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            “A exportação para os árabes cresceu, mas o mercado não é tão grande e não cresce tanto quanto o asiáticoâ€, afirma o sócio da Barral M Jorge Consultoria e ex-secretário de comércio exterior do Brasil, Welber Barral. Carnes, açúcar e minério ocupavam os primeiros lugares no ranking de exportações do Brasil para os árabes em 2004 e continuavam no pódio no ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) compilados pela Câmara de Comércio Ãrabe Brasileira.
          Mas as vendas de grãos vêm crescendo. No caso do milho, as exportações brasileiras para os árabes passaram de 100 mil toneladas há dez anos para quatro milhões de toneladas em 2014. O salto foi de quarenta vezes. As vendas de soja saÃram de 245 mil toneladas para 770 mil toneladas no mesmo perÃodo, com crescimento acumulado de 214%. A exportação de milho esteve maior em 2013, nestes dez anos, e as de soja teve o maior volume em 2014 mesmo.
         No caso do milho, houve um grande salto nas vendas brasileiras para o mercado árabe em 2008, 2009 e 2010, logo depois que os Estados Unidos anunciaram o incentivo à produção de etanol a partir da commodity. O número de paÃses árabes compradores do produto brasileiro saiu de dois em 2007 para onze em 2008. No ano passado eram 13 as nações compradores, com Egito e Arábia Saudita respondendo pela metade das importações.
          “O grande produtor mundial de milho é Estados Unidos. Esse incremento se deve à substituição. Os Estados Unidos usaram o milho para fazer etanol, houve quebra de safraâ€, lembra o diretor geral da Câmara Ãrabe, Michel Alaby. Também ocorreu um aumento grande em 2012, ano de forte quebra da safra norte-americana de grãos, e no ano seguinte, em 2013. No ano passado, as exportações recuaram.
O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Cerealpar, Steve Cachia, aponta outros motivos para o maior fornecimento do milho brasileiro aos árabes. “O crescimento foi grande, mostra que a demanda cresceu lá e que o mercado se abriu muito para os brasileirosâ€, diz. Diferente da soja, o beneficiamento do milho para consumo animal não exige uma estrutura industrial, não é tão complexo, segundo ele. Mas Alaby acredita que o milho enviado para o Brasil seja usado, no mundo árabe, principalmente pela indústria de alimentação humana.
E a soja?
       As exportações de soja do Brasil para o mercado árabe também avançaram, mas o volume enviado no ano passado, 770 mil toneladas, é só um quinto do milho embarcado. “Para importar a soja é preciso ter uma indústria esmagadoraâ€, afirma Cachia. Ele acredita que a demanda, no mundo árabe, é maior para produtos derivados da soja como o farelo e o óleo. Algo similar afirma Barral: “Eles compram soja já beneficiada.â€
         De fato, diante do total que o Brasil embarcou em soja para o mundo no ano passado, 46 milhões de toneladas, a quantidade vendida aos árabes foi pequena. “O grande mercado é a Ãsia, as vendas de soja para a Ãsia cresceram quatro vezes de 2001 a 2010 por causa do aumento vertiginoso da demandaâ€, afirma o sócio da Barral M Jorge Consultoria.
         Mas houve um bom avanço nas exportações do grão. E a pesquisadora cientÃfica do Instituto de Economia AgrÃcola (IEA), Marisa Zeferino Barbosa, acredita que esse aumento decorra da demanda agregada. “Em resposta a um crescimento no consumo do grão para a fabricação de rações. Assim, a demanda por soja é relacionada ao aumento do consumo de carnes nos paÃses importadores, posto que o farelo é importante ingrediente na composição da alimentação animal”, diz.
        As compras de soja brasileira, no mundo árabe, eram feitas principalmente por Emirados e Marrocos em 2004. Os dois seguiram na liderança até 2006. O Marrocos se manteve como um grande comprador, entre os árabes, até 2009, mas a Arábia Saudita e o Egito foram os grandes responsáveis pelo aumento das exportações brasileiras nos últimos anos.
Grandes players
         Os especialistas afirmam que o mercado de grãos como soja e milho é dominado por grandes multinacionais. “Não depende de promoção comercial, marca, quem define esse comércio são as grandes tradings. Se por questões de logÃstica, atrasou a produção daqui, manda de outro lugarâ€, afirma Barral. “São grandes players, como no caso do açúcarâ€, diz Alaby.
             Cachia acredita que há potencial para aumentar as exportações de soja e milho do Brasil com a exploração de um nicho de menores volumes, no que a Cerealpar vem trabalhando. São exportações que podem ser feitas, por exemplo, diretamente para pequenas fábricas de rações (milho) em navio que não vá carregado todo com a mesma mercadoria, mas que pode levar para a região desde soja e milho até máquinas. Segundo ele, hoje há logÃstica de comércio exterior para isso.
ANBA – Agência de NotÃcias Brasil – Ãrabe