Duas unidades de abate de bovinos paralisaram atividades, diz Mapa.
Com estoques no limite, frigorÃficos podem operar somente esta semana.
escoar carne bovina para outros estados.
(Foto: Reprodução/TVCA)
Com a continuidade do protesto dos caminhoneiros nesta quinta-feira (26) que bloqueia rodovias em Mato Grosso pelo 9º dia, as 30 unidades de frigorÃficos de bovinos com Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Estado podem paralisar suas atividades nesta semana, conforme o Sindicato das Indústrias FrigorÃficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT). As paralisações causam um prejuÃzo estimado de R$ 2,5 milhões por dia, segundo o sindicato.
Mato Grosso é o estado com o maior rebanho do paÃs. São 28,4 milhões de cabeças de gado, de acordo com o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT). “Por dia, ocorrem de 80 a 100 mil abates de gado no Estadoâ€, informa o secretário-executivo do Sindifrigo/MT, Jovenino Borges.
Hoje no Estado, de acordo com informações da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária de Abastecimento no Estado de Mato Grosso (SFA) que fica em Várzea Grande, estão paradas as unidades de abate de dois frigorÃficos do mesmo grupo em Alta Floresta e Matupá e mais cinco unidades do grupo estão sinalizando paralisação das atividades. Além disso, um frigorÃfico deParanatinga pode declarar férias coletivas aos funcionários a partir da semana que vem.
“Todas as unidades frigorÃficas com SIF do Estado estão trabalhando com a capacidade baixa porque os estoques estão no limite máximo e não estão conseguindo emitir produtos por causa dos bloqueios nas rodoviasâ€, informa Leandro José Machado, chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal da SFA/MAPA.
O Estado possui ainda sob dez frigorÃficos que abatem bovinos e mais três mistos (que abatem suÃnos e bovinos) que possuem o selo do Serviço de Inspeção Estadual do Estado do Mato Grosso (SISE), que comercializam carne bovina dentro de Mato Grosso. Mas, conforme informações do Indea, nenhuma unidade relatou paralisação ou redução das atividades nesta semana.
Em uma empresa de frigorÃfico de bovinos que tem unidades em Sinop, Nova Canaã eMatupá, o abate diminuiu 30% nesta semana, o que representa cerca de 450 animais que deixaram de ser abatidos. “A expectativa é de que, se o protesto continuar na próxima semana, as atividades sejam paralisadas, por falta de veÃculos com câmara fria para transporte de carne para outros estados e também de óleo diesel para transportar o gado em pé das fazendas até o frigorÃficoâ€, diz Pedro Bellicanta, que representa a empresa.
Da carne industrializada nas unidades, 90% é vendida para outros estados, como São Paulo eRio de Janeiro. As carretas que conseguiram chegar ao destino final para entregar a carga não estão conseguindo retornar aos frigorÃficos por estarem vazias, explica Bellicanta.
As unidades estão na iminência de parar de funcionar neste sábado (28), pois há apenas 10 carretas disponÃveis para transporte de carne com osso e desossada, que devem escoar a produção somente até esta sexta-feira (27). Cerca de 25 carretas que saÃram carregadas com carne do frigorÃfico estão presas em bloqueios nas estradas, sendo a maioria em Nova Mutum, região Médio-norte do Estado.
Algumas das carretas estão há quatro dias paradas em bloqueios. “O maior problema é a carne com osso, que tem duração de até 10 dias. Normalmente, uma carreta leva quatro dias para chegar a São Paulo e, com os bloqueios, não há expectativa de chegada. Se, além desses quatro dias, ficar mais três dias na barreira, já vai chegar quase no prazo de vencimento para o consumoâ€, explica.
A carne desossada, que é embalada a vácuo, tem uma validade maior, de 60 dias, de acordo com ele. Sendo assim, os três frigorÃficos dão prioridade para embarcar carnes com osso, já que faltam carretas para transportar os produtos. “Se não escoar a carne com osso, não consigo abater mais gado, pois vai faltar espaço para armazenagem das carnesâ€, afirma.
Mesmo com a diminuição dos abates, Bellicanta comenta que há gado disponÃvel para compra nas propriedades e que os contratos firmados anteriormente estão sendo cumpridos, mas a empresa optou por deixar de comprar animais no momento.
Em outro frigorÃfico em Várzea Grande, na região metropolitana da capital Cuiabá, os abates ocorreram normalmente esta semana, mas o proprietário ressalta que são poucas as carretas de câmaras frias disponÃveis para levar as carnes bovinas para São Paulo, para onde vende parte de sua produção. “Se o protesto continuar, acredito que somente poderei escoar a produção nos próximos dois diasâ€, diz Ademir Galina.
Por dia, são abatidos cerca de 300 animais na unidade e são carregadas 15 caminhões de câmara fria por semana com carne e que também estão ficando presos nos bloqueios quando tentam retornar vazios para Mato Grosso. Um dos caminhões que seguiu viagem no último sábado (21) ainda não conseguiu retornar ao frigorÃfico. Ele calcula que o prejuÃzo seja de R$ 100 mil por dia, caso as atividades tenham que ser paralisadas.
Os abates na empresa somente não estão ocorrendo em sua total capacidade por escassez de gado para compra na região, segundo Galina. “Estamos mandando a carga de carnes com os caminhões que encontramos. Para sexta-feira (27) temos como carregar caminhões, mas no sábado talvez não tenhamos. Se faltar caminhão, somos obrigados a pararâ€, declara.