da computação espanhol Lot Amorós, idealizador do projeto “Dronecoria”, que tem por objetivo “projetar um drone open source capaz de plantar milhares de árvores e encorajar milhares de pessoas a plantar milhares de árvores” e, assim, contribuir para preservação do clima e da biodiversidade contra as mudanças climáticas. “Não é só um projeto concluído, mas sim o primeiro que fizemos na América Latina. É incrível também como eles fizeram todo o trabalho, nós só acompanhamos o processo. Foram eles que construíram mesmo”, contou Lot Amorós.
O professor Normandes Matos da Silva acrescenta que o drone construído em Rondonópolis possui uma configuração diferente do espanhol. “É um equipamento novo, uma versão diferenciada”, considerou.
Capacitação – O Workshop Dronecoria Brasil foi realizado no decorrer do mês de novembro, com atividades em Rondonópolis e Itiquira, no sul do estado. Ele compõe o “Programa de Recuperação de Áreas Degradadas no Sudeste de Mato Grosso: Capacitação Tecnológica e Regularização Ambiental de Áreas Públicas e Privadas (Prorad)”, desenvolvido pelo câmpus de Rondonópolis da UFMT com apoio do MPMT.
O custeio do programa por dois anos, no valor de R$ 351 mil, foi viabilizado pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, por meio da Promotoria de Justiça de Itiquira, após celebração de um acordo extrajudicial firmado com uma empresa agropecuária na região. Para o promotor de Justiça Cláudio Angelo Correa Gonzaga, além do desenvolvimento tecnológico para a restauração de ecossistemas, o projeto possui grande potencial para a promoção da educação ambiental e capacitação profissional de jovens em áreas como a agricultura de precisão.