Civulgação/MEC
                O brasiliense Pedro Nehme, 23, será o segundo brasileiro a ir ao espaço e o primeiro civil do paÃs a viver essa experiência. O estudante de engenharia elétrica da UnB (Universidade de BrasÃlia) fará um voo suborbital a bordo do foguete Lynk Mark 2, no ano que vem.
           A nave espacial é desenvolvida pela XCOR Space Expeditions, empresa norte-americana parceira da KLM, companhia aérea holandesa que em 2013 realizou um concurso para escolher um civil e enviá-lo ao espaço em um voo suborbital a bordo do foguete. Nehme ganhou o concurso, sendo escolhido entre 129 mil candidatos.
           O desafio da KLM era descobrir em que altura um balão de hélio, lançado da Terra, estouraria. “A inscrição era feita por um site e o pessoal do concurso não forneceu nenhuma informação sobre o balão, ou seja, qual a quantidade de gás, ou o peso da caixa com os sensores, etc.â€, explicou o estudante. O balão foi solto no deserto de Nevada (EUA) e estourou em uma altitude próxima ao palpite feito por Pedro Nehme. “Eu fui quem mais se aproximou do ponto em que o balão estourou e ganhei a viagem. Eu realmente não esperava ganhar o concurso. Acredito que o fato de ter trabalhado com isso na Nasa [agência espacial norte-americana] me deu algumas vantagens em relação a outras pessoasâ€, acrescentou.
Pedro trabalhou no Goddard Space Flight Center, um programa da Nasa, em 2012, enquanto estudava na Catholic University of America, em Washington (EUA), após ganhar uma bolsa no programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal. Ele conta que trabalhou em um projeto de balão de alta altitude chamado Bettii (balão experimental com telescópios gêmeos para interferometria infravermelha, em tradução livre). “Esse balão carrega um telescópio a até 40 km de altitude, evitando a parte da atmosfera que acaba absorvendo a porção do infravermelho das luzes que chegam até a Terra. O objetivo principal do projeto é observar e descobrir exoplanetas, em especial planetas que possuem potencial para abrigar vidaâ€, explicou.
O foguete Lynk Mark 2 realizará uma trajetória parabólica e chegará a uma altitude de até 100 quilômetros. O voo terá duração estimada entre 45 e 60 minutos. O veÃculo espacial partirá e pousará em uma pista, como se fosse um avião.
A missão de Nehme no espaço – O jovem conduzirá experimentos selecionados pelo programa de Microgravidade da AEB (Agência Espacial Brasileira). A seleção para escolha de projetos foi aberta no dia 24 de março. O edital é direcionado a projetos de escolas públicas de educação básica em parceria com instituições de ensino superior. As propostas poderão ser enviadas até 27 de abril. Os experimentos que serão levados ao espaço pelo estudante serão divulgados no dia 2 de maio.
Segundo Nehme, essa é a segunda oportunidade que o Programa Microgravidade disponibiliza para a realização de testes em voos espaciais tripulados. “A primeira foi com o astronauta Marcos Pontes. Acredito que essa é uma das raras oportunidades de realizar pesquisas voltadas para fisiologia humana em um voo espacial. Nesse sentido é uma oportunidade muito importante para a medicina aeroespacial no Brasil. Por outro lado, o desenvolvimento do experimento é realizado por uma escola de educação básica, em parceria com uma universidade, o que pode ser muito inspirador para esses jovens continuarem trabalhando no setorâ€, acredita.
Rotina de treinamentos – Ir ao espaço não é uma tarefa das mais fáceis. É preciso muita preparação e horas de voo para enfrentar a missão. Por isso, o estudante está participando de vários treinamentos promovidos pela AEB com o objetivo de deixá-lo pronto para o voo e manejar os experimentos selecionados.
No inÃcio de março, Pedro foi enviado à Filadélfia, nos Estados Unidos, onde realizou treinos na centrÃfuga Phoenix do Nastar Center. Em abril, ele irá à Rússia, onde fará testes em situação de gravidade zero, para simular o ambiente de microgravidade. O jovem também fará testes no centro de medicina aeroespacial da FAB (Força Aérea Brasileira) no Rio de Janeiro, onde passará por simulações de falta de oxigênio, ejeção e desorientação espacial. “Não sei se existe um desafio principal no treinamento. Como tudo é novo, é um desafio para mim. Tenho feito o meu melhor para corresponder e aproveitar os treinamentos da melhor forma possÃvelâ€, afirmou.
Em todas as fases do treinamento, ele será acompanhado por especialistas do SBMA (Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial). “Isso é importante porque não existem muitas pesquisas com pessoas comuns realizando voos espaciais. A pesquisa que irão fazer comigo pode revelar dificuldades relacionadas a pessoas comuns realizando esse tipo de viagem, e que não possuem várias horas de voo em aviação de caçaâ€, explicou.
Projeções futuras – Pedro Nehme se forma este ano no curso de engenharia elétrica da UnB (Universidade de BrasÃlia) e conta que pretende seguir no setor aeroespacial. “Acredito que o Brasil é um paÃs que pode ganhar muito com investimentos nessa área. Ainda falta muito a ser feito, mas vejo isso como um desafio a todos os novos profissionais que estão entrando nessa área agoraâ€, disse. (Fonte: UOL)