Redação/Gcom
       Quando Flávia Emanuelle de Souza Soares ingressou na carreira de agente penitenciário, em 2004, não imaginou que dez anos depois entraria para a história de Mato Grosso como a primeira mulher a comandar o sistema prisional do estado. Formada em administração e recursos humanos e pós- graduada em gestão de projetos e terapia comportamental, a servidora é incansável na busca por conhecimento. No ano passado ela voltou aos bancos da faculdade ao ser aprovada para o curso de serviço social da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
          Até chegar ao cargo de superintendente de Penitenciárias da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), ela percorreu um longo caminho desde que ingressou no estado via concurso público. Foram quatro anos trabalhando no presidio feminino, onde passou por todos os setores, desde a segurança até auxiliar de psicologia e assistência social. Depois foram mais quatro anos trabalhando na área de Recursos Humanos, atuando principalmente com projetos relativos à saúde do trabalhador. Nos últimos dois anos assumiu a assessoria do coronel Clarindo Alves de Castro, secretario adjunto da Sejudh.
        Flávia acredita que a conquista foi devido ao tempo de carreira e por tudo que realizou em prol do sistema prisional. Com apenas 33 anos, ela se tornou responsável pela gestão de seis penitenciárias estaduais, o Centro de Ressocialização, o Centro de Custódia, a Escola Penitenciária, a central de Monitoramento e as Gerências de Saúde e Infraestrutura da Sejudh. A grande responsabilidade não a assusta, pelo contrário, ela diz estar ansiosa para o novo desafio. “Estou muito feliz. É um exercÃcio novo, de muita responsabilidade. Como trabalho com muitos homens, então tem momentos em que tenho que ser firme, ter condições de conversar como profissional e sem esta questão de gêneroâ€.
         A superintendente disse também que se supreendeu com a forma como foi recebida na nova função. Ela explica que os homens chegam meio desconfiados, mas depois sentam e conversam, sempre com muito respeito. “Tem momentos que você pensa que eles não vão te ouvir, que não vai conseguir expor suas ideias, mas pelo contrário, conseguimos discutir e chegar em um consenso. É a primeira vez que uma mulher está à frente destão gestão. Estou sendo tratada com profissionalismo, de igual para igual. O sistema prisional evoluiu muito profissionalmente, é um novo tempoâ€.
 Vencendo desafiosÂ
            Flávia avalia que a sua conquista poderá abrir portas a outras mulheres. Ela acredita que a mulher está na luta e tem conseguido vencer os desafios. Porém, na segurança pública, o caminho a ser percorrido ainda é longo. Em sua opinião, o número de mulheres que ocupam cargos diretivos na área é muito baixo em relação à quantidade de servidoras mulheres. “Aos poucos nós vamos ganhando nosso espaço e mostrando que conseguimos desenvolver funções que antigamente eram predominantemente masculinasâ€, avalia.
       Nos 10 anos de carreira, Flávia sempre realizou importantes projetos visando a formação de servidores junto à escola penitenciária e planejamentos voltados para o bem-estar do trabalhador. Uma destas ações lhe rendeu o prêmio nacional PlÃno Brasil Milano por sua atuação na área administrativa de segurança pública. A premiação foi por conta de um artigo sobre clima organizacional, com ações para melhoria da qualidade de vida dos servidores.
         Enquanto superintendente, ela diz que pretende continuar o que vem sendo realizado pelo coronel Castro, desenvolvendo capacitação profissional e ampliando o número de vagas escolares. Para isso, ela conta com o apoio do governador Pedro Taques e do secretário Márcio Dorileo para manter parcerias com outras secretarias estaduais na realização de trabalho dentro do sistema prisional, entre elas a saúde, educação e assistência social e com fundações essenciais como a Nova Chance.
          No primeiro mês à frente do cargo, Flávia vem realizando um trabalho de visitação em unidades prisionais de Cuiabá e interior, conhecendo os servidores e os reeducandos. No dia a dia vem sendo um pouco complicado conciliar a vida em famÃlia com a de superintendente prisional. Mãe de três filhos, com idades entre 10 e 16 anos, ela faz questão de jantar com os filhos todos os dias e tomar o café da manhã com eles sempre que possÃvel. “É complicado este equilibrio, mas aos poucos a gente vai se ajeitando“, garante.