Após a Tanzânia confirmar cinco mortes em uma região fronteiriça, centro de prevenção de doenças da África alerta que vírus, um dos mais perigosos do mundo, pode se disseminar para Uganda, Ruanda e Burundi.
Por Deutsche Welle
- Da mesma família do ebola, o vírus é um dos mais perigosos do mundo.
- Taxa de mortalidade dos infectados é de, em média, 50%, mas pode chegar a 88% dependendo da variante do vírus e dos cuidados de saúde prestados ao doente.
- Nesta terça-feira (21), Ministério da Saúde da Tanzânia declarou um surto da doença no noroeste do país. Foram confirmados oito casos da doença, com cinco mortes.
- Vírus causa febre hemorrágica e é transmitido por morcegos a primatas. Entre humanos, contágio ocorre por meio de fluidos corporais ou por superfícies e materiais, como roupas de cama.
Imagem de detalhe do vírus de Marburg — Foto: Arquivo/Dr. Fredrick Murphy/Sylvia Whitfield/CDC
O Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) alertou nesta quarta-feira (22/03) para o risco de que o surto do vírus de Marburg confirmado na Tanzânia se espalhe para Uganda, Ruanda e Burundi.
Da mesma família do ebola, o vírus é um dos mais perigosos do mundo. A taxa de mortalidade dos infectados é de, em média, 50%, mas pode chegar a 88% dependendo da variante do vírus e dos cuidados de saúde prestados ao doente.
Na terça-feira, o Ministério da Saúde da Tanzânia declarou um surto da doença no noroeste do país. Foram confirmados oito casos da doença, com cinco mortes — uma taxa de letalidade de 63%. Entre os mortos está um profissional da saúde.
É a primeira vez que o país tem casos confirmados da doença. Os infectados são das cidades de Bulinda e Butayaibega, ambas localizadas no distrito noroeste de Bukoba, na fronteira com Uganda e perto das fronteiras de Ruanda e Burundi, gerando alerta das autoridades. A elevada mobilidade da população na área representa um risco de propagação transfronteiriça da doença.
“O CDC África continua empenhado em apoiar a Tanzânia e seus vizinhos para deter este surto o mais rapidamente possível. Pedimos às pessoas que continuem compartilhando informações em tempo hábil com as autoridades para permitir uma resposta mais eficaz. Essas doenças infecciosas emergentes e reemergentes são um sinal de que a segurança sanitária do continente precisa ser fortalecida para lidar com as ameaças de doenças”, disse Ahmed Ogwell Ouma, diretor interino do CDC África.
O Ministério da Saúde da Tanzânia informou que já implantou equipes de resposta rápida para apoiar novas investigações. Um total de 161 contatos das pessoas infectadas foram identificados e estão sendo monitorados.
Tumaini Nagu, especialista em medicina do governo da Tanzânia, pediu aos cidadãos que evitem tocar em possíveis pacientes e seus fluidos, bem como que relatem às autoridades sanitárias sobre quaisquer casos suspeitos.
Além da Tanzânia, a Guiné Equatorial também enfrenta um surto do vírus Marburg, com ao menos nove mortes.
O vírus de Marburg
O vírus de Marburg causa febre hemorrágica e é transmitido por morcegos a primatas e seres humanos. Entre humanos, o contágio ocorre por meio de fluidos corporais de pessoas infectadas ou por superfícies e materiais, como roupas de cama.
- Marburg: entenda o que é o vírus primo do ebola e com alta taxa de mortalidade
O vírus leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez, em 1967. Na época, ele causou surtos simultâneos da doença em laboratórios em Marburg, na Alemanha, e em Belgrado, na então Iugoslávia (hoje Sérvia). Sete pessoas morreram expostas ao vírus enquanto realizavam pesquisas com macacos.
Desde então já houve surtos e casos esporádicos em países como Angola, Gana, Guiné-Conacri, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.
Em um surto de 2004 em Angola, 90% das 252 pessoas infectadas morreram. Em 2022, duas mortes pelo vírus de Marburg foram relatadas em Gana.
Até hoje não há vacinas ou medicamentos autorizados para a doença, mas o tratamento de reidratação para aliviar os sintomas pode aumentar as chances de sobrevivência.
Imagem de detalhe do vírus de Marburg — Foto: Arquivo/Dr. Fredrick Murphy/Sylvia Whitfield/CDC